Eu lembro dela dizendo que ia para a balada sem calcinha porque era piranha e ninguém iria segurá-la na época da Gaiola das Popozudas, mandando um beijinho no ombro pras invejosas de plantão e, por isso, não fiquei nem um pouco surpresa quando ela apareceu cantando "só xota na xota, no talento". Quem, além de Valesca Popozuda, musa do proibidão, poderia estar por trás (e por dentro) de um hit explícito desse calibre?

Na intenção de escrever uma crônica com algumas aspas espirituosas de Valesca, perguntei algumas coisinhas pra ela. Acontece que suas respostas foram diretas, precisas e quentes, como suas músicas. Nesse dia do sexo, um brinde à putaria com as reflexões da diva da safadeza, na íntegra:

Valesca, você é uma referência no gênero proibidão. Sente alguma diferença na recepção do público hoje em dia em comparação com a época em que você começou? Tem mais puritanismo atualmente ou mais aceitação? Eu acho que a principal diferença tá na resposta imediata do digital. Antigamente eu não tinha a resposta logo de cara, como tenho hoje. Hoje a gente posta e já vem de tudo, vem gente que ama, vem hate, tudo ao mesmo tempo, e a gente vai entendendo de forma mais clara. Antes, você precisava ir na rua, na TV, no show, pra entender a resposta do público. Quando comecei, chocou porque quase ninguém falava sobre isso, eu levei latada em show, né?

Mas também muita gente se sentiu representada pelo proibidão e assim ganhamos um espaço importante. Hoje em dia, o povo já tá mais acostumado! As letras em inglês às vezes são até piores, mas ninguém fala nada... Ainda assim tem, claro, um povo que julga, que não entende, mas sempre foi assim e sempre vai ser. Mas já ouvi por aí é que precisei lançar esse EP pra acabar com o conservadorismo dos jovens, então, se eles tão precisando, mami tá on!

Muita gente acha que falar explicitamente sobre sexo é uma atitude antifeminista, pois coloca as mulheres em uma posição que supostamente agradaria ao patriarcado. Qual a sua opinião sobre isso?
É muito diferente falar sobre sexo querendo agradar o homem e falar o que você, como mulher, quer fazer na cama. Eu tô falando sobre o meu prazer e inspirando mulheres a falarem também, seja com uma rola grande e grossa ou com um dedinho, dois dedinhos. Eles gostam de mulher safada, mas não gostam de mulher livre. Pra eles, mulher só pode falar sobre sexo, ser piranha, quando tá entre quatro paredes agradando ele, mas, se sai disso, se berra que quer dar, aí não pode... Pra mim, não tem nada mais feminista do que você ser dona do seu próprio prazer sem ligar pro que o outro vai pensar.

Sua música XXT (com a cantora Ya Malb) é sobre sexo lésbico e descreve um sexo gostoso que não envolve pênis. Está fazendo o maior sucesso! O que você acha que explica esse hit todo?
Eu acho que as mulheres lésbicas e bissexuais, de uma forma geral, são muito pouco representadas. Ouvi muito esse retorno delas com XXT na XXT. No funk as letras são, na maioria, sobre sexo heterossexual, então elas se viram ali tendo seu prazer em forma de música, mostrando que essa visibilidade lésbica importa. Afinal, quem não gosta de algo que te represente?

Se você tivesse que escolher uma de suas músicas para escutar em uma ilha, qual seria e por quê?
Escolheria XXT na XXT. Já que eu vou estar sozinha, vou ouvir pra me inspirar a brincar com meus dedinhos né? Hahahaha.

Quais outros temas sexuais podemos esperar das suas próximas músicas?
Ih, gente, esperem sempre tudo de mim! O próximo bloco tá vindo aí em breve e vocês podem esperar muita putaria com certeza. Tem até sexo bilingue!

Se você tivesse que dar um conselho sexual para mulheres, qual seria? E para os homens?
Se liberta, mulher! Se conheça, se masturbe, saiba o que VOCÊ gosta e como gosta. Porque não tem ninguém que vai ligar pro nosso prazer se a gente não colocar a xxt na mesa. Pros homens (principalmente os héteros), eu digo: escutem o que sua parceira tem a dizer, o que dá prazer a ela, como ela gosta do sexo... sexo não é só sobre você gozar!