Zapping - Cristina Padiglione

Mocinha da novela das nove da Globo será bandida às onze, no mesmo canal

Heroína de 'Terra e Paixão', Barbara Reis manda até matar em 'Todas as Flores', que será exibida mais tarde na TV aberta

A atriz Barbara Reis é a perigosa Débora em 'Todas as Flores' e a batalhadora Aline em 'Terra e Paixão' - Estevam Avellar/Globo

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São Paulo

A Globo arcará com uma infeliz coincidência no segundo semestre deste ano, quando for ao ar a primeira parte da novela "Todas as Flores", já vista pelo Globoplay. No momento em que a história de João Emanuel Carneiro for apresentada à audiência da TV aberta, na faixa das 23h, Barbara Reis estará no centro do imaginário do público como a heroína de "Terra e Paixão", folhetim de Walcyr Carrasco que estreia em maio, sucedendo "Travessia", às 21h30.

A questão é que na trama que irá ao ar às onze da noite, a mesma Barbara, mocinha das nove, é a bandida Débora, par e cúmplice de Sansa (Angelo Antônio), o líder de uma facção que comanda o crime organizado de dentro da cadeia. Sedutora e perigosa, ela é encarregada de monitorar o belo Diego (Nicolas Prates) em um plano de vingança mirabolante encomendado por Sansa.

Já em "Terra e Paixão", seu papel é de uma professora que perde o marido assassinado por uma disputa de terras no Mato Grosso do Sul. Sem nunca ter plantado uma semente, ela enfrentará todo tipo de adversidade que movimenta a cobiçada riqueza do agronegócio. E será alvo do amor não de um bandido, como em "Todas as Flores", mas dos belos herdeiros ricos Cauã Reymond e Johnny Massaro, que são meio irmãos.

Outra coincidência infeliz e que o próprio Angelo Antonio também estará nas duas novelas, mas será mau nas duas histórias. Na sucessora de "Travessia", o ator será Andrade, personagem que servirá para abordar a questão da violência doméstica ao lado de Débora Falabella.

O sujeito também vai chantagear a cunhada, Anely, personagem de Tatá Werneck, ao descobrir que ela faz striptease pela internet.

ANTIGAMENTE NÃO PODIA

Nos tempos em que a Globo era pilotada por Boni --José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, vice-presidente de Operações da emissora--, esse tipo de coincidência era inadmissível. O poderoso chefão do plim-plim recomendava inclusive que evitassem novelas no Vale a Pena Ver de Novo que trouxessem atores que, naquele momento, estivessem em destaque em alguma das novelas inéditas da Globo.

Hoje, com o volume de produções no streaming e tantas obras exibidas em primeira mão para assinantes, e depois na TV aberta, tem sido difícil evitar a simultaneidade de elenco. Seria uma pena abrir mão do protagonismo de Barbara Reis na trama de Carasco em função de um papel secundário em outro folhetim.

Mas a repetição de Angelo Antonio aponta, no mínimo, que há espaço para maiores revezamentos nas escalações das produções da Globo.

No ano passado, Renato Goes, Enrique Diaz e Leopoldo Pacheco saíam de "Pantanal" para ressurgirem em outras novelas, ainda durante a exibição da saga dos Leôncios. Mais bem informado sobre esses processos de gravação que nos tempos de Boni, o público até sabe discernir um personagem de outro, mas haja imaginação para que um papel não remeta a outro, estando ali o mesmo ator em duas versões.