Entrada dos fundos e receita de pão de queijo: O discreto dia de uma infanta europeia no Brasil

Numa das manhãs mais quentes dos últimos tempos, em meio à onda de calor que assola o Brasil, uma mulher adentra uma quadra esportiva na zona leste de São Paulo pela entrada dos fundos. Trajando um chapéu bege com faixa preta e calça caqui, apenas a presença de quatro seguranças ao redor denuncia que aquela é a herdeira de uma monarquia.

Trata-se de Elena de Bourbon, 59, filha primogênita do rei Juan Carlos 1º da Espanha. Com roupas discretas e nenhuma maquiagem no rosto, a presença dela em nada lembra o alvoroço que costumam causar outros membros da realeza europeia —como o príncipe Harry, para ficar em um nome que, mesmo estando na linhagem real de seu país, tampouco deve chegar ao trono.

A infanta, isto é, filha do rei, mas não herdeira da coroa, entrou discreta e sem grande alarde para participar de um projeto social de futebol apoiado pela Fundación Mapfre, empresa na qual é diretora internacional. O local foi o Centro Social Santa Luzia, em Artur Alvim, em evento realizado nesta quarta-feira (20).

Já esperavam por ela crianças de diferentes faixas etárias, algumas vestindo camisas do Brasil e outras usando fantasias da personagem Emília, do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Foi só quando se sentou na cadeira reservada a ela, no centro de uma mesa ocupada também por Santiago Solari, ex-jogador do clube Real Madrid, que um primeiro sorriso —tímido, daqueles que não mostram os dentes— foi visto. Enquanto a cerimônia não começava, os dois engataram em um bate-papo amistoso. Ele falava e ela concordava com a cabeça.

Antes que alguém resolvesse se engraçar, a organização deu logo o alerta: Elena não gosta de fotos perto demais e não falaria com a imprensa. Até mesmo os fotógrafos tinham distância demarcada e só podiam se posicionar até o meio da quadra para as imagens, isso com a infanta estando em uma das pontas do local.

Enquanto as crianças dançavam animadamente ao som da música-tema do programa de TV estrelado pela turma criada por Monteiro Lobato ou do funk "Flow", de MC Guimê, ela esboçou uma leve expressão de divertimento, mas sem sair do figurino.

Posicionados na borda do campo, os seguranças cederam à tranquilidade do evento e, em determinado momento, se sentaram. Mas sem baixar a guarda. Um deles deu detalhes de como funciona o esquema de segurança, com a inspeção começando dois dias antes.

"Nós viemos para cá na segunda-feira (18) para avaliar como é a região, observar o local e buscar possíveis rotas de fuga", conta Lucas Nascimento, 35, segurança da fundação. Ele conta que a escolha para a entrada de Elena na escola foi pelo estacionamento na parte de trás porque é mais fechado e menos visível.

"Quem dirigiu o carro em que ela estava foi um policial e o veículo é assim, com película preta para os vidros. Eu e o outro segurança viemos em outro carro, atrás, para blindar o dela. Nunca aconteceu nada, mas temos que estar preparados para mitigar alguma coisa."

Na hora da pausa para o café, a mesa era farta e cheia de opções: pão francês, pão de forma, frios, requeijão, suco de melancia e laranja, brigadeiro e, claro, café com leite e pão de queijo. Mas a infanta optou pelas frutas, e ainda assim foi bem seletiva —comeu apenas um ou outro pedaço.

O F5 apurou que, em outro evento nesta semana, ela não quis provar nem um amendoim doce para não engordar. Porém, teve uma iguaria brasileira que a deixou curiosa. Apesar de não ter provado durante o evento, ela pediu a receita de pão de queijo para levar à Espanha.

Será que ela encontra polvilho doce e queijo minas meia cura por lá?