Celebridades

'Aos poucos, aprendi a não ter medo da cracolândia', diz Mel Lisboa

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É meia-noite de sábado. Mel Lisboa, 31, está de salto alto e vestido de franjinhas, estilo melindrosa, na rua do Triunfo, antiga Boca do Lixo, na região central. A poucos metros, uma aglomeração de usuários de crack.

Encarnando a prostituta assassina Brigitte, a atriz encerra ali a peça "Homem Não Entra", sobre o fim de uma zona de meretrício no Bom Retiro, em 1953.

Esse é o segundo espetáculo que Mel apresenta com a Companhia Pessoal do Faroeste, que funciona numa casa do século 19 no meio da cracolândia. "Trabalhar aqui é uma questão política e artística", diz.

Ela estaciona seu Fiat Freemont na rua e diz circular por ali sem medo. Defende a ocupação da área, mas não cogita se mudar com os dois filhos pequenos e o marido para o Centro. A família vive na Vila Mariana (zona sul).

Nas proximidades do teatro, Mel conheceu garotas (e tiazinhas) que fazem programa e ouviu histórias que podem inspirar sua próxima personagem. Em julho, a gaúcha se muda para o Rio, onde gravará a novela "Pecado Mortal", da Record. Viverá outra prostituta.


sãopaulo - Qual foi a sua primeira impressão da rua do Triunfo?
Mel Lisboa - Dá uma tristeza porque a rua é abandonada, e os prédios históricos da região [ex-Boca do Lixo] não estão conservados. Não tem nenhuma referência de tudo o que já aconteceu lá.

Essa experiência te mudou?
Quando você chega aqui, se apaixona pelo que a cidade oferece. Mas conhecer as falhas me faz sentir paulistana.

E qual a pior falha de São Paulo?
O abandono do Centro. No Rio, por exemplo, é mais bem aproveitado, com vida cultural que foi retomada.

Já teve medo de andar no Centro?
A primeira vez que entrei na rua Helvétia ["point" da cracolândia], morri de medo. É uma multidão, você acha que vão te assaltar. Aos poucos, aprendi a não ter medo. Nada nunca me aconteceu. Eles [usuários de crack] são doentes e estão lá para consumir a droga.

"Homem Não Entra" tem cenas na rua, com "noias" por perto. Já aconteceu algo de inesperado?
Todo dia acontece. Eles veem a cena, comentam e "morrem" junto com os atores. Às vezes tem crianças, tem craqueiros que passam no meio de bicicleta.

Você pensa em morar no Centro?
Estou muito confortável aqui. Moro numa casa e tenho meus filhos. Não penso em me mudar. Já me coloquei nessa situação, de morar no Centro, mas tem esse problema [da cracolândia].

Do que vai sentir falta de São Paulo?
Escolhi São Paulo para morar, moro porque gosto. Vou sentir saudade do que a cidade tem a oferecer cultural e 'gastronomicamente'.

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