Tony Goes

BBB 23: À primeira vista, todos parecem sensacionais, mas a ilusão deve durar pouco

Reality começa em duplas na edição com mais pretos, gays e bissexuais da história, além de famosos nem tão famosos assim

Gabriel Santana, espontâneo e soltinho, roubou a cena na estreia do BBB 23 - Twitter

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Primeiro dia de Big Brother Brasil (Globo) é aquela alegria. O elenco sempre parece tão bem escolhido, tão cheio de carisma e energia, que fica difícil escolher por quem torcer. Claro que, depois de mais 20 anos de programa, a gente sabe que as decepções são inevitáveis. Mas, pelo menos na estreia, todos os participantes esbanjam intensidade, sob o risco de deixar exausto o espectador.

O BBB 23 estreou com algumas novidades interessantes. Para começar, há mais pretos do que nunca. Mais gays e bissexuais do que nunca. E famosos nem tão famosos assim, o que gerou bastante reclamação nos últimos dias.

Afinal, o que esse Boninho tem na cabeça? Por que chamou para o Camarote gente ainda menos conhecida do que as subcelebridades que frequentam A Fazenda, na Record?

Uma das teorias explica que nomes de peso para valer chegaram à conclusão de que têm muito a perder. O cancelamento de Karol Conká no BBB 21 e a desistência de Tiago Abravanel no BBB 22, depois de uma participação pífia, teriam acendido vários sinais de alerta.

A verdade é mais prosaica. A produção percebeu que artistas com fã-clubes engajados acabam prejudicando o reality. Em 2022, os chamados "pãezinhos", que idolatram Arthur Aguiar, sequestraram as votações e acabaram deixando óbvio que o ator seria o vencedor, semanas antes da final. Se isto acontecesse novamente, o BBB perderia ainda mais graça, além de boa parte de seu público.

Além do mais, o tamanho da fama aqui fora importa pouco depois que a competição deslancha. Em poucos dias, quase todos os 22 participantes serão conhecidíssimos em todo o Brasil, despertando ódios e amores.

Quem se destacou nesse primeiro episódio? Cada um dos brothers e sisters teve direito a um bom vídeo de apresentação. Alguns resvalaram para o cringe, mas ninguém despertou aquela desagradável sensação de vergonha alheia.

Fred Nicácio é uma estrela nata. Cara de Sapato não é feio como seu nome sugere. Bruna Griphao é ligeiramente irritante. À primeira vista, todo mundo é sensacional. Vale ressaltar a quantidade de profissionais da área da saúde: tem médico, enfermeiro, terapeuta, atendente de farmácia.

Pela primeira vez, todos entraram na casa em duplas, devidamente atados uns aos outros –uma metáfora visual da intimidade forçada que o programa inflige a seus concorrentes. Nesta primeira semana, todas as provas serão feitas em duplas.

Anjo e líder também serão em dose dupla, assim como o paredão –pelo menos num primeiro momento. O par eliminado irá para um quarto secreto, e somente então o público escolherá quem deixa o programa definitivamente. Aquele que for poupado, volta para o jogo.

Mas uma coisa não mudou. Assim como em anos anteriores, a primeira prova é de resistência. Pessoalmente, eu acho chatíssimas essas disputas, mas elas são importantes comercialmente por causa do tempo que expõem a marca do patrocinador. Só saberemos na manhã de terça (17) quem é a dupla que ganhou imunidade.

Foi um final anticlimático para uma edição que começou ainda mais animada que suas antecessoras. Mas quem acompanha o BBB há anos também sabe que pouca coisa se decide na estreia. Temos 100 longos dias pela frente. Tomara que o novo elenco tenha mesmo sido bem escolhido.