Miss Brasil 2022: 'Escolho ser diplomática', diz Mia Mamede em 1ª entrevista pós-vitória
Capixaba que venceu o concurso nesta terça-feira (19) opta por não se posicionar politicamente
Capixaba que venceu o concurso nesta terça-feira (19) opta por não se posicionar politicamente
Com um currículo que inclui experiências no audiovisual, a capixaba Mia Mamede, 26, eleita Miss Universo Brasil 2022, quer exceder expectativas. A primeira delas foi justamente com sua coroação, que trouxe para o Espírito Santo o primeiro título nacional do concurso, em 68 anos de história.
Agora, ela quer trazer ao país a terceira coroa de Miss Universo, vencido pela última vez em 1968 pela baiana Martha Vasconcellos. Graduada em Jornalismo e Socioeconomia pela Universidade de Nova York (NYU), Mia concedeu à coluna sua primeira entrevista após a vitória, e falou sobre assuntos quentes do noticiário, como assédio, ódio virtual e política.
Articulada, ela tem posicionamento político, sim, mas opta por não torná-lo público nesses tempos estranhos que estamos vivendo. "Escolho ser uma miss diplomática. Prefiro não tomar um lado, principalmente num ano de eleições. Mesmo assim, a polarização extremista e a intolerância não são o caminho", comenta ela, que mora desde pequena no exterior.
Como toda mulher, Mia sente-se atingida pelos casos de abusos e agressões divulgados recentemente e, jornalista que é, e com a visão positiva da vida (coisa de miss), faz questão de exaltar o trabalho dos profissionais da notícia. "Todos esses casos virem à tona na imprensa, é algo que pode ajudar a botar esse tema em debate para começarmos a buscar uma solução", diz.
Atualmente, a Miss Universo Brasil 2022 comanda um programa de viagens e turismo em seu estado, onde também é dona da uma produtora de vídeos. Apaixonada por futebol, ela já trabalhou como repórter do extinto canal da Fox Sports no Brasil, durante a última Copa do Mundo. Além do português e inglês fluentes, ela se comunica ainda em espanhol, mandarim e francês.
Confira abaixo, a íntegra da entrevista.
Qual a sua opinião sobre a intolerância de opiniões políticas que o Brasil vive hoje, e o clima tenso pré-eleições?
O papel da miss pode seguir dois caminhos: ou ela é política e se posiciona, ou é diplomática e não se posiciona. Eu escolho ser uma miss diplomática, e não gostaria de tomar lados, principalmente num ano de eleições. Mesmo assim, a polarização extremista e a intolerância não são o caminho.
Como você enxerga esse momento que a mulher vive na sociedade brasileira, de violências e abusos?
Precisamos de mulheres no poder. Temos um machismo enraizado na nossa sociedade, que foi construída por lideranças masculinas. A miss ocupa posição de poder e liderança, e pode usar uma plataforma para ampliar a sua voz e influenciar pessoas. Quero ser um exemplo para outras meninas e mulheres. Só dessa maneira vamos direcionar as pautas para o caminho correto e mudar a sociedade.
Como vê essa onda de notícias sobre assédio e agressões a mulheres no Brasil?
Para alguma coisa mudar, precisamos primeiro reconhecer o problema. Esses casos virem à tona na imprensa, isso mostra que ela pode ajudar a botar esse tema em debate para buscarmos uma solução.
A sua antecessora, a cearense Teresa Santos, disse em entrevista para a coluna que "a miss sempre é muito julgada". Como você avalia a atuação dos haters nas redes sociais em relação às misses e também de uma maneira geral?
Tem muito hate nas redes sociais. Eu e as outras meninas do Top 5 gravamos, antes da final, um vídeo pedindo às nossas torcidas para que se unissem em prol da ganhadora, seja ela quem fosse. Temos direito à nossa opinião, mas precisamos aprender a criticar de forma produtiva, e não negativa. Esse é um dos legados que quero deixar.
Como você lida com os haters?
Desde pequena entendi que os hates e o bullying só nos afetam se a gente não souber quem somos. É uma questão de aceitação do nosso físico, emocional e preferências.
Quais opiniões você acha que vale levar em conta?
Valorizo a opinião da minha família, além de comentários construtivos e trocas de informações. Fora isso, tudo é dispensável e desnecessário. O hate é uma grande violência psicológica e emocional, e tem muita gente que não lida com isso da mesma forma que eu.
O que você sentiu quando ouviu seu nome no palco?
Fiquei emocionada, principalmente pois, na noite anterior, eu havia sonhado exatamente com o que aconteceu: que eu estava segurando as mãos da Rebeca [Portilho, Miss Amazonas] no palco, e que éramos as duas finalistas. Logo após receber a coroa, abracei as meninas, agradeci aos jurados e, automaticamente, procurei os olhares da minha família. A ficha só caiu mesmo uma meia hora depois.
Para o mundial, o que você acha que precisa aprimorar mais e menos?
Quero melhorar minha técnica de passarela. Tenho pontos para aprender na parte corporal, e a organização nacional vai me apoiar nisso. Expresso minha autoconfiança muito bem através da comunicação e, apesar de encaminhado, também vou dar atenção a isso.
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