Paulo Betti vai recorrer após Milton Gonçalves vencer eleição de sindicato ao impugnar urna
Disputa entre os atores chegou a Justiça após acusação de racismo
Em meio a uma denúncia de racismo na Justiça, o ator Milton Gonçalves venceu o colega Paulo Betti por 308 a 162 votos na disputa pelo comando do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro. No entanto, a apuração, que terminou na madrugada desta quarta (3), ajudou a cavar mais uma trincheira na briga: a chapa 1, de Milton, impugnou os votos da urna que estava no teatro Sérgio Porto, na zona sul do Rio, sob a alegação de que houve boca de urna.
Agora, a chapa 2, que além de Betti tem nomes como Zezé Polessa, Tonico Pereira e Júlia Lemmertz, vai recorrer porque não acredita que a concorrência se apoiou em fundamentações jurídicas para não contabilizar os votos da urna do teatro Sérgio Porto. À Folha, Paulo Betti disse que não sabe precisar quantos votos ali estavam —isto é, se seriam capazes de reverter o jogo das eleições—, mas que “foi um ponto expressivo” a seu favor.
A confusão no processo eleitoral começou antes, logo após o fechamento das urnas após três dias de votação: a contagem dos votos era para ter acontecido na segunda-feira (1º), às 22h, mas, segundo Betti, dois membros a comissão eleitoral não compareceram. Com isso, a contagem passou para às 17h30 desta terça-feira (2). Procurado, Milton Gonçalves não comentou a situação até a publicação deste texto.
Como a Folha revelou, Milton Gonçalves e Jorge Coutinho estão processando Paulo Betti por racismo. A ação está na 33ª Vara Criminal do Rio.
Os três atores estão no grupo de WhatsApp “Profissão Artistas”, onde Betti publicou em 16 de abril que “a atual diretoria do sindicato está lá há muito tempo e tem uma forte representação negra com Jorge Coutinho e o grande Milton Gonçalves, além do querido Cosme, isso complica bastante a luta, pois pode confundir as coisas”.
Para a defesa de Milton e Jorge, as falas de Betti possuem “ambiguidade e dubiedade”, denotam interpretação imprópria e infeliz, fazendo distinção entre negros e brancos, e são “insinuações evidentemente maledicentes.” Milton e Jorge querem que Betti esclareça em juízo o que quis dizer com suas declarações e responda a, pelo menos, três perguntas: “Que complicador seria o levantado por Betti diante o fato de Milton e Jorge terem forte representação negra? O que poderia “confundir as coisas”? Que coisas seriam essas? Que luta seria essa?”.
“Embora não reste dúvidas quanto à hostilidade das palavras prolatadas por Betti, há real possibilidade de se aferir a prática de crime de injúria preconceituosa, dependendo do que declarar o interpelado”, diz a petição inicial. A defesa de Milton e Jorge disse que a intimação contra Betti foi expedida em 26 de junho e ele tem 15 dias úteis a partir dessa data para se explicar à justiça.
Paulo Betti afirmou à Folha que a mensagem é fruto de um vazamento e está fora do contexto. “Interpelação é uma coisa muito vaga, mas que tem uma gravidade para mim, e vou responder judicialmente. A mensagem está dentro do contexto da disputa sindical e foi enviada há quatro meses.”
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