Minha nada mole vida: Como é cobrir as celebridades no camarote VIP do The Town
Pode parecer o trabalho dos sonhos, mas está longe de ter o glamour que a maioria acredita
"Que incrível!", "que chique!" ou "que trabalho divertido!" é o que você mais ouve quando comenta que vai cobrir a área VIP de um evento como o The Town, festival de música que termina neste domingo (10) em São Paulo.
Pode parecer o trabalho dos sonhos, mas está longe do glamour que a maioria das pessoas imagina. Em primeiro lugar, você não é convidado. Não é VIP. De "important person" não tem nada, e está ali para fazer a roda girar, mostrando os famosos que estiveram no maior espaço comercial do evento. Ver os shows? Curtir? Esqueça —mesmo que seu artista favorito esteja no palco.
O objetivo é registrar quem foi, quem chamou a atenção, quem tem alguma coisa interessante a dizer (poucos, na maioria das vezes). Celular com a bateria no talo e mais um power bank são essenciais para dar aquele Google da humildade quando aparecer alguém que você não tem certeza de quem se trata, pesquisar assuntos minimamente relevantes para abordar com o pessoal.
Para quem —assim como nós— não foi convidado, há duas chances de entrar no camarote: uma das 19h às 20h30 e outra das 21h às 22h30, sendo esta última exclusiva para veículos que têm parceria de mídia com o evento (a Folha tem). Antes, é preciso se inscrever em uma lista na sala de imprensa, a partir das 17h. Tem que chegar cedo e botar o nomezinho bonitinho lá.
E o que acontece das 17h às 19h? Você espera. E tenta adiantar um pouco do trabalho, monitorando se tem algum famoso fazendo presença (paga) nos estandes espalhados pelo festival. Eles posam ao lado dos logotipos das empresas, geralmente falam coisas chatíssimas, e não escondem que estão ali numa troca de favores, loucos para se livrar dos jornalistas, esses malas.
Minutos antes de entrar na área VIP, a assessoria vai para a porta da sala de imprensa e chama os nomes da lista, como se fosse uma chamada de classe. Quem passou no primeiro corte (há mais interessados que disponibilidade de vagas) é conduzido pela entrada de serviço.
Antes de entrar, é preciso trocar a credencial por um colete, uma espécie de abadá que deve ser usado por cima da roupa e que te "entrega" imediatamente. E assim vai-se embora qualquer espontaneidade das celebridades, elas sacam na hora que tem um jornalista (esse inconveniente) ali do lado. Outro resultado involuntário do colete é fazer com que metade da festa acredite que você trabalha ali e te peça informações. A ex-BBB Tina Calamba me perguntou se eu sabia onde carregar o celular. Pois é.
Estar lá dentro também não quer dizer que você vai tropeçar em famosos. Quem quer aparecer até circula, dá pinta, mas a maioria prefere ficar abrigada no "Vipão", um camarote dentro do camarote, onde só se entra com uma pulseira diferente e o aval da promoter Carol Sampaio. É tudo muito bem pensado.
Ah, mas pelo menos dá para comer bem, tomar um drinque depois que a missão estiver cumprida? Que nada. No contrato que a imprensa tem que assinar ao pedir credencial, a assessoria do evento manda aquela indireta diretíssima: "É importante relembrar que o catering disponibilizado para a imprensa está localizado na sala de imprensa". Para bom entendedor...
No Rock in Rio, irmão carioca mais famoso do The Town, teve repórter que ousou pegar uma coxinha do bufê. Uma coxinha de galinha. Foi cutucado no ombro por um segurança que o mandou devolver à bandeja.
Comentários
Ver todos os comentários