Paris Hilton lança podcast e diz que finalmente pode desfrutar do império que criou
'This is Paris' estreia dia 22 com conteúdo pessoal e conversações
'This is Paris' estreia dia 22 com conteúdo pessoal e conversações
Podcasts têm fortes atrativos para aqueles que gostariam de desordenar o mundo da mídia, e para os visionários. Trata-se de uma mídia ainda em desenvolvimento, que essas pessoas se acreditam capazes de moldar a fim de criar o veículo ideal para jornalismo, ficção, game shows, musicais ou memórias.
Agora, podemos acrescentar o nome de Paris Hilton às fileiras dos podcasters. Hilton, que dominou uma era anterior da comunicação em massa no começo da década de 2000, um período dominado por jornais sensacionalistas, está entrando no ramo de podcasters com uma nova empresa, um programa pessoal, e uma variação inesperada de formato que busca criar um equivalente da mídia social no segmento de áudio.
“This is Paris” estreará em 22 de fevereiro, em parceria com a iHeartMedia, gigante do rádio que se tornou uma das maiores distribuidoras de podcasts, veiculando mais de 750 programas que registram mais de 250 milhões de downloads por mês. Dirigido aos 40 milhões de seguidores de Hilton nas diferentes plataformas de mídia social, o novo podcast oferecerá uma combinação de conteúdo pessoal e conversações de Hilton com sua família, amigos e outras celebridades.
O programa será o carro chefe de um total planejado de sete podcasts criados para a parceria entre a London Audio, a produtora de Hilton, e a iHeart Podcast Network. Os demais programas, com outros apresentadores, serão lançados ao longo dos próximos três anos. “Sempre fui inovadora e pioneira, nos reality shows, mídia social, e como DJ, e agora acredito que o áudio e a voz são a nova fronteira”, ela disse em entrevista.
Um recurso essencial de seu podcast será o uso de um formato que Hilton define como “podposts”: pequenos comentários (de entre um e três minutos) que pretendem reproduzir a cadência e o tom de postagens em mídia social. O podcast “This Is Paris” terá programas mais longos (duração de cerca de 45 minutos), com produção mais tradicional e atualização semanal, e será acompanhado por “podposts” intermitentes para ocupar o calendário durante a semana.
“Realmente acredito que o podcast pode ser uma forma diferente de mídia social”, explicou Hilton. “Faço tantas coisas –como DJ, empresária, designer e escritora–, e por isso terei muito sobre o que falar”.
As categorias pré-planejadas de “podposts” serão inspiradas por famosos chavões de Hilton, entre os quais “that’s hot”, para recomendação de produtos; “loves it”, para recomendações culturais; e “this is my hotline”, em que Hilton responderá a mensagens de voz de ouvintes.
Conal Byrne, presidente da iHeart Podcast Network, disse que a companhia está em busca de parcerias com marcas, para patrocínios em diferentes níveis. “O poder dela para recomendar produtos em que acredita aos seus fãs praticamente não tem rival”, disse Byrne.
Desde o encerramento de “The Simple Life”, o reality show que ela apresentava com Nicole Richie, em 2007, Hilton, que faz 40 anos este mês, expandiu suas atividades a diversos setores, por meio de sua companhia, a Paris Hilton Entertainment. Os ativos dela incluem 45 lojas de varejo e 19 linhas de produtos em categorias como fragrâncias, moda e acessórios. Antes da pandemia do coronavírus, Hilton era uma DJ cujos serviços estavam em demanda em todo o mundo, e seu cachê era supostamente de US$ 1 milhão (R$ 5,3 mi) por show.
Sob esse novo acordo, a iHeartMedia vai bancar integralmente todos os programas produzidos em parceria com a London Audio, com um orçamento da ordem de alguns milhões de dólares. As duas companhias serão parceiras em cada programa e dividirão todas as receitas. Depois de “This Is Paris”, os demais programas devem ser direcionados a temas como beleza, bem-estar, namoro, filantropia e tecnologia, com Hilton e Bruce Gersh, presidente da London Audio, servindo como produtores executivos.
“Essa é uma mídia com tantas dimensões e que realmente permite que o apresentador se conecte com uma audiência de maneira única”, disse Gersh. “Paris queria mergulhar com tudo nesse meio”.
Hilton, que mencionou “Bill Gates and Rashida Jones Ask Big Questions” e “Sibling Revelry”, de Kate e Oliver Hudson, como dois de seus podcasts favoritos, se aprofundou no estudo de podcasts durante o confinamento causado pela pandemia, que ela passou em sua casa em Los Angeles.
“Eu usualmente viajo 250 dias por ano, e trabalho sem parar”, disse Hilton. “Durante todo esse ano de quarentena, tive mais tempo livre do que em qualquer momento de minha carreira. Por isso, ouvi muitos podcasts e me interessei de verdade. Quando estou cozinhando, trabalhando ou criando arte, sempre ouço podcasts”.
Os podcasts se tornaram um dos veículos favoritos de celebridades que querem engajamento com os fãs de modo mais profundo do que uma postagem típica do Instagram e do Twitter, e ao mesmo tempo preferem evitar o escrutínio e a vulnerabilidade que surge quando falam com a imprensa. Ter um nome conhecido é uma grande vantagem na plataforma --programas de celebridades como Dax Shepard, Jason Bateman, Anna Faris e Bill Burr estão frequentemente entre os 50 mais ouvidos no ranking da Apple Podcasts --além do contrato com Hilton, a iHeartMedia formou parcerias com Will Ferrell e Shonda Rhimes para diversos programas.
E as audiências de podcasts tendem a ser amistosas. Não há seção de comentários para dar destaque a comportamento desagradável, e os podcasts por natureza requerem um nível de engajamento que desencoraja as pessoas que gostam de criticar sem nem ouvir.
“Acho que quando as pessoas compreendem que essa é uma plataforma na qual podem interagir diretamente com os fãs, sem intermediários, ela se torna uma proposição muito atraente”, disse Tom Webster, vice-presidente sênior da Edison Research, uma empresa de pesquisa de mídia.
Webster acrescentou que o conceito dos “podposts” de Hilton o fazia lembrar dos blogs de áudio, nos quais redatores de sites como The Quiet American e The Greasy Skillet postavam entradas de diário em áudio. “Permite que as pessoas ampliem seu campo de interesse de uma forma que não é possível em seu trabalho normal”, ele afirmou.
“This Is Paris” leva o nome do documentário veiculado no YouTube sobre Hilton, no final do ano passado. No filme, assistido quase 20 milhões de vezes, ela se distancia da persona leviana e sonsa com a qual era identificada desde que surgiu sob os flashes dos paparazzi, duas décadas atrás. Hilton declara no filme ter sofrido abusos dos administradores de uma escola particular em que estudou na adolescência, uma experiência que a traumatizou.
A intenção do podcast é seguir nessa mesma veia franca. Hilton está gravando os programas em um estúdio caseiro (construído para seus projetos musicais), e usa sua voz natural, muito debatida. (Para mim, ela é mais grave do que a voz juvenil que ela costumava ostentar, mas nem tão diferente.)
“Ela fala de modo bem relaxado e acessível, e não parece alguém que está se exibindo”, disse Byrne. “Paris não demorou a criar a sensação de que o podcast era como uma conversa telefônica entre dois amigos, e não uma palestra”.
Hilton se sentiu desconfortável ao gravar o piloto do podcast –ao contrário da mídia social, não há fotos ou vídeos glamorosos atrás dos quais se esconder. “O que você tem é só o conhecimento que traz com você, e aquilo que diz com sua voz”, ela disse.
Mas logo encontrou seu ritmo. Depois de uma vida toda como entrevistada, ela curte a oportunidade de “virar a mesa” e fazer as perguntas. E, em comparação com seus antigos trabalhos, a viagem de casa para o escritório também deixou de ser problema.
“Adoro ficar em casa”, ela disse, refletindo sobre seu novo capítulo. “Trabalhei muito para construir meu império –agora posso enfim desfrutar dele”.
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