Miss Universo 2022: 'Recebi muito hate, mas preferi ignorar', diz Miss Brasil Mia Mamede
Já nos EUA para o concurso, ela fala de seu reinado e da expectativa para o título mundial
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A capixaba Mia Mamede, 27, já está em Nova Orleans (EUA) para conhecer suas 85 concorrentes na disputa do Miss Universo 2022. A final está agendada para o dia 14 de janeiro, mas ela já está no confinamento, que dura cerca de duas semanas. Assim, mal curtiu o Réveillon —em São Paulo, com a família— e já pegou o voo no dia 2 de janeiro rumo à competição. Mas, antes disso, ela falou com a coluna e fez um balanço de seu reinado até o momento.
"Estou muito feliz e animada de representar meu país, que é uma gigantesca honra, então a ansiedade ainda não bateu", diz ela, quando questionando se a ficha de que é a Miss Brasil já caiu. "É algo tão fenomenal, que ainda me pego sonhando."
Mia foi eleita em julho do ano passado e, desde então, iniciou uma intensa rotina de aulas, planejamentos e decisões para obter o melhor desempenho no mundial —sempre sob o olhar atento da gaúcha Marthina Brandt, Miss Brasil 2015 e atual diretora-geral do Miss Universo Brasil. Ela levou consigo um total de 120 kg de roupas e acessórios, distribuídos em seis malas, fora as bolsas de mão.
"Me sinto mais confiante ainda. Tive a oportunidade de ter uma equipe fenomenal no Miss Universo Brasil, que me ajudou muito nesse sentimento. Me conheço melhor, aprimorei oratória, passarela, dança, aprendi muito sobre cabelo, maquiagem, tive orientação de nutrição, preparação física", explica.
Após o anúncio de que tinha sido eleita Miss Brasil, Mia também recebeu uma enxurrada de críticas nas redes sociais —a maior parte de internautas que apoiavam outras participantes. Sua família queria muito sair em sua defesa, mas ela pediu para que não se manifestassem. "Acredito que ignorar pode doer muito mais no outro do que retrucar, e vejo que não colocarmos energia naquela coisa negativa ajudou a diminuir demais essa prática de hate. Tanto que, hoje, eu quase não vejo mais mensagens negativas e o apoio cresceu demais."
Jornalista graduada na Universidade de Nova York, a Miss Universo Brasil fala fluentemente inglês, é apresentadora, influenciadora digital e se considera uma comunicadora nata. Se vencer, ela quebra um jejum de mais de 50 anos no certame, já que a última vez que o Brasil venceu foi em 1968, com a baiana Martha Vasconcellos. Confira abaixo a entrevista na íntegra.
Como você está se sentindo antes do concurso? Está muito ansiosa?
Há mais ou menos um mês que as pessoas me perguntam se eu estou ansiosa para o concurso. Sem dúvida, é o questionamento que mais recebo. Daí eu paro e lembro de quando apresentei o show do Réveillon de Copacabana, que foi o maior palco em que já pisei, e calculo que o Miss Universo vai ser o meu novo maior palco, com audiência de milhões de pessoas no mundo todo. No Rio de Janeiro, eu estava muito calma, pois eu amo subir no palco, me comunicar e me conectar com as pessoas, e sei que é isso que vou fazer agora. Estou muito feliz e animada de representar meu país, o que é uma gigantesca honra, então a ansiedade ainda não bateu.
Você sempre foi muito fã de concursos de beleza. Sua ficha já caiu de que hoje você é a Miss Universo Brasil?
Será que a ficha cai? Esse momento que estou vivendo é algo tão fenomenal, que ainda me pego sonhando. É muito engraçado, pois quando entrei nessa jornada, desde o [concurso] municipal, eu foquei em me preparar para o mundial. Eu não focava apenas na etapa, mas sim no objetivo final. Eu evitava falar isso, para que não me achassem prepotente, mas, hoje, que a realidade é exatamente essa, me sinto na liberdade de falar. Então, nem sei se eu quero que a ficha caia, pois está tão gostoso viver esse momento, que toda vez eu vejo que de fato vou disputar o Miss Universo, me assusto um pouco!
O que você acha que mais mudou, desde que foi eleita em julho, até agora?
O que mudou é que me sinto mais confiante ainda. Eu tive a oportunidade de ter uma equipe fenomenal no Miss Universo Brasil, que me ajudou muito nesse sentimento. A Marthina foi muito generosa e me ajudou muito, compartilhando comigo todo o seu conhecimento adquirido ao longo de anos de experiência, assim como os outros profissionais que me acompanharam. Me conheço melhor, aprimorei oratória, passarela, dança, aprendi muito sobre cabelo, maquiagem, tive orientação de nutrição, preparação física… Tudo graças a eles, que acreditaram em mim tanto quanto eu acredito.
Sua rotina mudou bastante? Como ela está hoje?
Quando fui eleita, em julho, minha rotina começou bastante intensa, e eu estava dormindo de 4 a 5 horas por noite, acordando entre 4h30 e 5h e indo dormir perto da meia-noite. Foi pesado e comecei a sentir minha a imunidade mais baixa. Fiz uma bateria de exames e decidi melhorar essa rotina, para chegar saudável ao concurso. Então passei a dormir 8 horas todos os dias, principalmente agora no final. Não tive sábados e domingos livres, mas tudo bem, pois é um momento da minha vida em que preciso abdicar de algumas coisas para me dedicar 110%.
Você conseguiu manter contato com a família depois do Miss Brasil?
Uma coisa essencial para mim nesse período, com certeza, foi manter o contato com a família. Eles sempre me apoiaram muito, mas não sentiram tanto minha ausência, já que eu morei seis anos longe deles quando estudei em Nova York, então já estavam acostumados. Um fato engraçado é que depois do título estadual, todos passaram a ser conhecidos como os parentes da miss.
Como você lida com mensagens de ódio e críticas nas redes sociais?
No início eu recebi muito hate e minha família sofreu muito com isso. Ao ver as mensagens nas redes sociais, eles ficaram muito irritados e tinham muita vontade de responder. Mas eu pedi para todo mundo evitar esse tipo de atitude, pois não ia agregar nada. Acredito que ignorar pode doer muito mais no outro do que retrucar, e vejo que não colocarmos energia naquela coisa negativa ajudou a diminuir demais essa prática de hate. Tanto que hoje eu quase não vejo mais mensagens negativas, e o apoio cresceu demais. Meus pais recebem muito elogio, as pessoas estão gostando da preparação, do conteúdo, e passaram a dar mais palpites sobre cabelo, maquiagem, o que fazer, como melhorar minha campanha, além de pitacos da minha vida pessoal.
Você achou que receberia esse tipo de mensagem negativa? Ou foi uma surpresa?
Eu sempre fui fã e já acompanhava o mundo miss, então sabia que essa prática de hate nas redes sociais ia acontecer comigo. No início, eu fui muito comparada à Julia Gama, que também sofreu muitos ataques quando foi anunciada. Lembro que, aos poucos, essa onda foi se desfazendo com ela, e acreditei que isso também ia acontecer comigo. Dei muito amor para todos os fãs e foquei em deixá-los orgulhosos. Acredito que quando as pessoas jogam baixo, o melhor a fazer é investir em dar o seu melhor e tratar com bondade e gentileza. Deu certo!
Como você lida com a torcida dos fãs nas redes sociais?
Eu acho que os hotpicks [pódios do concurso montado pelos fãs nas redes sociais] não significam o resultado do Miss Universo. São opiniões pessoais de fãs. Mesmo assim, considero um presente cada vez que um fã toma o tempo dele para editar, recortar fotos e expressar publicamente que ele vê potencial em mim e acredita em mim. Isso é maravilhoso, é uma honra.
Você chegou a ver o perfil das suas concorrentes? O que acha delas?
Eu acredito muito que o Miss Universo está buscando uma mulher autêntica, que sabe como é que vai se comunicar com milhões de pessoas. Portanto, o melhor que posso fazer é me tornar essa pessoa, em vez de ficar olhando para o lado e ver o que as minhas outras concorrentes estão fazendo. Essa não é a melhor estratégia.
Há poucas semanas a Miss Bolívia foi substituída, pois publicou um vídeo em que aparece zombando de candidatas, o qual ela disse que era parte de seu projeto social. Uma das misses criticadas era você. Como você lidou com isso?
Cada um vive um momento particular de evolução na vida, e eu sou uma pessoa que, se não tenho nada bom para falar, não falo nada. Se não for uma crítica construtiva, prefiro ficar calada. Eu sou muito conectada com o oceano, e um dos colares da minha coleção se chama gota, pois representa as águas do rio tentando chegar no oceano. Passar por todas as curvas para fazer esse trajeto, representa as nossas vidas. E como cada um de nós está em um momento, não podemos nos comparar ou julgar o próximo.
Recentemente saíram muitas notícias na imprensa dizendo que você era o novo "affair" do ex-marido de Wanessa Camargo. Pode confirmar essa informação?
Eu estou solteira. Na verdade, estou casada com o Miss Universo.
Qual a mensagem que você quer deixar para outras meninas que sonham em ser miss?
Acredite na gratidão. Quando a gente foca na gratidão, atraímos mais coisas boas para as nossas vidas, nos divertimos e curtimos mais cada experiência. Toda a ansiedade do mundo moderno e a depressão diminuem. Em todas as etapas da minha jornada como miss, agradeci e curti cada título como se fosse o melhor. Por causa das redes sociais, muitas vezes a gente quer sucesso imediato, mas, na vida, nada acontece da noite para o dia. E, se não presentificarmos, a vida passa. Minha vida não mudou da noite para o dia quando venci o Miss Brasil, foi uma construção de foco só na preparação. Quando eu estava ali, naquele palco, antes de ser coroada, eu agradeci a Deus, ao universo e falei: "Sou uma versão muito melhor da Mia que eu era um ano atrás. Independente do resultado, eu sou uma grande ganhadora, pois virei uma versão de mim mesma da qual tenho muito orgulho!".