Repórter gato da Globo, Ben-Hur afirma que assédio cresceu e faz mistério sobre amores
Ficou conhecido após ser beijado por mulher em transmissão ao vivo
Repórter de esportes da Globo e da SporTV, Ben-Hur Correia, 32, está em uma transmissão ao vivo, direto de Las Vegas (EUA), para o programa “Madruga SporTV”, quando é interrompido por um grupo de americanas que comemoram uma despedida de solteira. O jornalista recebe beijos e carinhos e, um pouco constrangido, tenta explicar que está trabalhando.
O episódio aconteceu em agosto de 2016 e as imagens rodaram todo o Brasil. Desde então, Ben-Hur se tornou conhecido do público: especialmente do feminino. “Antes, ninguém dava bola para mim, eu era qualquer um. Depois do vídeo, o assédio feminino aumentou de forma gigante”, revela o repórter. Mas ele vê a investida das mulheres como algo divertido. “Não é nada agressivo", afirma.
Não diz, contudo, se está namorando, quando questionado sobre o assunto. "Posso não te responder isso?"
Em junho deste ano, quando muitas pessoas começaram a comparar a situação que ele viveu em Las Vegas à de uma russa que foi insultada por um grupo de brasileiros durante a Copa da Rússia, Ben-Hur fez questão de dizer que os dois acontecimentos eram completamente diferentes. O repórter até divulgou um vídeo em suas redes sociais para manifestar a sua opinião.
“Quem faz esse tipo de comparação entre as duas situações está tentando defender um argumento machista. A mulher na Rússia não sabia o que estava dizendo. Ela foi induzida a fazer, e eles [os homens] fizeram com o intuito de gravar e expor o que ela dizia, o que não aconteceu no meu caso”, argumenta.
Para Ben-Hur, o incidente revela o comportamento machista que ainda persiste não só no Brasil, como no mundo todo. “Aos poucos, acho que a gente vem entendendo e percebendo que é preciso mudar muitas coisas”, avalia.
SAGA DE BEN-HUR
Ben-Hur começou a trabalhar na TV em 2010, depois de ser um dos 11 selecionados entre mais de 11.000 inscritos para participar da primeira edição do "Passaporte SporTV", projeto do canal a cabo que recruta novos talentos do jornalismo.
O repórter virou, então, correspondente na França, onde acompanhou a preparação da seleção francesa para a Copa do Mundo da África do Sul. “Acompanhei outros torneios também, como Roland Garros [de tênis], e fiz reportagens na Suíça e na Inglaterra”, diz.
Desde então, ele não saiu mais da cobertura esportiva. Entre 2016 até o início de 2018, virou correspondente da emissora em Las Vegas. Ali, acompanhou o crescimento do MMA. Também fez uma das coberturas mais marcantes da sua carreira: o ataque de um atirador que deixou 59 mortos e 527 feridos em festival realizado na cidade. “Fui a primeira pessoa da Globo a chegar no local e passei quase 24 horas trabalhando direto, com várias entradas ao vivo durante a programação. Foi um dia bem tenso e como eu estava morando na cidade, foi bem tocante para mim”, relembra.
Surfista nas horas vagas, Ben-Hur conta que outro momento especial na carreira foi poder acompanhar o primeiro título mundial brasileiro no surf, conquistado por Gabriel Medina, em 2014. No ano seguinte, ele teve a oportunidade de ver, a trabalho, outra vitória brasileira no esporte. Desta vez, de Adriano de Souza, o Mineirinho. "Conheço os dois há muito tempo e foi muito bacana essa conquista deles", revela.
De volta ao Brasil desde março, o repórter quer se dedicar agora a reportagens especiais para programas da Globo e da SporTV. "Quero mostrar algumas coberturas de esportes que não são tão usuais na grande mídia", conta.
Em paralelo, Ben-Hur também se interessa por outras áreas da profissão, que acontecem atrás das câmeras. "Gosto de pensar na criação de sistemas tecnológicos que possam ajudar na produção jornalística." Antes de ser selecionado para ingressar na SporTV, o repórter fazia mestrado sobre tecnologias aplicadas ao jornalismo. Ele também chegou a fazer um curso relacionado ao tema na Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo.
Ben-Hur nasceu em Campo Grande (MS), mas passou toda a infância e a adolescência em Aracaju (SE), onde toda a sua família mora. Os pais, apaixonados por cinema, decidiram batizá-lo com o nome de um filme que admiram, o clássico 'Ben-Hur' (1960). "Eles me fizeram assistir aos dez anos e eu também gosto muito."
A primeira vez em que pensou em seguir na carreira jornalística foi aos 14 anos, após viver uma situação dramática. Em uma excursão do colégio, um dos ônibus se envolveu em um grave acidente. "Vários amigos ficaram muito machucados, alguns morreram. Vi o trabalho da imprensa e não queria que as pessoas olhassem para os meus amigos apenas como números. Eu queria contar a história deles. Decidi pesquisar mais sobre a profissão e me apaixonei", conclui.
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