Tony Goes

A mudança mais urgente no BBB é no sistema de votação

Campanha #1VotoPorCPF agita redes sociais, mas não deve surtir efeito

Hariany corta brincadeira de Rízia sobre Eliminação e Gabriela garante: 'Prefiro o silêncio' - Globo

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São Paulo

Na próxima sexta-feira (12), termina a pior edição do Big Brother Brasil de todos os tempos. O elenco foi mal escalado. A audiência caiu. A repercussão, quando houve, foi largamente negativa.

Parte dos problemas pode ser creditada ao desgaste natural do formato. É óbvio que qualquer programa cansa – ainda mais depois de quase duas décadas no ar. A versão brasileira do Big Brother, uma das mais longevas do mundo, não iria mesmo durar para sempre.

Ao longo desses anos, a produção do reality foi introduzindo pequenas mudanças nas regras, mas o essencial permanece intocado. Até o perfil médio dos participantes continua o mesmo de sempre: gostosões e gostosonas na casa dos 20 anos, sem travas na língua nem conteúdo no cérebro. Os demais estão lá como coadjuvantes.

Mas os objetivos dessa galera mudaram. No começo, além de faturar os diversos prêmios, muitos sonhavam em engatar uma carreira no showbiz. Uns poucos conseguiram, como Sabrina Sato e Grazi Massafera. Outros sobrevivem da fama de ex-BBB até hoje, fazendo “presenças VIP” em eventos pelo país afora.



Atualmente, o que interessa mesmo é conseguir seguidor para as redes sociais. E, por conseguinte, atrair patrocinadores. Isto explica a apatia de alguns dos concorrentes deste ano: preferiam não fazer marola e continuar no jogo, ao invés de se expor e entrar em disputas para valer.

A Globo com certeza já se deu conta disso, e os critérios de seleção devem mudar para a edição de 2020. Gente mais “desconectada”, sem muita presença online, deve ser escalada no ano que vem.

Mas há uma mudança ainda mais necessária: a cada paredão, o espectador só poderia votar uma vez. Não é o que acontece hoje em dia, o que favoreceu o surgimento dos “fandoms”: torcidas organizadas que votam em massa, inúmeras vezes, por seus queridinhos.

É o que parece estar levando Paula à vitória nesta edição. A mineira soltou todo tipo de declaração ignorante e/ou preconceituosa e revoltou muita gente, mas seu fã-clube está passando feito um rolo compressor sobre as reclamações.

Até surgiu na internet a campanha #1VotoPorCPF, que garantiria um resultado mais próximo à real popularidade dos jogadores. A tecnologia para tanto existe faz tempo, e seria facilmente implantada.

A atriz Alice Wegmann, da novela “Órfãos da Terra”, foi uma das que aderiu. Eu também apoio a campanha, mas duvido que ela surta algum efeito. A razão é simples: o número de votos por paredão iria despencar.

Se cada CPF tivesse direito a apenas um voto, Tiago Leifert não poderia mais festejar os 200 milhões de votos que os paredões mais acirrados costumam angariar. É claro que não é a população brasileira em peso quem está votando: são os “fandoms”, determinados a garantir a vitória de seus ídolos.

Esses 200 milhões são o último número de que o BBB ainda pode se gabar. Pouco importa que eles não reflitam a vontade da maioria do público, nem que favoreçam uma moça de opiniões mal informadas (para dizer o mínimo).

É por isto que eu duvido que o sistema de votação do programa sofra qualquer alteração no ano que vem. Mas, a médio prazo, ele irá reduzir ainda mais a relevância do programa. 

O Big Brother Brasil corre o risco de imitar o atual governo: se voltar para os fãs mais radicais, desprezando o resto do eleitorado. Nos dois casos, os prognósticos não são bons.