Para atores, 'Cine Holliúdy' volta com alegria e resistência na pandemia: 'Vacina do corona'
Série será reprisada na Globo após menos de um ano de sua transmissão
Ainda com muitas incertezas sobre o retorno das gravações de novelas e séries, as emissoras de televisão aberta continuam a anunciar reprises de programas já consagrados. Nesta terça-feira (7), voltará à grade da Globo “Cine Holliúdy”, menos de um ano depois de sua primeira transmissão.
"Isso me assustou, fiquei com medo de estar errado. A Globo tem muito conteúdo, uma eternidade de projetos, filmes, séries. Se ‘Cine Holliúdy’ está voltando com menos de um ano, isso mostra que a gente chegou com um material muito bom", afirma o ator Edmilson Filho, 43, que dá vida ao protagonista, Francisgleydisson.
Para o artista, a série tem um colorido diferente e perfeito para entrar na casa das pessoas neste momento de quarentena. "Quando estreou, no ano passado, a gente estava numa turbulência, agora estamos numa turbulência ainda maior. A série chega como um alívio. Praticamente a vacina do corona", brinca ele.
Baseada no filme de mesmo nome, "Cine Holliúdy" substituirá "Aruanas", série original do Globoplay que ganhou espaço na TV aberta durante a pandemia. Além de temática mais leve e cômica, a "nova" série elevou a audiência das noites de terça-feira da emissora em 2019, garantindo sua segunda temporada.
Com a continuação já escrita, mas ainda em segredo, o público vai rever a história de Francis na cidade fictícia de Pitombas, onde ele vê seu cinema fixo em risco após a mulher do prefeito, Socorro (Heloísa Perissé), e sua filha, Marylin (Letícia Colin), convencerem o prefeito a comprar a primeira televisão do município.
Para Matheus Nachtergaele, 52, que dá vida ao prefeito Olegário, a volta da série é um presente para o público, mas também para os artistas por trás da produção. "A tecnologia está nos salvando um pouco da solidão absoluta, e estar no ar de alguma maneira faz a gente ficar vivo, mostrando nosso trabalho num momento difícil."
"Tenho um especial orgulho por ‘Cine Holliúdy’, desde sua origem é uma obra para o brasileiro fazer as pazes consigo mesmo, uma declaração de amor às tradições da comédia, ao povo nordestino. A família inteira pode sentar diante da TV e rir", diz o ator, que também lançou "Todas as Mulheres do Mundo" (Globoplay) durante a pandemia.
Além da leveza do formato da série, a diretora Patricia Pedrosa destaca a importância da mensagem deixada por Francisgleydisson, de resistência de não deixar seu sonho acabar. "A gente está em casa agora também tentando inovar, resistindo, tentando achar uma forma de se comunicar com o público."
"Vejo isso com parceiros, tentando se reinventar seja através da poesia, das lives, dos reencontros das palavras, dos textos, do audiovisual. Tanta coisa que temos produzido nesse período que eu acho que vai ficar na história. Num momento como esse, ter ‘Cine Holliúdy é um orgulho enorme, uma honra", completa.
"Estou com um bebê pequeno em casa, então estou como nunca nesse entendimento da esperança, da paciência, da persistência. Essa série é a síntese disso tudo. Um trabalho que eu deixaria meu filho ver sozinho é ‘Cine Holliúdy’, ele pega na não, dá carinho, forma, prepara a gente", afirma Letícia Colin, 30.
A atriz, que deu vida à musa de Francisgleydisson, Marilyn, na primeira temporada da série, é uma das baixas já confirmadas para a segunda temporada. Isso por causa da gravidez do pequeno Uri, seu primeiro filho com o ator Michel Melamed e tem hoje sete meses. No lugar dela, deverá entrar Bianca Bin, 29.
O roteirista Claudio Paiva afirmou que a troca do par romântico do protagonista foi uma das dificuldades na segunda etapa do projeto, que já está escrito, mas ainda sem data para ser produzido, em decorrência da pandemia. Por enquanto, o "anseio criativo" –como brinca o diretor Halder Gomes– deve ficar contido.
O CEARÁ FICA EM SP
Com toda a expectativa em torno da reprise de "Cine Holliúdy", os atores afirmaram em conversa com a imprensa, realizada por videoconferência, que mantém, ainda hoje contato com moradores da pequena cidade de Areias, no interior paulista, onde ficaram por quase três meses para a gravação da série.
"A cidade parou com a nossa chegada. Eles anunciavam no alto-falante o teste de figuração, toda a cidade acabou fazendo figuração. Tinha até ônibus vindo de cidade vizinha com excursão para ver as gravações", afirma Heloisa Perissé, 53, que contribui ainda hoje com a ração de um cachorro que ela salvou na cidade. "E pentelho o prefeito que prometeu arrumar um lugar para eles e não fez ainda."
Edmilson Filho conta que demorava em torno de 30 segundos de seu quarto até o set de filmagens. Já Letícia Colin recorda da dona Nininha e da massagem da Amanda, disputada por todo o elenco. "Realmente criamos uma relação com as pessoas. Chegou uma hora que a gente tinha massagem, academia, pilates."
"Nós, artistas, somos mambembe. É normal sair com uma peça e voltar só depois de dois meses. É uma família que não reúne só o elenco, mas toda equipe técnica, transporte. Adoro fazer assim. A ida e volta para casa nos força a entrar e sair do personagem, é cansativo. Amei Areias e eles amaram a gente", diz Matheus Nachtergaele.