Tony Goes

Ainda é cedo para saber o que a fusão entre Warner e Discovery significará

Empresas formarão segundo maior conglomerado de mídia do mundo

O logo da Warner Media - AFP

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Em briga de cachorro grande, é claro que o tamanho importa. Não foi por outra razão que a WarnerMedia e a Discovery decidiram se unir. O resultado será o conglomerado de mídia com o segundo maior faturamento do planeta, atrás apenas da Disney.

Dentro dele estarão empresas tão diversas como HBO, CNN, TNT, Discovery Channel, Food Network, DC Comics e até mesmo OWN, o canal de TV da apresentadora Oprah Winfrey.

O novo leviatã estará melhor equipado para disputar o mercado de streaming, hoje dominado globalmente por Netflix, Disney + e Amazon Prime Video. Também se tornará mais atraente para os investidores.

Assim que este negócio de US$ 150 bilhões (cerca de R$ 800 bilhões) foi anunciado na segunda (17), as ações da Discovery tiveram alta de 13%, e as da AT&T, que controla a WarnerMedia, de 4%. Não é pouco.

Antes, no entanto, é necessária a aprovação dos órgãos reguladores dos Estados Unidos. Não é raro que, quando duas empresas grandes se unem para formar uma ainda maior, elas tenham que vender ativos para que não se formem monopólios. Foi o que aconteceu quando a Disney adquiriu toda a divisão de entretenimento da Fox, alguns anos atrás.

Isso significa que a Warner Discovery, ou seja lá como o novo grupo se chamará, só estará em funcionamento, na melhor das hipóteses, em meados de 2022. Para os funcionários dessas companhias, a notícia não é muito boa. Cortes de pessoal são inevitáveis quando ocorre uma fusão. Para o consumidor, ainda é cedo para saber.

Aqui no Brasil, costumamos torcer o nariz para os grandes conglomerados de mídia. Sonhamos com um mundo em que floresçam milhares de jornais, canais de TV e plataformas independentes, todos gozando de excelente saúde financeira e garantindo uma pluralidade de vozes. Na vida real, não é assim que funciona.

Fusões e aquisições são bastante comuns na mídia americana. Duas décadas atrás, a própria Time Warner (como o grupo se chamava então) se juntou ao provedor de internet AOL.

O resultado foi desastroso. As culturas corporativas não combinavam, a AOL mostrou não ser tão rentável quanto se pensava e os acionistas ficaram ressabiados. A união foi desfeita em 2003.

Em 2018, a Time Warner foi comprada pela AT&T, um gigante das telecomunicações, e passou a se chamar WarnerMedia. Os novos donos vêm fazendo mudanças profundas em suas novas empresas. A HBO, por exemplo, vem tentando tornar sua programação mais popular e menos intelectualizada para atingir um público maior.

Em junho, chega ao Brasil a plataforma HBO Max, já existente nos EUA, que irá substituir a HBO GO. Ainda não há uma data definida para a estreia por aqui do Discovery +, o streaming do Discovery, que também já funciona por lá.

O que acontecerá com essas duas plataformas? Serão fundidas numa só para oferecer um catálogo mais rico e variado? Ou serão mantidas separadas com personalidades distintas, e talvez vendidas em combos promocionais como o Globoplay já faz com os canais Globo?

Por enquanto, é tudo especulação. Uma única plataforma talvez torne os preços mais acessíveis para o consumidor, o que seria ótimo. Mas também há o risco de uma padronização que elimine justamente as características que tornam tão atraentes os conteúdos dos dois grupos.

Podemos reclamar à vontade da concentração da mídia em poucos “players”. Para isto, existem as agências regulatórias. O fato é que, num mundo globalizado, as fronteiras se diluem e as conexões se intensificam. Novas fusões e aquisições já devem estar a caminho, e a nível planetário.