Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Celebridades
Descrição de chapéu The New York Times

Michelle Pfeiffer diz que envelhecer foi 'incrivelmente libertador'

Atriz diz que hoje não se preocupar tanto com o que os outros pensam

Michelle Pfeiffer Olivia Malone/The New York Times

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

RUTH LA FERLA
The New York Times

Michelle Pfeiffer tem um lado irrequieto. Isso fica perceptível em sua escolha muito variada de papéis a interpretar. Ela enfatizou o lado sensual como Mulher-Gato, se mostrou dolorosamente vulnerável em “Ligações Perigosas”, e glamorosamente devassa em “Scarface”. Interpretou por duas vezes mulheres em exílio, uma como a pária social Ruth Madoff em “O Mago das Mentiras” e agora como uma ricaça que perde tudo em “French Exit”, que estreou no cinema este mês.

Aos 62 anos, Pfeiffer também conseguiu preservar a tranquilidade por tempo suficiente para criar dois filhos com o marido, o roteirista e produtor David Kelley, e para embarcar em novos projetos: ela interpreta Betty Ford em “The First Lady”, uma série que estreará em breve pelo canal Showtime, e assumiu um novo e improvável papel como empresária no ramo de produtos de beleza.

Dois anos atrás, ela criou a linha Henry Rose de perfumes, fragrâncias para a casa e loções unissex, que trazem nomes evocativos e até sinistros como Fog (névoa), Last Light (última luz) e Queens and Monsters (rainhas e monstros).

A mais nova fragrância, Windows Down [janelas fechadas], que combina bergamota e outros aromas cítricos, aponta para os aspectos mais divertidos e livres da personalidade de Pfeiffer.

Ela deixou sua reserva de lado por alguns minutos para conversar sobre os desafios de interpretar uma rainha das colunas sociais que termina empobrecendo, e sobre encontrar a liberdade para enfim ser quem é.

Ouvi dizer que você às vezes usa um perfume para ajudá-la se adaptar a um personagem. Isso aconteceu em “French Exit”?
Durante as filmagens, estávamos desenvolvendo uma fragrância floral. Eu a usei. Imaginei que Frances, minha personagem, era o tipo de pessoa floral.

Mas seu personagem não é uma viúva doce.
Como gostamos de dizer, nossos florais não são como os da vovó.

Que parte de você se identificou com Frances?
Nem sempre sei por que me interesso por uma personagem. Mas para mim, ela pareceu extremamente comovente. Sua tragédia é a de ser alguém isolado pela riqueza e que jamais aprendeu a lidar com a realidade. Quando ela deixa de ter dinheiro, não sabe bem quem é.

Ela se comporta como uma mulher com nada a perder. Você se interessou por esse aspecto da personagem?
Frances sempre se comportou dessa maneira. Na situação em que está, ela vive um pouco iludida. Mas a coisa que mais me empolgou é que passamos boa parte de nosso tempo –ou pelo menos eu o faço – tentando ser polidos. É uma tarefa completamente exaustiva. Frances nem tenta.

Houve um momento em que você deixou de se preocupar tanto com o que outras pessoas pensam?
Vem com a idade. Quanto mais velha eu ficava, mais eu abandonava essas preocupações. É incrivelmente libertador.

Como o conceito de sua mais recente fragrância lhe ocorreu?
Eu estava dirigindo, e abri os vidros do carro e senti o ar quente do verão. Senti que estava solta. A sensação que me veio à mente foi a de quando tirei minha carteira de habilitação, aos 16 anos, aquela sensação de simplesmente largar as rédeas e deixar que a vida me leve. É algo que deixamos de fazer quando envelhecemos.

A fragrância foi concebida como resposta a um ano opressivo?
Não, mas ela é otimista. O lançamento por acaso coincidiu com nós todos sairmos lentamente do isolamento, e com aquela sensação de recomeço.

As fragrâncias de sua linha variam muito em termos de caráter. De quais delas você mais gosta?
Tendo a preferir as mais escuras e mais fortes, com um tom de madeira e baunilha. Minhas favoritas são as mais complexas.

Dizem que é difícil conseguir vender fragrâncias de celebridades. Mas você lançou sua linha sem nem colocar seu nome no rótulo.
Fui avisada logo no começo de que as fragrâncias de celebridades não iam muito bem, que as pessoas não confiavam nelas. Era importante para mim, porque não estou falando de um acordo de licenciamento, que a marca funcionasse por si, que todos os ingredientes fossem identificados no rótulo. Não quis desenvolver alguma coisa que dependesse do meu rosto ou da minha celebridade.

Você é conhecida por ser reservada. Sentiu-se pressionada a ter uma presença no Instagram?
Não sei se eu teria começado no Instagram se não tivesse lançado essa marca. Tendo a ser cautelosa demais em entrevistas. Odeio posar para fotos.

Mas sua conta é bem brincalhona. Em uma publicação você aparece brincando com um chicote.
Estava com uma amiga no escritório, e não sabíamos para onde a conversa iria. Ela mencionou o chicote da Mulher-Gato. Eu respondi que achava que o tinha guardado lá mesmo. Abri o armário, e lá estava ele, pendurado da porta. O momento pareceu ridiculamente forçado, mas não foi. Na mídia social, você realmente controla sua narrativa. E isso permite que brinque o quanto quiser.

Tradução de Paulo Migliacci

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem