William Bonner bate Cid Moreira e se torna o apresentador mais longevo do Jornal Nacional
Jornalista acaba de completar 1 mês a mais que o veterano no telejornal de maior alcance no Brasil
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Editor-chefe do Jornal Nacional, William Bonner, 58 (59 em uma semana), acaba de se tornar o apresentador mais longevo do Jornal Nacional, superando o histórico de bancada de Cid Moreira, locutor que mais tempo havia sustentado a apresentação do principal telejornal do país.
Moreira estreou junto com o JN, em 1º de setembro de 1969, ao lado de Hilton Gomes, e ficou no posto até março de 1996. Contracenando com Moreira, o JN teve Sérgio Chapelin pela maior parte desse período, inclusive quando se encerrou a era dos locutores no noticiário, em março de 1996. Mas a cadeira também foi ocupada por Celso de Freitas, atualmente na Record.
Já Bonner estreou como apresentador do JN em 1º de abril de 1996, ao lado de Lillian Witte Fibe, que permaneceu na função por dois anos, passando o posto a Fátima Bernardes em 1998. Em 2011, veio Patrícia Poeta e depois de três anos, Renata Vasconcellos, atual dona da cadeira.
Com isso, Bonner chega a 26 anos e sete meses de JN, ante 26 anos e seis meses cumpridos por Cid Moreira.
MUDANÇA CORAJOSA
A troca de locutores por jornalistas em 1996 foi considerado um ato de ousadia do novo diretor de jornalismo da Globo na ocasião, Evandro Carlos de Andrade (1931-2001), vindo então do jornal O Globo. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que ainda era vice-presidente de Operações da Globo, considerou arriscada a troca, em razão da larga tradição representada pelo "Boa Noite" de Cid Moreira, quase uma instituição nacional naquele tempo.
Mas Evandro, homem de confiança de Roberto Marinho, assumiu o posto em 1995, sucedendo Alberico de Souza Cruz, em um momento em que o jornalismo da Globo passava a ter mais autonomia em relação ao comando geral da TV, reportando-se diretamente à família Marinho.
Evandro defendia que os apresentadores do JN tivessem conhecimento de causa e efeito sobre o que estavam noticiando, e embora ainda fosse raríssima, naquela época, a abertura para entrevistas ou intervenções ao vivo que estivessem fora do teleprompter, era necessário contar com profissionais capazes de conduzir situações de emergência.
Cid Moreira e Chapelin não tinham qualquer responsabilidade sobre as notícias que liam. O veterano se diverte ao contar que era abordado e cobrado nas ruas pelas notícias que dava, mas a redação não lhe cabia. Bonner, ao contrário, assumiu com a função de chefiar a edição do noticiário que comanda.
A mudança de locutores por jornalistas, em especial pela tradição representada por Moreira, era comparada a uma manobra de um boing em pleno voo. Na era pré-internet, o JN somava cerca de 60 pontos de audiência diariamente, um patamar hoje inalcançável até para final de Copa do Mundo.
Boni achava que Evandro poderia ter trocado um locutor de cada vez, e não os dois de uma só tacada, mas o novo chefe do jornalismo bancou a mudança e passou a preparar o JN para o futuro que encontraria oportunidade de vermos candidatos à presidência ou novos chefes de estado sendo entrevistados ao vivo no noticiário de maior alcance do país.
Sobre o futuro, há quem assegure que Bonner vai se dedicar a funções de bastidores e reduzir sua carga horária à frente das câmeras a partir de 2024. A esta coluna, Bonner disse especialmente que não tem planos de deixar o JN e está à disposição da empresa para os projetos que lhe forem destinados.