O que há por trás de entrevista da mãe de Larissa Manoela a Chris Flores
Seja qual for o desfecho da crise familiar da atriz, apresentadora não fez nada de errado
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Chris Flores vai completar 20 anos de televisão no ano que vem. Formada em jornalismo, ela estreou em 2004 no programa Tudo a Ver, da Record, com um quadro sobre celebridades. Depois foi para o Programa da Tarde, virou colunista do Hoje em Dia e, em 2009, passou a fazer parte do time de apresentadores. Foi exatamente nesse ano que a conheci, quando eu fazia algumas participações ao vivo nesse programa.
Acompanhei a carreira de Chris e vi sua transformação profissional e pessoal nesse programa diário, inclusive o icônico caso da "Grávida de Taubaté" —desmascarado por ela própria, aliás. Conversei muito com ela nesse período, chorei com ela no banheiro do estúdio em momentos tensos na emissora. Não pense que na TV cada um faz o que quer. Em nenhuma empresa é assim. E, como Larissa Manoela nos mostrou, nem em famílias de famosos. Por isso celebrei quando Chris foi para o SBT em 2015.
Não sou parente, nem amiga íntima, nem advogada dela, mas até que exista alguma prova robusta em contrário, posso dizer que ela é uma jornalista séria, uma pessoa ética e corretíssima e que, por isso, me dói vê-la sendo injustamente atacada por causa da entrevista que ela fez com a mãe de Larissa Manoela, como se a vilã fosse a Chris.
Obviamente todos têm direito de não gostar da entrevista ou da forma como ela conduziu a conversa, porque é questão de opinião, de gosto, de torcida. Claro que seria mais divertido ver Silvana Taques de frente com Blogueirinha (amaria!), mas Chris é jornalista, e o jornalismo exige que todos os lados sejam ouvidos.
E mais: ela é contratada, e não dona da emissora. E a emissora é feita de muita gente, de muitas decisões. É evidente que para conseguir uma entrevista com Silvana é preciso haver conversas, ajustar termos. Toda entrevista envolve interesses —e isso não é nem imoral, nem ilegal, nem antiético. Um quer expor o seu lado, seja ele verdadeiro ou não, e o outro quer a audiência e a exclusividade. Sem contar que ainda tem a disputa entre Globo e SBT, já que o SBT ouve os pais enquanto a Globo ouve a filha.
Eu já havia opinado aqui na coluna sobre a carta que Silvana e Gilberto Elias mandaram para o Fofocalizando. Achei patético os pais de Larissa fazendo "contato" com a filha por meio de uma carta lida num programa de televisão. Como se eles não tivessem outros meios para chegar até a própria filha.
Mas, como trabalhei em TV a vida toda, entendo que isso tudo seja parte de um acordo, já que o tema é quente e promete muita audiência. Tanto assim que fizeram até chamada no Domingo Legal, para trazer mais audiência para o Fofocalizando nesta segunda-feira (21), quando a entrevista com Silvana foi exibida na íntegra. Só quem não entende nada de televisão acha que tudo o que se vê foi "decisão" de quem está na tela!
E, como é tudo no SBT, a entrevista tem a linguagem de uma novelinha, com musiquinha triste, lágrimas, momentos de infância dura, para amenizar a imagem de Silvana. A mãe que teve infância difícil, a mãe dobrando a roupinha da filha, o porta-retratos da família colocado estrategicamente ao lado dos cabelos de Silvana, os clichês de "mãe é para sempre", o argumento do "bebê na barriga respirando através da mãe" não pareciam conter emoção verdadeira. Também não me convenceu a frase "se eu pequei por excesso de zelo" nem o "qual é a mãe que não erra?". Sem contar que Silvana nem menciona o nome do namorado da filha.
Do figurino de mãe recatada à falta de maquiagem, tudo me pareceu uma encenação. Até porque eu vi no Fantástico o que Silvana escreveu para a filha em dezembro, dizendo "esqueça que sou sua mãe". Não é exatamente o tipo de mensagem que uma mãe mande para sua filha no Natal, por mais contrariada que esteja.
Seja qual for o desfecho dessa crise familiar entre Larissa e seus pais, Chris Flores não fez nada de errado. Não tomou partido de Silvana, não atacou Larissa. Ela está fazendo seu papel como apresentadora, jornalista e funcionária do SBT. Daí a dizer que ela está "afundando sua carreira" ou "participando de uma segunda farsa depois da grávida de Taubaté" é fazer drama de internet e assinar atestado de desconhecimento jornalístico e empresarial.
O caso todo poderia servir para aprender muita coisa, sobre fama, fortuna, ambição, vaidade, relações familiares, gerenciamento de carreira. Mas usar essa história para cancelar Chris Flores é tão errado e injusto quanto uma mãe mandar a filha à merda no Natal ou regular R$ 10 para comprar um milho.
Para Chris, mando todo meu amor. Para os pais de Larissa, dedico aquele verso de Gloria Groove: "A bonequinha…está fora da caixa!".
Voa, Lari.