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Celebridades

Taís Araújo desiste de viver cientista no cinema após polêmica sobre sua pele: 'Cobertos de razão'

Atriz, porém, poderá ser vista vivendo outro personagem

A atriz Taís Araújo, durante o PopStar, da Globo
A atriz Taís Araújo, durante o PopStar, da Globo - Isabella Pinheiro/Gshow
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São Paulo

A atriz Taís Araújo, 40, desistiu de interpretar nos cinemas a renomada cientista paulista Joana D'Arc Félix de Souza. A cinebiografia da filha de empregada doméstica que chegou ao pós-doutorado em química na Universidade Harvard teve de ser abortada com Taís no papel principal após reclamações nas redes sociais de que o tom de pele da atriz era mais claro do que o da cientista, o que a inviabilizaria para o trabalho.

“Quando eu li [as queixas], só falei que eles estavam cobertos de razão. Quando me dei conta do que acontecia eu nem desconfiei, eles estavam certos. Eu não seria a melhor pessoa", afirma Taís.

Entrevista com a professora e pesquisadora na área química Joana D'Arc Félix de Sousa
Entrevista com a professora e pesquisadora na área química Joana D'Arc Félix de Sousa - Reprodução/Senai

A atriz também cita que mulheres de tom de pele mais escuro sofrem ainda mais preconceito. "Na real, quero que as pessoas conheçam a história da Joana, uma mulher que nos inspira. Imagine a quantidade de Joanas que perdemos ao longo do percurso por falta de estudo, de oportunidades. É a história de como uma educadora transformou a vida de pessoas. Quem vai contar é o de menos." 

Filha de mãe empregada doméstica e pai curtumeiro, Joana percorreu um longo caminho de Franca, no interior paulista, até Harvard, onde deu início a um pós-doutorado nos anos 1990. Antes de chegar lá, sofreu discriminação social (as salas no ensino médio eram divididas por renda; na A, ficavam os mais ricos --ela ficou na F), racial (era chamada de "a negrinha do curtume") e passou fome para conseguir se formar em química na Unicamp. De volta à Franca, transformou a Etec Professor Carmelino Corrêa Jr. em centro de inovação.

Taís diz que seguirá envolvida no projeto da cinebiografia de Joana, como produtora associada e eventualmente no papel de uma irmã da cientista, por exemplo. "Tenho muito desejo de mostrar esse enredo, mas em outro papel. A gente ainda está desenvolvendo, quem sabe como irmã de Joana ou algo assim", adianta.

De acordo com o diretor, Alê Braga, o longa sobre Joana D'Arc ainda não tem previsão de estreia. Ele afirma que ainda estão em fase de roteiro e que precisa de investimento para seguir adiante. Por conta disso, ele revela que ainda não há uma atriz escalada para viver o papel principal.

"O lado bom disso tudo é que houve comentários positivos sobre o filme. Não era para ter sido divulgado ainda toda essa questão, acabou vazando. Também fui questionado, enquanto homem e branco, sobre o que eu estava fazendo à frente desse projeto. Mas digo que eu tive a ideia, sou cineasta e tenho experiência em filmes em que trato a diversidade com respeito e de forma correta."

De toda forma, as críticas, segundo o próprio diretor, serviram para causar uma reflexão. Ele pondera que desde o início não houve susto com a desistência de Taís, que havia entendido perfeitamente o motivo e concordado. "O projeto está no berço ainda e está oficialmente parado. O único papel que havia escolhido era o de Taís. Existem mais duas possibilidades para ela e está tudo bem tranquilo", afirma Alê Braga.

A atriz também voltará a fazer Elza Soares em um longa centrado na cantora –projeto também não tem previsão de estreia. "Já a interpretei no filme 'Garrincha - Estrela Solitária', de 2003. A história dela tem de ser celebrada."

Em junho do ano passado, a cantora Fabiana Cozza, 43, passou por uma situação semelhante à de Taís. Cozza desistiu de interpretar a sambista Dona Ivone Lara (1922-2018) em um musical. "Renuncio por ter dormido negra numa terça-feira e, numa quarta, após o anúncio do meu nome como protagonista do musical, acordar 'branca' aos olhos de tantos irmãos", escreveu a cantora à época.

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