Em 2015, o paranaense Cezar Lima venceu o BBB 15 de cabo a rabo. Foi o protagonista, mexeu seus pauzinhos, mas fora da casa, admitiu algo que fez muita gente se sentir um otário: admitiu que criou um personagem para vencer o reality show da Globo.

Cezar estudou o perfil de vencedores do programa, e reconheceu que reforçou "o seu lado humilde", em entrevistas que deu, para que o público se compadecesse dele. Além de, claro, sempre tentar criar um VT para aparecer na edição de TV aberta.

Quase dez anos depois, a história parece se repetir. Beatriz Brás, a "Brasil do Brasil", claramente faz a mesma coisa. Mas de uma forma absolutamente inacreditável, com todos os adjetivos negativos que uma participante pode ter no programa.

Em nome de sua suposta felicidade, Beatriz passou todo o programa reduzindo a experiência de quem estava lá. Nas festas, não deixava ninguém curtir. Quem reclamava, tinha inveja. Nem mesmo os artistas tinham paz.

No confinamento, desobedeceu a tantas regras e ordens da produção, que é inacreditável que não tenha sido considerada para sair não só pelo público, como especialmente pelos participantes.

A última de Beatriz foi querer fazer roupas com cascas de fruta. Mesmo avisada até pelo próprio Tadeu Schmidt, e por muita gente, que aquilo não era permitido, ela desrespeitou. Conseguiu criar uma nova versão para o ditado 'quer aparecer, coloque uma melancia na cabeça'. Uma banana no biquíni já basta.

Como quem lê este espaço já sabe, tive a oportunidade de entrar na casa do BBB 24 no fim do mês de março. Durante o período que observei os participantes de dentro, como em um zoológico humano, o que mais me alarmou foi o comportamento de Beatriz.

Assim que entrou na festa que vi de perto, Beatriz procurou uma câmera desesperadamente. Logo em seguida, procurou uma outra câmera para aparecer mais.

Logo depois, ensaiou caretas e as fez a seguir na ação da festa. Me assustou como todo o olhar e todos os passos dela eram ensaiados, como uma personagem de novela. E claramente, os outros participantes já haviam notado essa persona sem um pingo de verdade criada por Beatriz.

Mesmo com tudo isso, Beatriz foi a participante mais procurada pelas marcas junto à Globo para campanhas publicitárias assim que acabar o reality show. Ela conta com 4,5 milhões de seguidores no Instagram atualmente.

Recentemente, uma conhecida colocou em seu story no Instagram, que adorava ver Beatriz. "Eu gosto de ver gente feliz no BBB!", escreveu ela. Para mim, é sintomático. Claro, ver gente chata e reclamando é ruim em qualquer lugar. Mas a culpa de Beatriz ir tão longe é do público.

Beatriz não é uma pessoa. É uma persona. É uma participante sem um pingo de profundidade. Não é sua felicidade que irrita. É a sua capacidade bizarra de ter conseguido construir uma personagem e mantê-la por quase 100 dias.

O país gostou de ser feito de otário. Uma pena, Brasil do Brasil.