Revelada pelo Porta dos Fundos, Júlia Rabello acumula projetos em várias mídias
Depois de participar de três séries em 2019, atriz estará em novo humorístico da Globo
Júlia Rabello está completando 20 anos de carreira. Mas os 13 primeiros foram praticamente restritos aos palcos cariocas, com uma ou outra aparição fugaz na TV. Foi só em 2012 que essa atriz nascida em Niterói (RJ) alcançou projeção nacional, graças a um vídeo com menos de quatro minutos de duração.
“Sobre a Mesa”, um dos primeiros esquetes lançados pelo Porta dos Fundos, já soma mais de 25 milhões de visualizações, e imortalizou a frase “o que eu quero, Mário Alberto?” –que a própria Júlia diz, aos risos, que vai estar inscrita em sua lápide.
De lá para cá, Júlia fez novelas, filmes e séries. Só em 2019 foram três: “Mal Me Quer”, no canal Warner; “Shippados”, no Globoplay; e “Ninguém Está Olhando”, disponível há uma semana na Netflix.
“Foi um ano muito produtivo para mim”, comenta ela, em entrevista por telefone. “O mercado para os atores está mudando, com a entrada de grandes empresas internacionais”. Mesmo assim, Júlia diz que ainda se sente uma equilibrista de pratos, correndo de lá para cá para não deixar nenhum deles cair no chão.
Mas as oportunidades não têm faltado. No dia da entrevista, Júlia estava no festival de Brasília, onde o filme de suspense “Volume Morto”, dirigido por Kauê Telloli, era um dos concorrentes –seu primeiro trabalho em chave dramática em alguns anos.
Em janeiro, Júlia estará de volta à Globo, no novo humorístico “Fora de Hora”, ao lado de Marcelo Adnet, Marcius Melhem, Paulo Vieira, Luana Martau e Luís Lobianco, outro ator que ganhou evidência graças ao Porta dos Fundos.
Lobianco também estava com Júlia no elenco de “Shippados”, a última série escrita por Fernanda Young, em parceria com o marido, Alexandre Machado. “Sinto muito a ausência dela em um momento como este”, diz Júlia, que lista séries de Fernanda como “Os Normais” e “Aspones” como grandes influências.
Segundo ela, o momento é mesmo complicado. “O atual governo não tem apreço nem interesse pela cultura. Eu estou atordoada”. Mas logo acrescenta: “Eu não sou romântica com o ser humano. Somos capazes de fazer coisas maravilhosas e bizarras ao mesmo tempo”.
“O mundo era uma fazenda. Aí, a tecnologia mudou tudo e a humanidade inteira foi morar em um conjugado”, ri Júlia. “Visões de mundo totalmente distintas, todos discutindo com todos. Aqui no Brasil é ainda pior, pois somos um povo cordial –no sentido de fazermos tudo com o coração, nos deixarmos levar pela emoção. Mas eu não entro em briga. Trato todo mundo com educação. Acho que eu já nasci com 40 anos de idade!”.
A internet também tem um lado bom. “Estou vivendo uma novidade fantástica, que é chegar a 190 países ao mesmo tempo”, admira-se a atriz, referindo-se ao lançamento internacional de “Ninguém Tá Olhando” pela Netflix. “Tenho recebido comentários do mundo inteiro nas minhas redes sociais, alguns escritos em alfabetos que eu nem sei decifrar”.
Outro projeto de Júlia para 2020 é voltar a fazer teatro. Ela está longe dos palcos desde que a peça “Atreva-se”, onde atuava ao lado do ex-marido Marcos Veras, saiu de cartaz em 2014, depois de mais de dois anos rodando pelo Brasil.
“Quero montar um texto inédito, que está sendo escrito pelo dramaturgo Gustavo Pinheiro”, diz ela. Mas imagina que não vai ser fácil: os mecanismos de financiamento público à cultura estão sendo desmontados.a
Júlia também quer aprender a escrever roteiros: fez um curso na Roteiraria, a escola do roteirista José Carvalho, uma das mais reputadas do Brasil. E segue há três anos no comando do “Fale Conosco”, o programete que responde às perguntas dos espectadores do GNT, exibido no YouTube do canal.
Nada mau para quem despontou para a fama avisando ao marido que só tinha fruta como sobremesa.