Dadá Coelho diz que volta 'sem noção' em A Culpa É da Carlota
Humorista também fala dos preparativos para se casar com Paulo Betti
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Após estrear com plateia ao vivo de 400 pessoas e precisar se adaptar a contar com o público apenas de forma virtual na fase mais devastadora da pandemia, o humorístico A Culpa É da Carlota volta apostando no caminho do meio. A terceira temporada começa nesta segunda-feira (26), a partir das 22h, no Comedy Central, com cerca de 20 pessoas conferindo a atração no estúdio, de forma distanciada.
"A plateia é o fio condutor da comédia, sem ela é como fazer as coisas no escuro", avalia Dadá Coelho, que comanda o programa ao lado de Arianna Nutt, Bruna Louise, Carol Zoccoli e Cris Wersom. "E, mesmo que eles ficassem longe por causa dos protocolos sanitários, já deu uma valorizada. É um termômetro para a gente do que está funcionando e do que não está."
A humorista conta que essa não é a única novidade da temporada. "A forma como fazíamos a abertura mudou, estamos trazendo algumas coisas para dar mais ritmo, com piadas mais curtas", explica. "Esses ajustes que vão acontecendo fazem parte. É tipo sexo, você vai apalpando, depois dá uma chupada na axila e isso vai azeitando."
Para ela, agora o quinteto chegou ao formato ideal do programa. "A terceira temporada está redonda", garante. "No teatro, a gente fala de maldição do segundo dia, que é quando passou a estreia, todo mundo relaxa e acaba saindo tudo errado. Isso tudo já passou. Agora, a gente já entendeu o formato, está mais à vontade e menos eufórica."
Entre os convidados dos programas inéditos, estarão nomes como Supla, Raissa Barbosa, Marcela McGowan, Lia Clark e Rainha Matos. Na estreia, quem conversa com as humoristas é Andréa Sorvetão.
Dadá diz que, nesta temporada, incorporou o papel de "entrevistadora sem noção". "Às vezes eu esqueço que estou em um programa de televisão [risos]. Tem horas que pergunto curiosidades minhas mesmo. Só não sei o que a edição vai manter, mas foi bem divertido."
Mesmo com a longevidade sendo um bom parâmetro para aferir o sucesso do programa, a comediante conta que as integrantes ainda são vítimas de ataques nas redes sociais. "A macholândia não suporta ver a mulherada ser dona das narrativas", reclama. "A gente recebe muito ódio na internet."
Boa parte de quem faz os comentários maldosos o compara ao congênere A Culpa É do Cabral, também do Comedy Central, que tem proposta parecida, mas é apresentado por humoristas do sexo masculino. "Temos muito apoio do público, mas uma parcela insiste em ofender por sermos mulheres fazendo humor", conta Dadá. "O manto invisível da misoginia tem avatar."
Porém, o que é fraqueza para uns pode ser fortaleza para outros. "A gente realmente se sente prestando um serviço com o programa porque as mulheres se reconhecem", avalia a humorista. "Ele ajuda a derrubar essa história de que mulher é inferior."
E deve abrir portas para toda uma nova geração de comediantes do sexo feminino. "Muitas mulheres abriram caminho para a gente e, conforme as coisas vão evoluindo, nós vamos abrir espaço para muitas outras usarem sua voz", acredita. "A tendência é essa."
Além do feminismo, Dadá conta que também sempre tenta trazer nas entrelinhas de suas piadas debates importantes para a sociedade. "Estamos vivendo um momento bom, em que se discute o machismo, a xenofobia e tudo mais no pacote", diz. "A gente está vivendo a maior mudança de comportamento do mundo desde a invenção da pílula."
Por isso mesmo, ela faz um mea-culpa e diz que parou de fazer algumas piadas que deixou de achar aceitáveis (ou mesmo engraçadas), como dizer que era "um viado que nasceu operada". "Não dá para ficar brincando com isso em um país que mata tantos transexuais", diz.
"Hoje, acredito que o humor tem que empoderar os desempoderados", afirma. "O oprimido já é motivo de risada do opressor em tantas situações. Fazer humor não é isso."
Além da estreia do programa, Dadá concluiu a gravação de dois filmes, nos quais contracena com nomes como Paolla Oliveira e Glória Pires. No momento, ela também está na série "Galera FC", disponível na HBO Max e com uma segunda temporada já confirmada, e desenvolve outro projeto, do qual ainda não pode dar detalhes.
"Não sou GPS, mas estou me achando. Nunca trabalhei tanto, mesmo com esse tsunami", diz, referindo-se à pandemia. "É bacana ver que o mercado se abriu, porque antes tinha muito preconceito de a humorista ser também atriz."
Além disso, no tempo livre, Dadá começa a pensar na cerimônia de casamento com o ator Paulo Betti, 68, por quem foi pedida em casamento recentemente no meio de uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Fiquei comovida com o pedido", conta.
"Eu sempre fui doida para me casar", confessa a humorista. "Estamos há quase 7 anos juntos nessa coxia, a gente se ama. Me animei, menino."
Ela diz que não vai fazer uma grande festa nem tem data marcada ainda para o evento acontecer. "Vai ser algo bem simples, só para a família e amigos, na hora que o mundo voltar a existir", adianta. Por isso, ainda não começou a se debruçar sobre os preparativos. "Cada dia com sua agonia", brinca.
Uma das poucas vontades já conversadas com o agora noivo é a de convidar a artista plástica Mana Bernardes, que é ex-mulher do ator, para ser a celebrante. "Foi ela que nos apresentou, me deu esse recebido", ri Dadá. "Ela disse que queria que a gente ficasse. Eu estava sem fazer nada mesmo e fui ver a peça dele [risos]."