Tony Goes

A Fazenda 12: Público mantém Cartolouco, e isto é bom para o programa

Em tempos de quarentena, realities refletem melhor as mazelas da sociedade

Cartolouco - Instagram/realityafazenda_12

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Será que o Brasil finalmente aprendeu como votar nas eliminações dos realities de confinamento? Será que percebemos que tirar os vilões logo na primeira rodada faz com que a competição fique mais chata?

Talvez. O BBB 20 correu o risco de se tornar uma pasmaceira com as expulsões consecutivas de quase todos os bad boys, e a casa por pouco não virou um matriarcado onde nada acontecia. Mas a luta contra o machismo, que dominou o programa nas primeiras semanas, foi substituída por uma saudável discussão sobre racismo, e a edição de 2020 do realiy da Globo entrou para a história como uma das melhores de todos os tempos.

Racismo e machismo parecem estar dando as caras também em A Fazenda 12. Como se explica que tantos peões tenham votado em Rodrigo Moraes, um quase desconhecido? E por que oito homens se uniram para despachar Raissa Barbosa para a roça?

Rodrigo venceu a Prova do Fazendeiro e escapou da berlinda. Raissa foi salva pelo público: 44% dos votantes a escolheram para continuar no jogo. O primeiro eliminado acabou sendo Fernandinho Beat Box, que não suscitou maiores emoções em sua única semana confinado. Por isto mesmo, foi mandado de volta à civilização.

Mas a melhor notícia desta noite de quinta (17) foi a permanência de Lucas Cartolouco Strabko no programa. Ele e Jojo Todynho se confirmaram como os grandes astros desta largada. Não por bom comportamento, é claro. A funkeira conquistou as redes sociais com suas tiradas malcriadas, e ameaça tirar Gretchen do trono rainha dos memes. O ex-comentarista da Globo causou espécie com seus péssimos hábitos de higiene e sua língua destravada. Nenhum dos dois pode sair tão cedo.

A primeira semana de A Fazenda 12 teve problemas de áudio, que dificultaram a compreensão do que dizem os peões (de vez em quando, legendas cairiam muito bem). O pay-per-view do Play Plus também deixou a desejar, mostrando gente dormindo enquanto o pau corria solto em outro canto da sede. Mas é inegável que a Record marcou um golaço com seu reality, tanto no Ibope como na comercialização. Além do elenco bem escolhido, a emissora deu sorte: nunca houve um clima tão propício no Brasil para um reality de confinamento.

Por causa da pandemia, estamos todos confinados. Alguns de nós vivem em lockdown há mais de seis meses, saindo de casa só para comprar comida e remédios. O convívio forçado vem abalando casamentos e elevando tensões. Parece que estamos presos em um reality sem hora para acabar, em que a eliminação seria recebida com alívio.

Neste ambiente, o BBB e A Fazenda evoluíram para microcosmos mais perfeitos da sociedade ao largo. Daqui de fora, sentimos muitas das emoções a que os participantes são submetidos lá dentro: claustrofobia, frustração, raiva.

O momento político do país também fez com que discussões sobre a desigualdade, em todos os seus níveis, assumissem um protagonismo inédito no que deveria ser um entretenimento descompromissado. O BBB 20 brilhou por causa disto, e A Fazenda 12 só tem a ganhar se enveredar pelo mesmo caminho (o que é duvidoso – afinal, é uma atração da Record).

Mas esta nova consciência social não pode ofuscar a diversão. Sintonizamos A Fazenda 12 para dar risada e nos indignarmos, não para debater os problemas do Brasil. Por isto, é importante que Jojo, Cartolouco e demais exaltados do elenco não sejam defenestrados nas próximas semanas. O público precisa fazer este favor a si mesmo.