Rosana Hermann
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Tomara que Klara Castanho vença todos os processos

A Justiça demora e muitas vezes as indenizações são pífias, mas é preciso ir até o final

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A atriz Klara Castanho - Divulgação/Globo

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São Paulo

Não conheço Klara Castanho pessoalmente, mas nutro um carinho gigante por ela. Se um dia eu a encontrar na rua, num evento, num aeroporto, quero dar um abraço demorado e carinhoso, um abraço de solidariedade e sororidade.

E é justamente por torcer tanto por ela que celebrei mais uma vitória de Klara e seus advogados nessa semana. Dessa vez, Klara ganhou um processo por danos morais contra uma influenciadora chamada Adriana Kappaz, condenada em primeira instância a pagar R$ 70,6 mil à atriz por tê-la exposto em um momento de fragilidade, segundo o UOL.

Nunca tinha ouvido falar dessa influenciadora, mas achei um tanto quanto irônico (e cínico) que, em função de um trocadilho com seu nome, ela seja conhecida como Dri "Paz".

A matéria do F5, assinada por Anahi Martinho, também traz informações sobre outras pessoas processadas no mesmo caso, inclusive o hospital que vazou informações pessoais e sigilosas sobre a atriz. O hospital foi condenado, mas ainda cabe recurso.

Eu sei que o Brasil tem estatísticas absurdas, inaceitáveis, de mulheres que sofrem coisas horríveis, que vão de assédios e abusos a estupros e feminicídios. Mulheres e meninas, muitas menores de idade, que são violentadas por parentes, dentro de suas casas, uma chaga contra a qual temos que lutar incessantemente.

E que ao falar do caso de Klara, muita gente vai alegar que ela é famosa e tem recursos para enfrentar esse trauma, enquanto mulheres menos favorecidas não têm nem como contratar uma assistência psicológica, quanto mais um advogado. É verdade. As condições emocionais, sociais e financeiras podem ser diferentes, mas a dor de um abuso, o horror de um estupro, é igualmente traumático para todas. Mais do que nos solidarizarmos com todas as vítimas, temos que exigir leis mais severas contra os homens que cometem esses crimes. Temos que mudar nossa cultura, nossa forma de criar meninos.

Como sabemos, Klara sofreu um estupro, que resultou em uma gravidez. Depois do parto, o bebê foi colocado para adoção. E tudo isso era para ser uma questão íntima, familiar, privada. Com procedimentos feitos em um hospital que jamais poderia ter vazado informações.

Informações essas que, depois de vazadas, jamais deveriam ter sido repassadas e muito menos publicadas. E, independentemente da opinião de cada um sobre as decisões de Klara, ninguém tem direito de julgá-la. Ela é a vítima. Vítima a gente acolhe.

Só sei que há dois anos acompanho essa história e sempre que vejo mais uma notícia, mais um desdobramento, mais um resultado, faço questão de me atualizar. Sinto um afeto maternal por Klara e, ao mesmo tempo, celebro sua forma de enfrentar tudo com tamanha dignidade e coragem, em busca de justiça, exigindo seus direitos legais.

A Justiça demora, muitas vezes as indenizações são pífias diante do dano moral causado. Mas é preciso ir até o final. Lutar até a vitória.

De uma coisa Klara pode ter certeza: estarei sempre aqui, torcendo para que ela vença todos os processos. E, se um dia ela quiser, farei questão de entregar também o meu abraço.