Antes de ser jurada, Iza foi convidada a competir no The Voice Brasil
Profissional há apenas quatro anos, cantora teve ascensão meteórica
Será que Iza nasceu pronta, qual Vênus emergindo das águas? Há apenas um ano e meio, a carioca de quase 29 anos (completos no próximo dia 3 de setembro) era desconhecida do grande público.
Depois de três grandes hits – “Pesadão”, “Ginga” e “Brisa” – e um elogiado álbum de estreia, “Dona de Mim”, ela agora ocupa uma das quatro cadeiras do The Voice Brasil (Globo), ao lado de veteranos com décadas de estrada.
O curioso é que, antes da fama, Iza foi convidada duas vezes a competir no reality musical. Os olheiros do The Voice descobriram seu canal no YouTube, criado por ela aos 25 anos, quando decidiu virar cantora profissional. Só que Iza recusou: simplesmente, não teve coragem.
“Quando vi o programa depois de um desses convites, tive uma crise de choro”, conta ela. “Aqueles cantores têm muita coragem em se expor daquele jeito. Mas eu não estava preparada para aquilo”.
Hoje, ela diz que o momento mais difícil do The Voice é ter que encarar os candidatos que não se classificaram. “Só que aquele não é o fim da caminhada deles. Temos tido sorte, porque são todos muito gratos pela experiência de passar por uma grande produção como esse programa”, acrescenta.
Ela atribui seu preparo à boa educação que teve: formou-se em comunicação pela PUC do Rio de Janeiro, trabalhou em produtoras e agências de propaganda, e chegou a passar em um processo de seleção da Globo para trabalhar como editora do Big Brother Brasil. Só que esse convite também foi recusado: àquela altura, ela já estava envolvida com seu canal no YouTube, onde editava os próprios vídeos cantando em inglês e português.
“Eu era bem pequena quando tive meu primeiro contato com o inglês. Minha família se mudou para Natal (RN) quando eu tinha seis anos de idade e, enquanto não fiz amigos, eu me distraía com a coleção de CDs do meu pai. Cantava junto, acompanhando as letras pelos encartes, sem entender nada!”
Hoje ela fala inglês fluentemente, mas ainda não sente que esteja na hora de tentar uma carreira internacional. “Eu acabei de chegar! E para fazer carreira lá fora é preciso ter uma equipe lá fora, ter cabeça para estar lá fora”.
Já para trabalhos como atriz, está mais aberta. Fez uma participação no humorístico “Vai Que Cola” (Multishow) e dublou a leoa Nala na nova versão de “O Rei Leão”. “Foi muito difícil dublar! Eu tive que interpretar sozinha em uma sala, tentando encaixar a voz na boca do personagem, e ainda por cima com a voz da Beyoncé no meu ouvido!”
Pergunto se ela teve algum contato com a americana, que fez a voz de Nala em inglês. “Não, ainda bem! Porque eu ia morrer...”
Iza faz parte de uma nova geração de cantoras negras brasileiras que estão tendo muito sucesso, como Ludmilla e Karol Conka. Elas vêm preencher uma lacuna: ainda temos poucas grandes estrelas negras, como Alcione e Elza Soares, apesar de muitas vozes talentosas. Algo mudou?
“Sim, mudou”, responde ela. “Quando eu era pequena, quase não se via negros na TV. Nem minhas bonecas eram negras! E é muito importante para uma criança se ver representada, até nos brinquedos que têm. Quando ela não se vê na TV, começa a achar que ali não é lugar para ela. Mas hoje os negros estão mais presentes, pois perceberam que as barreiras estão caindo.”
“Eu sou muito grata a todas as cantoras que vieram antes de mim, e torço para as que estão chegando depois, como Aline ou Xênia. O mercado está se abrindo para todas nós”.
Além de brilhar na música e na TV, Iza também já estrelou campanhas publicitárias. No momento, ela é a garota-propaganda do site OLX, de compra e venda de objetos usados. Brincando com o slogan da marca, pergunto a ela qual foi a coisa mais difícil de que já se desapegou.
“Das minhas bonecas Barbie, que eu passei adiante quando tinha 12 anos”, ri ela. “Todas as minhas amigas estavam se desfazendo das bonecas, e eu me senti na obrigação de fazer a mesma coisa. Me arrependi no segundo seguinte! Mas hoje eu comprei outras, então está tudo certo”.