Televisão

Faustão: relembre o anárquico 'Perdidos na Noite', com abertura ao som de Tarzan Boy

Programa ia ao ar nos anos 1980, nas noites de sábado, na Band, e era marcado por falhas técnicas, cenário tosco e piadas chulas

Fausto Silva no Perdidos na Noite: 'Alô, alô, baixaria!' - 16.nov.1987/Divulgação/Band

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Rio de Janeiro

Entre 1986 e 1988, Faustão apresentava na Band o "Perdidos na Noite", programa de produção precária, que se utilizava justamente desta precariedade para fazer graça. No mesmo canal que na última sexta-feira (18) exibiu sua despedida na emissora, Faustão comandou uma atração que hoje virou cult muito por causa de seu humor chulo e politicamente incorreto, que já mostrava sua pegada orgulhosamente tosca no vídeo de abertura.

Ao som de "Tarzan Boy", música do grupo de europop Baltimora cujo refrão usa o grito de Tarzan como uma linha melódica, Fausto aparecia nos bastidores do programa atrapalhando o trabalho da equipe (tirando a escada do funcionário que fazia um conserto no forro do teto, botando cola no fone de ouvido do cameraman e por aí vai, numa irreverência ingênua, quase infantil).

O "Perdidos na Noite" mesclava entrevistas com interações com a plateia (cartazes com palavrões exibidos por convidados não eram raros), além de intervenções humorísticas da dupla Tatá e Escova. Falhas técnicas, microfones pendurados no teto, tropeços em cabos e pessoas passando em frente às câmeras faziam parte do show .

Fausto Silva com os humoristas Carlos Roberto "Escova" e Nelson "Tatá" Alexandre durante gravação do "Perdidos na Noite" em 1987 - 4.ago.1987/Divulgação/Band

Se nos últimos anos Fausto tinha como bordões frases como "ô Loco, meu" e "Quem sabe faz ao vivo", naquele tempo ele usava a chamada "Espelho, espelho meu, existe algum programa pior do que o meu?" para anunciar a atração. Às vezes, optava por "Alo, alô, baixaria!".

Alguns convidados ficavam impressionados com a (falta de) estrutura do programa. "Isso aqui é uma porcaria", disse Ivan Lins, em tom de brincadeira, ao ver um pequeno pedaço do cenário se descolar —o que não era raro acontecer.

Fausto conseguia levar grandes nomes da música brasileira, como Legião Urbana, Tim Maia ("Vai ter cachê?", ele perguntou, com aquele jeitão, no ar), Nana Caymmi, Djavan, Titãs e Zé Ramalho. Agradecido, costumava citar, nos últimos anos, que o artista, ali no palco da Globo ou mais recentemente, da Band, é seu amigo "desde os tempos do Perdidos".

O programa foi ao ar em 1984, na Gazeta, passou pela Record e em 1986 transferiu-se para a Band, onde foi exibido até o dia de Natal de 1988.