No ar em 'Além da Ilusão', Malu Galli ensaia estreia como autora
Atriz trabalha no roteiro de duas séries; em um dos projetos, ela pretende atuar
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Com mais de 30 anos de carreira no teatro, no cinema e na televisão, Malu Galli, 50, decidiu se dedicar a uma nova paixão: o roteiro. A atriz, que já está familiarizada a acrescentar pontos, vírgulas e suspiros às personagens que recebe, agora se prepara para escrever as próprias histórias.
À coluna, a artista conta que se encontra ainda em um momento embrionário do projeto, em que as parcerias estão sendo firmadas, mas que já tem em mente quais produtos audiovisuais pretende desenvolver.
O primeiro é uma série biográfica sobre Niède Guidon, arqueóloga atuante há 50 anos na luta pela preservação da Serra da Capivara, no Piauí. O sítio arqueológico é um dos mais importantes do mundo, declarado Patrimônio Mundial da Unesco em 1991.
"Para além das revoluções científicas que ela fez, através dos achados arqueológicos dela, ela fez muita coisa lá no sertão do Piauí que as pessoas não fazem nem ideia", conta, entusiasmada. Segundo Malu, a produção vem sendo desenvolvida há algum tempo.
A segunda produção é uma série interativa inspirada em um texto teatral escrito pela atriz em 2016 para uma peça de teatro montada em 2019. "Já era uma peça que tinha um formato diferente e eu vou transformar numa série interativa. O nome da peça é 'Marta, Rosa e João', o nome de três personagens", conta.
Na apresentação teatral, as cenas e sua ordem são definidas a partir de um jogo de tarô logo no início do espetáculo. A criação também resultou na publicação de um livro homônimo, publicado em 2019 pela editora Cobogó.
Marta na comédia dramática, Malu conta que pretende atuar também na série. "Vou estar como atriz também. A princípio sim, a não ser que alguma coisa mude", observa, sobre eventuais mudanças.
"Acho que para mim, para esse momento da minha vida, isso vai ser muito legal, muito enriquecedor. Estou muito animada para ver esses projetos acontecerem", celebra a artista.
RE-ESTREIA
Sobre sair da frente das coxias, ou das câmeras, para pensar em como tudo vai ser, a atriz conta estar se divertindo. Segundo ela, apesar de novo, o processo tem sido natural e resgata vivências de sua experiência no teatro.
"Acho que esse é um desdobramento muito natural. Eu, como atriz, me considero autora dos meus personagens —principalmente no teatro, que eu fiz muitas peças em que a gente desenvolvia a dramaturgia em sala de ensaio, através de improviso. Então, eu acabava escrevendo os meus personagens, mas como atriz, em cena, atuando."
Apesar disso, o processo tem despertado novas sensações, que a atriz observa: "Você sentar em frente ao computador e escrever é uma outra relação com o contar histórias, uma outra relação com um texto. Quando eu escrevi essa peça, em 2016, me descobri ali também", conta.
"Eu senti muito prazer de fazer isso, de contar história, pensar o melhor formato, a melhor a palavra, a melhor frase, trabalhar o recorte. Gosto muito de pensar narrativa, e acho que sempre fiz isso através dos meus personagens —me preocupo, como atriz, em qual é a história que estou contando. E escrever é radicalizar esse foco."
Segundo Malu, a troca com a equipe envolvida na parceria a tem ensinado em seu novo ofício: "Estou fazendo uma uma escola de roteiro". "Vou aprendendo fazendo, que é como acaba que a gente mais faz nas artes", explica.
E engana-se quem pensa que ela gostaria de outra coisa: "O aprender na prática é, além de mais prazeroso, pelo menos para mim, muito enriquecedor, porque as coisas já encontram um destino imediato. O teu pensamento já está encadeado por um resultado, para um destino", conclui.