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Celebridades
Descrição de chapéu The New York Times

Astro do New Kids On The Block volta ao entretenimento reformando casas

Jonathan Knight comanda Farmhouse Fixer no canal HGTV, nos EUA

Jonathan Knight Instagram/jonathanrknight

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Steven Kurutz
Massachusetts
The New York Times

Quando tinha 22 anos e ganhava muito dinheiro como integrante da banda New Kids on the Block, Jonathan Knight, 52, adquiriu uma casa em estilo georgiano construída por volta de 1900, na North Shore do estado de Massachusetts, com telhado vermelho, janelas em estilo palladiano, balcões e uma área de 1.100 metros quadrados.

Isso aconteceu em 1990, pouco mais de dois anos depois que o New Kids on the Block lançou seus segundo disco de estúdio, “Hangin’ Tough”, que chegou ao topo das paradas, resultou em diversos singles de muito sucesso e terminou por vender mais de 14 milhões de cópias em todo o planeta.

De repente, os cinco integrantes da banda –Jonathan, seu irmão mais novo Jordan Knight, Joey McIntyre, Donnie Wahlberg e Danny Wood– avançaram de moleques mal arrumados de Boston para titulares das fantasias de adolescentes suburbanas em todo o planeta.

Knight convidou sua grande família a sair da cidade e morar com ele em sua casa nova. “E aí saímos em turnê e minha mãe, irmão e irmãs tiveram que comprar as coisas”, disse Knight, em referência à mobília. O gosto da mãe dele favorecia cortinas rendadas, sofás floridos, tapetes estampados –coisas apropriadas para uma casa de família, mas não para um jovem astro pop.

“Quando voltei para casa, perguntei o que tinha acontecido”, disse Knight. “Hoje, pensando naquela época, vejo como fui trouxa ao comprar uma casa daquelas com a idade que eu tinha. Era ridículo. Um desperdício de dinheiro. Fui estúpido. O melhor dia para mim foi aquele em que vendi a casa”.

Knight está de volta ao mundo do entretenimento, desta vez com um programa sobre reforma de casas no ar nos Estados Unidos no canal HGTV, Farmhouse Fixer, e de certa forma está revivendo a vida que tinha aos 22 anos. De algumas maneiras, sua vida atual é mais humilde. De outras, é mais ampla. Porque agora, em lugar de empilhar a família inteira em uma casa, cada pessoa tem seu retiro rural de quatro hectares no paraíso que ele criou perto da casa original.

Há jardins, um pasto murado para cavalos, estábulos antigos, muros de pedra recobertos de flores e diversas casas históricas, todas propriedade de Knight. Sua mãe, Marlene, vive em uma casa de 1890, bem na entrada da propriedade.

O sobrinho dele ocupa uma casa em estilo italiano do outro lado. Knight e seu companheiro, Harley Rodriguez, estão construindo uma casa nova em estilo colonial em uma colina gentil no centro da propriedade, e vivem temporariamente em uma casa de fazenda de cerca de 1760, com um exterior de madeira pintada de branco, um laguinho para seus seis patos e um pequeno celeiro para seus três bodes.

O casal comprou a casa quando ela foi colocada à venda no ano passado, e vendeu a casa de cerca de 1800 em que vivia na cidade de Ipswich, ao lado, depois de apenas um ano lá. “Minha sensação foi a de que tinha que comprar esta casa, simplesmente tinha”, disse Knight, estendido em um sofá na sala de estar de teto alto da casa, certa manhã recente.

“Não queria que alguém se mudasse para a casa do outro lado da rua. E isso só faz aumentar a sensação de que vivemos em um condomínio familiar”. Além disso, a casa tem 260 anos de idade e, como descobriram os espectadores de Farmhouse Fixer, Knight é apaixonado por casas históricas.

Ele foi criado em uma casa vitoriana em Dorchester, um bairro de Boston, adquirida por seus pais hippies por cerca de US$ 25 mil (R$ 129 mil), na década de 1970. Ele se refere a ela afetuosamente como “grande, velha, fria, aberta ao vento, repleta de buracos nas paredes”.

Para ele, reformar casas que tiveram um passado melhor não é um passatempo de astro pop. Foi assim que ele ganhou a vida, especialmente nos anos duros depois que o New Kids on the Block caiu do firmamento pop, com a ascensão do grunge na década de 1990.

Na série de seis episódios, que estreou em março e teve seu contrato renovado para mais uma temporada, Knight e Kristina Crestin, sua sócia e decoradora de interiores, circulam pela Nova Inglaterra, a terra das velhas casas de fazenda em lento declínio.

Eles acrescentam cozinhas de plano aberto e sistemas de aquecimento central às velhas construções, mas mantêm o charme antiquado das casas, para evitar que os proprietários escolham demoli-las. Quando chegam ao equilíbrio perfeito entre conforto moderno e preservação história, disse Crestin, Knight às vezes chora diante das câmeras.

“Quando ele entra, eu peço calma, porque quero vê-lo perder o controle de tanta felicidade”, disse Crestin. “Para mim, aquela é uma reação a algo que foi bem feito. Ele vê as pedras originais, e parece estar refletindo sobre as pessoas que construíram a casa, e o orgulho que tinham de seu trabalho”.

DE SUCESSO A IMÓVEIS

Vestindo camisas de flanela e jeans e dirigindo uma picape, no programa, Knight, que ainda parece jovem e bonito, tem um jeito de Chip Gaines ianque –e não é uma imagem criada para a televisão. Ele realmente volta para casa de uma turnê ou de uma gravação e sobe no trator.

É o tipo de cara que para a fim de admirar uma estaca de madeira torneada, ou o trabalho que um carpinteiro fez 200 anos atrás. Seu coração dói um pouco quando ele se depara com revestimentos de vinil e pisos plásticos. Knight suspira pensando sobre esses horrores modernos, e outros.

“Odeio quando pessoas colocam coisas da moda em uma casa, e as coisas saem de moda muito rápido”, ele disso. “Por exemplo, todo mundo usa um determinado padrão de azulejo, agora. E um dia vão olhar e pensar: ‘Que coisa mais 2020’”.

Saindo do celeiro da propriedade, construído de madeira no século 18, Knight explicou ter contratado uma empresa para desmontá-lo, restaurar as vigas de madeira uma a uma e reconstruí-lo com um novo telhado e revestimento, em local diferente, tudo isso a custo talvez 10 vezes maior que o de construir um novo celeiro.

“Todo mundo queria saber o motivo”, disse Knight, contemplando as velhas vigas que sustentam o teto. “Existe um significado. É meu amor pelas coisas antigas. Isso existe desde os anos 1700. Não posso demolir. Agora vai durar mais 200 ou 300 anos”.

Knight tinha 16 anos quando começou no New Kids on the Block, e 26 quando o tipo de música pop doce que a banda fazia saiu de moda; eles deixaram de lotar shows, e o carrossel parou. O resto de sua vida estava diante dele, e Knight não tinha ideia do que fazer.

Outros jovens adultos estavam na universidade, ou conseguindo seus primeiros empregos e aprendendo a viver por conta própria, mas durante todo aquele tempo ele havia vivido dentro da bolha do estrelato pop. Knight não sabia nem como pedir comida no restaurante por conta própria.

“Deve ter sido o momento mais assustador de minha vida”, ele disse. “Lembro-me de passar dias em casa, e de abrir a porta de meu quarto de manhã e não ver pessoa alguma por lá. Os caras da banda não estavam lá; Não havia ônibus de turnê. Tudo tinha acabado”.

Knight passou um ano enfrentando dificuldades para dormir à noite, e depois dormindo até as 16h no dia seguinte. Até que um dia um policial de Boston que tinha trabalhado como segurança da banda telefonou. Ele estava reformando casas para vender, e convidou Knight para trabalhar com ele.

“Quando ele falou de virar [flip] casas, eu fiquei pensando se aquilo era coisa da máfia. Se íamos roubar os moradores das casas. Eu nunca tinha ouvido o termo para descrever reformar uma casa e vendê-la”. O pai de Knight era marceneiro, e ele cresceu em canteiros de obras, trabalhando com o pai em finais de semana.

“E minha mãe adora casas velhas”, ele disse. “Eu e ela dirigíamos pelos bairros vendo as casas velhas. Até hoje gosto de dirigir devagar por uma estrada e ver as casas”. Não demorou para que Knight se visse recolhendo restos de reforma em um quintal de West Roxbury, ou pintando um corrimão às três da manhã porque a casa seria mostrada no dia seguinte.

Na década de 1990 e começo da década de 2000, ele calcula que tenha reformado e vendido mais de 100 casas, primeiro trabalhando na reforma com seu sócio policial e mais tarde, quando o negócio cresceu, contratando empreiteiros.

Quando os dois começaram a construir casas novas –“caixas sempre do mesmo modelo”, Knight as descreve—, o negócio se tornou menos interessante para ele. E aí veio o crash do mercado da habitação em 2008. “Nós tínhamos acabado de construir um condomínio de nove unidades em Boston”, recordou Knight. “Muito dinheiro perdido em 2008. Foi quando o New Kids recomeçou. O momento não poderia ter sido mais adequado”.

"UMA VIDA SEM ESTRESSE"

A banda se reuniu em 2008 para a turnê “Today”, lançou um novo disco e fez uma excursão internacional com 150 shows. No estilo das boy bands, Knight era o “menino tímido” do grupo, e sua vida pessoal sempre foi um mistério para os fãs. Ele não vivia no armário, mas tampouco tinha declarado ser gay na capa da revista People.

Knight terminou sendo exposto inadvertidamente por Tiffany, outra estrela pop da década de 1980, que em sua participação em um episódio de “Watch What Happens Live With Andy Cohen”, em 2011, disse ao anfitrião que tinha namorado com Knight e que “ele se tornou gay depois. Não foi culpa minha! Mas ele é fabuloso”. Ela pediu desculpas publicamente ao amigo. Ele achou o caso todo muito engraçado.

Até a série da HGTV, pouca gente sabia de seu retrospecto com o martelo, também. “Eu fazia turnês com o New Kids e voltava para casa e trabalhava reformando casas”, ele contou. “Nas turnês, os fãs perguntavam o que eu fazia. Mas nem os caras da banda sabiam o que eu fazia”.

Nos últimos anos, a vida de Knight encontrou um ritmo feliz, com três meses de turnê a cada dois anos, com o New Kids on the Block reformado, três ou quatro projetos de reforma por ano para clientes, e o resto do tempo como guardião de sua propriedade.

Knight está sempre iniciando projetos de reforma que requerem sua atenção dispersa (“nunca foi diagnosticado como portador de deficiência de atenção”, ele disse, “mas todo mundo diz que sofro disso”), e que estão sempre incompletos.

No momento, ele está reformando um celeiro como estábulo para os três cavalos da mãe. Está aprendendo a cuidar dos bodes que ganhou de uma empresa que aluga bodes, e que ele mostrou em seu programa. E cuida de pomares e hortas.

E há a casa de 1760 em que ele vive, reformada pelos proprietários anteriores em 2004 “e que já parece datada”, ele disse, com um suspiro, acrescentando que “precisa de pintura, móveis, uma nova cozinha e novos banheiros. Muita coisa”. Ele e Rodriguez se mudarão para o outro lado da rua tão logo sua nova casa velha esteja pronta.

Contemplando suas terras e fumando um cigarro, sob o sol quente, Knight disse, em tom muito sério: “A vida no campo é tão boa, tão livre de estresse”.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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