Em seus últimos dias como Miss Universo, Sheynnis Palacios, 24, reflete sobre um ano de grandes conquistas e desafios. A nicaraguense, que foi eleita em novembro de 2023, afirma que o título foi "um sonho realizado" e que sua vida mudou de forma irreversível após a conquista.

Perante os olhos do mundo todo, ela vai coroar sua sucessora na noite deste sábado (16), a partir das 21h (horário de Brasília), na Cidade do México —com transmissão ao vivo no YouTube.

"Tem sido um sonho realizado! Conhecer mais de 30 países aos 20 e poucos anos, conhecer diferentes culturas, enriquecer com essas experiências... tudo isso superou minhas expectativas. O mais bonito foi descobrir um diferente lado de mim mesma. Agora, uma nova versão da Sheynnis está começando, já sem a coroa de Miss Universo", disse ela em conversa exclusiva com a coluna.

"Estou muito sentimental, não vou negar. Eu achava que estava pronta para a chegada de novembro e entregar essa responsabilidade da faixa e da coroa. Mas agora percebo que ainda abraço com muito carinho e respeito o título de Miss Universo 2023", contou.

Além de todo o glamour e correria do posto, entre fotos e gravações, Sheynnis se dedicou a promover também temas importantes, como o da saúde mental. Ela conta que usou suas redes sociais para compartilhar sua experiência pessoal e ajudar pessoas que, como ela, enfrentam ansiedade — especialmente aquelas que não podem arcar com o custo de tratamento psicológico.

"Eu aprendi a reconhecer o poder que tenho como mulher e a visibilidade que esse título me proporcionou para falar sobre diversos temas. Pude ajudar tantas pessoas que me acompanham nas redes sociais e em diferentes plataformas de mídia nos países que visitei", explicou. "Graças à terapia e ao apoio psicológico, desenvolvi minha inteligência emocional, e isso me permitiu oferecer muito mais ao mundo".

Este ano, a modelo fez duas visitas ao Brasil: na primeira, em fevereiro, ela foi convidada por uma marca de joias para curtir o Carnaval do Rio de Janeiro. Na segunda, em setembro, ela esteve em São Paulo, para a eleição da Miss Brasil deste ano. "Eu amo o Brasil! É um dos meus países favoritos no mundo, e me sinto muito afortunada de saber que uma das últimas vezes em que usei a coroa de Miss Universo foi em um dos meus lugares favoritos", revelou.

Antes de testemunhar a vitória da pernambucana Luana Cavalcante, 25, a atual Miss Universe Brasil, ela teve a oportunidade de passear pela capital paulista e falou sobre sua paixão pelo Carnaval brasileiro.

"Eu amo dançar e considero a dança uma forma de expressão e uma arte. O Brasil tem isso de uma maneira muito especial em seu carnaval no Rio de Janeiro. Eu sei sambar e isso me enche de energia! O som dos tambores e a magia que eles transmitem é algo incrível. Hoje em dia, não consigo perder uma chance de sambar ao som das tradições do Brasil", destaca. "Também adoro a gastronomia brasileira".

"Quero expressar minha gratidão. Obrigada por fazerem parte deste ano como minha família Miss Universo, por estarem perto de mim, me apoiarem e me transmitirem tanta confiança. Continuem apoiando cada uma das rainhas ao redor do mundo, mulheres poderosas que querem levantar suas vozes, apoiar causas sociais e se tornar agentes de mudança para o mundo."

SURPRESAS EM SEU PAÍS

Menos de um mês após ser eleita, em 18 de novembro de 2023, Sheynnis se deparou com uma surpresa bastante desagradável. A ditadura da Nicarágua entendeu que o triunfo da jovem no Miss Universo poderia ser usado como um artifício da oposição para afrontar o regime comandado por Daniel Ortega.

Com isso, o governo iniciou uma perseguição à Karen Celebertti Moncada, diretora do Miss Nicarágua, e seus familiares, acusando sua cidadã de "conspiração, difusão de informação falsa, traição e lavagem de dinheiro como parte de um complô para derrotar o governo".

A situação levou uma das donas do Miss Universo, a empresária tailandesa Anne Jakrajutatip, 45, se pronunciar a favor de Celebertti e afirmar que ia garantir que, tanto ela quanto Sheynnis, estivessem seguras. Outro resultado foi que Sheynnis tornou-se a primeira Miss Universo a não fazer o chamado "homecoming", que é quando a vencedora retorna a seu país de origem para celebrar a vitória.

A primeira atitude de Ortega após o Miss Universo 2023, foi confiscar as malas com as roupas usadas por Sheynnis no certame, incluindo o traje típico "El Zanate", inspirado em uma ave nativa do país. Após a repercussão negativa da ação na imprensa mundial, a ditadura voltou atrás e devolveu as roupas.

Já quando a própria Celebertti retornou à Nicarágua, junto com sua filha adolescente, ambas foram barradas e exiladas. Atualmente, ambas moram no México, onde fica uma das sedes do concurso.

Apesar da pressão política que enfrentou, Sheynnis se manteve firme em seu papel como defensora de mudanças sociais, sempre focando em seu compromisso com o empoderamento feminino e o bem-estar mental. Agora, com a coroa prestes a ser entregue, ela deixa um legado de coragem, determinação e luta.

"Desejo à minha sucessora que aproveite esta oportunidade única, faça amizades que durarão a vida toda e continue promovendo o que é bom para o mundo", finalizou a Miss Universo 2023, com os olhos voltados para o futuro e a certeza de que, embora seu reinado esteja chegando ao fim, seu impacto permanecerá.