BBB 22: Natália se mostrou complexa e cheia de nuances, e por isto foi eliminada
Só ganha o programa quem consegue construir uma narrativa simples
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Depois de vencer o BBB 15, Cézar Lima admitiu que estudou edições anteriores do programa antes de entrar na casa, para entender quais estratégias costumavam dar certo. Decidiu, então, compor um personagem –ou melhor, uma versão de si mesmo, de fácil digestão. Um caipira simpático, dado a tiradas filosóficas. Deu certo.
Cézar percebeu que o público não vota exatamente na pessoa real, mas na narrativa que ela constrói dentro do reality. No BBB 11, por exemplo, Maria Melillo conseguiu se vender como a amante rejeitada, que depois reencontra o amor nos braços de um outro. Sagrou-se campeã.
Nesta temporada, o único participante que traçou uma estratégia coerente é Arthur Aguiar. Ele aproveitou a perseguição gratuita que sofreu de Jade Picon nas primeiras semanas para encarnar a figura do cavaleiro solitário, que luta contra tudo e todos. Mesmo fazendo parte de um dos grupos mais unidos da história do Big Brother Brasil.
Enquanto isto, seus adversários adotavam táticas opostas: ou tentavam mostrar o máximo de si mesmos, ou se recolhiam, manifestando desinteresse pela competição. Foram sendo eliminados um a um.
Nesta terça (12) foi a vez de Natália Deodato. Uma mulher interessante, dona de uma personalidade complexa, dada a altos e baixos. Em uma palavra, humana, como qualquer um de nós. Mas o BBB é um jogo que beira o desumano.
Diversas Natálias deram as caras nesses dois meses e meio. Houve a Bad Naty, que faz e diz o que bem entende, doa a quem doer. Houve a moça frágil dos primeiros dias, que enfrentou dois paredões de enfiada e se debulhou em lágrimas. Ali pintou a chance de Natália vestir o figurino do patinho feio, que é bicado pelos outros patos e no final ressurge como um cisne. Mas ela recusou.
Houve também a Natália apaixonada, que se deixou envolver com Eliézer. Mas até que ponto o namorico deles era para valer, ou mera tática dele para cair na simpatia do público? Nessa reta final, o casal já estava mais do que abalado, e a própria Natália já avisou, depois de sair, que não pretende retomar a relação.
Também teve a Natália descontrolada, que perde as estribeiras sem razão aparente. Mais de uma vez, o álcool a levou a ataques de fúria. Uma dessas crises beirou o surto psicótico, levantando a preocupação de que a moça precise de ajuda profissional.
Por fim, houve a comadre, que formou um trio com Lina e Jessi. Esta última, que começou o programa aparentando fraqueza, foi ganhando autoconfiança com o tempo e agora é a única mulher ainda na competição.
Natália exibiu facetas demais para que a audiência enxergasse nela uma narrativa compreensível. Na véspera do Paredão, ainda cometeu um erro grave: despachou Eli para o Monstro, maculando a primeira liderança conquistada por seu ficante. Muita gente não gostou, influenciada pela reação exagerada do rapaz.
Mesmo assim, a designer de unhas conquistou uma certa popularidade. Não duvido que seja ovacionada na Sapucaí, quando desfilar pela Beija-Flor no próximo dia 22. Alguns minutos de fama (e contratos de propaganda) já estão garantidos.
Gustavo ou Eliezer devem ser os próximos eliminados. Só um fato novo e totalmente inesperado pode arrancar a vitória de Arthur, daqui a duas semanas. Mesmo não simpatizando muito com o ator, eu reconheço: ele é o jogador mais focado do BBB 22, e o único que soube construir um personagem coerente. Portanto, ele merece.