Jogo tedioso contamina até mesmo a narração de Galvão Bueno
Depois de 90 minutos sofridos, ainda tomamos um gol de Camarões
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Futebol é uma caixinha de surpresas, mas também pode ser uma chatice. Que o digam os espectadores do embate entre Brasil e Camarões na tarde desta sexta-feira (2), que terminou com nossa derrota por um a zero.
Nossa seleção estava muito melhor em campo do que a equipe africana, com muito mais domínio de bola e finalizações. Só que nosso gol não chegou. Culpa de quem? De Tite, que escalou muitos reservas, e nenhum deles disse a que veio? Da internação de Pelé, que baixou nosso entusiasmo coletivo?
O rei do futebol ganhou um boneco em Olinda e também uma bonita homenagem de Galvão Bueno, que abriu a transmissão pela Globo desejando pronta recuperação ao amigo de longa data. Mas, passado esse momento de sobriedade, o veterano locutor retomou sua empolgação habitual. Narrou quase todo o primeiro tempo como se estivesse no rádio, a toda velocidade.
Mesmo falando muito, desta vez Galvão deu mais espaço para os comentaristas. Ana Thaís Matos, jogada para escanteio no jogo contra a Sérvia, se fez muito mais presente. No entanto, ainda falta mais interação entre todos.
Enquanto isso, sobravam gols na partida entre Sérvia e Suíça, que acabou em 3 a 2 para esta última. Foram 90 minutos de suspense, com os dois países europeus se alternando no pódio e deixando em aberto até o fim quem se classificaria para a próxima fase.
Como nos nossos dois jogos anteriores, o primeiro tempo acabou no zero a zero. No segundo, Galvão já estava mais abatido, assim como todos os telespectadores brasileiros. Seu entusiasmo foi se esvaindo, o nosso também.
Restava o consolo de já estarmos classificados, provavelmente em primeiro lugar. Galvão não parava de fazer contas, calculando saldos de gols e as nossas chances de enfrentar os surpreendentes sul-coreanos na segunda-feira (5).
E aí, na prorrogação, a surpresa finalmente aconteceu, só que contra o Brasil. O camaronense Aboubakar marcou um gol, o primeiro que sofremos nesta Copa. Ainda tivemos algumas chances de empatar, mas desperdiçamos todas.
O gol serviu para Galvão Bueno recuperar algum ânimo –desta vez, temperado com ironia e uma certa dose de fúria. Ele bem lembrou que a França, a Espanha e Portugal cometeram o mesmo erro que o Brasil: colocaram os reservas para jogar em partidas que pareciam fáceis, e fomos todos derrotados.
Está certíssimo ele. Copa do Mundo não é o momento de se fazer experiências. Para isso existem os amistosos e os treinos.
Não fosse a tristeza de sermos derrotados, talvez pudéssemos apreciar o fato de alguns times terem se despedido do Mundial batendo seus rivais. Com a vitória de hoje, Camarões se junta à Tunísia, ao México e ao Uruguai, que deixaram o campeonato de cabeça erguida.
Mas só cabeça erguida não ergue taça, e faz muito tempo que nenhuma seleção sai vitoriosa de todos os jogos de uma Copa do Mundo. O Brasil continua no páreo. Um hexacampeonato seria maravilhoso para todos nós. Especialmente para Galvão Bueno, que se despediria da Globo em grande estilo.