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O sangue azul de caranguejo que salva milhões de vidas todos os anos

Um litro de sangue de caranguejo-ferradura pode ser vendido por US$ 15 mil
Um litro de sangue de caranguejo-ferradura pode ser vendido por US$ 15 mil - BBC/Getty Images
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Descrição de chapéu BBC News Brasil
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A maioria das pessoas no mundo não sabe que sua saúde pode depender de um caranguejo de sangue azul de aparência estranha.

Os caranguejos-ferradura são uma das criaturas mais antigas do mundo — sobreviveram aos dinossauros e acredita-se que estejam no planeta há pelo menos 450 milhões de anos.

Os do Atlântico podem ser vistos desde a primavera até os picos da estação de desova, em maio e junho, na maré alta durante a lua cheia ou nova.

Temos sorte de que esses "fósseis vivos", encontrados nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, ainda estejam por aí, pois eles já salvaram milhões de vidas.

Colheita de sangue

Os cientistas têm extraído o sangue azul da ferradura desde os anos 1970, para testar se equipamentos médicos e medicamentos intravenosos são estéreis para uso.

Mas não é a cor do sangue do caranguejo-ferradura que interessa aos cientistas.

Além do cobre, o sangue contém um produto químico especial que retém as bactérias por meio da coagulação.

Ele pode detectar a presença de bactérias, mesmo em quantidades extremamente baixas, e o agente de coagulação é usado para fazer os testes — o teste Limulus Amebocyte Lysate (LAL) das espécies americanas, e o teste Tachypleus Amebocyte Lysate (TAL) das espécies asiáticas.

O que acontece com os caranguejos depois?

Uma vez que suas conchas são perfuradas perto do coração, cerca de 30% do sangue é colhido.

Depois, os caranguejos são devolvidos à natureza.

Mas estudos mostram que entre 10% e 30% morrem nesse processo, e as fêmeas sobreviventes têm mais dificuldade para procriar.

Existe alternativa?

Atualmente, existem quatro espécies de caranguejos-ferradura no mundo.

Todos as quatro estão ameaçadas por causa do excesso de pesca para uso na indústria biomédica e como isca de peixe, mas também devido à poluição.

Os cientistas argumentam que a demanda por testes LAL e TAL deve aumentar à medida que a população global aumenta e as pessoas vivem por mais tempo.

Movimentos conservacionistas reivindicam testes sintéticos como uma abordagem mais ética para detectar toxinas, mas as empresas farmacêuticas dizem que alternativas sintéticas devem provar que podem detectar toxinas no mundo real, não apenas as cepas fabricadas e usadas até agora em seus testes.

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