Lembra quando Carlinhos Maia era pobrinho? E mostrava a vida da família e seu dia a dia de um jeito engraçado na cidade de Penedo, em Alagoas? Eu lembro mais ou menos. Sei que ele começou a postar vídeos no Facebook e bombou loucamente, mas sem ganhar dinheiro, como ele mesmo conta. Depois ficou com inveja das blogueirinhas de moda que faturavam alto no Instagram e abriu um perfil na plataforma em 2013. Sua ideia foi fazer alguma coisa parecida com o Chaves e assim, passou a falar de sua vila, a Vila Primavera. A estratégia deu certo. O alcance explodiu.

Praticamente a Internet toda riu e chorou de emoção quando Carlinhos deu uma casa de praia para sua mãe, um antigo sonho dela. O sucesso foi aumentando, os seguidores chegavam aos milhões e o resto é Stories. Carlinhos Maia virou um fenômeno mundial. Em 2016, ele se tornou a segunda pessoa mais seguida do mundo, atrás apenas de Kim Kardashian.

O anonimato virou fama, os stories viraram programa de TV, a simplicidade virou fortuna, as amizades viraram contatos com pessoas poderosas e a humildade virou ostentação. Hoje, quem entra no perfil de Carlinhos no Instagram percebe o quanto 26 milhões de seguidores e um punhado de empresas afetaram sua vaidade. Ele só não posta nudes abertamente porque a plataforma não permite. Mesmo assim, vira e mexe, tem nude vazado.

Uma superexposição como essa realmente impressiona e afeta as pessoas para o bem e para mal. Sim, porque se por um lado isso gera mais seguidores e mais renda, por outro, desperta a cobiça. Recentemente seu apartamento invadido e R$ 2,5 milhões foram roubados em bens como joias e relógios. A polícia encontrou um dos bandidos que revelou em depoimento, que ele acompanhava a vida de Carlinhos pela rede social, que ele postava tudo, exibia tudo o que tinha e ele, o bandido, viu ali uma oportunidade.

Tudo isso faz sentido, a gente consegue compreender que um processo tão avassalador de enriquecimento mude totalmente a pessoa. O que eu queria entender não é o Carlinhos Maia. Eu queria entender o comportamento coletivo do público, de todas as pessoas que fizeram a fama e a fortuna dele.

Será que as mesmas pessoas que gostavam de ver sua vida simples de pobreza, passaram a gostar de seguir seu luxo e sua riqueza? Será que as pessoas que antes se emocionavam agora acompanham as histórias para gongá-lo? Será que elas acompanham a trajetória como quem vê uma novela ou um conto de fadas no estilo Cinderella?

Na busca por respostas, joguei 'Carlinhos Maia' e deixei o Google completar e um dos resultados me deu uma pista: "antes e depois". É isso, as pessoas gostam de histórias de superação. Gente que sai do nada e chega ao tudo. Tem até nome esse tipo de roteiro de filme americano, "from rags to riches", "dos trapos à riqueza".

Saber que alguém conseguiu fazer a jornada de sucesso assegura que esse sonho é possível. O pensamento é "se ele conseguiu, quem sabe eu também consiga…" Deve ser por isso que, por mais improvável que seja, por mais que o famoso seja cancelado, por mais que se torne um exibido, ninguém dá "unfollow". Porque como aprendemos com a Xuxa, ninguém quer deixar de seguir seus sonhos.