Série 'Dix Pour Cent' brinca com estrelas do showbiz francês
Isabelle Adjani, Juliette Binoche e outros interpretam a si mesmos
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Em meio à enxurrada de novidades que chega ao streaming todas as semanas, há uma série que não vem recebendo por aqui toda a atenção que merece: a francesa “Dix Pour Cent”, um grande sucesso na TV aberta de seu país de origem, cujas três temporadas já estão disponíveis na Netflix.
O título se refere aos 10% dos rendimentos de um artista que ficam com seu agente (mais conhecido no Brasil como empresário). A ação do seriado também se passa em um ambiente com que os brasileiros não têm muita familiaridade: uma grande agência de talentos, onde as crises e as intrigas fazem parte da rotina diária.
“Dix Pour Cent” tem uma estrutura folhetinesca, apoiada em quatro personagens principais: Mathias (Thibault de Montalembert), o profissional mais experiente da agência ASK; sua filha bastarda Camille (Fanny Sidney), que aparece de repente em busca de um emprego; a hiperativa agente Andréa (Camille Cottin), dona de um nariz formidável e de uma agitada vida sexual; e o atrapalha do Gabriel (Gregory Montel), que volta e meia deixa uma celebridade em apuros.
Em torno desse núcleo gravitam figuras como a bela recepcionista que quer ser atriz, a secretária apaixonada pelo chefe e a agente veterana que fuma sem parar e não desgruda de seu cachorrinho.
Mas o que confere um charme próprio a “Dix Pour Cent” são as participações especiais de grandes nomes do showbiz francês. Todos interpretam versões plausíveis de si mesmos, como clientes da ASK. Cada episódio é centrado em um desses astros, e as tramas são quase todas baseadas em casos verídicos.
Os produtores contam que, na primeira temporada, foi difícil convencer os famosos a se exporem no programa. Mas a audiência e a repercussão dessa safra inicial foram tão expressivas que, no segundo ano, atraíram estrelas de enorme quilate.
Isabelle Adjani é rejeitada por um jovem diretor, magoado porque ela recusou um papel no primeiro filme dele. Juliette Binoche não cabe no vestido com que deverá apresentar a abertura do Festival de Cannes. O cantor Julien Doré – pouco conhecido no Brasil, mas um superstar na França – dirige um filme horrível, que fracassa nas bilheterias.
O melhor episódio de todos é protagonizado por Isabelle Huppert, na terceira temporada. A atriz de “Elle” brinca com o fato de filmar muito: em “Dix Pour Cent”, ela está atuando em dois longas ao mesmo tempo, e quebrando o contrato de exclusividade que havia assinado com os produtores de um desses filmes. O imbróglio terá consequências que repercutem até o último capítulo.
Como cereja do bolo, ainda há a beleza de Paris e o próprio idioma francês, que empresta glamour às falas mais banais.
Ninguém precisa conhecer a fundo o cinema da França para se divertir com “Dix Pour Cent” (ou “Call My Agent”, como também aparece em algumas interfaces da Netflix). Basta se interessar pelos bastidores do mundo do entretenimento, tão conturbado como o de qualquer outra atividade humana.
Ah, e uma boa notícia para quem foi fisgado pela série: a quarta temporada já entrou em produção.