Zapping - Cristina Padiglione

'Pantanal' faz jus ao investimento e resgata audiência da Globo

Épico devolve à emissora índices próximos a 30 pontos na novela das nove

Joventino (Irandhir Santos) - João Miguel Júnior/Globo

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Com pico de 30,3 pontos na Grande São Paulo, a estreia de "Pantanal" fez jus ao alto investimento da Globo na produção e em toda a campanha de divulgação da nova novela das nove. Na contramão de sua antecessora, "Um Lugar ao Sol", de Lícia Manzo, o enredo de Benedito Ruy Barbosa adaptado por seu neto Bruno Luperi teve farto material de fotos distribuído à imprensa, parceria com Twitter e foi assunto de vários programas da Globo desde um ano e meio antes de estrear.

Mas o marketing de "Pantanal" poderia responder por parte desse crescimento, não pelo todo. O primeiro capítulo apresentou de fato uma superprodução, visivelmente mais cara que o padrão natural de novelas, dando a entender que a Globo gastou agora tudo o que achou muito oneroso há 32 anos, quando entregou o projeto de mão beijada para a Rede Manchete.

É preciso sublinhar, no entanto, que apenas o financiamento da aposta e a boa campanha de divulgação não se sustentariam sem uma história forte, com personagens altamente sedutores, e é isso que "Pantanal" nos traz agora, como foi isso que fez o público mudar de canal em 1990, ainda sem as imagens de drones, sem as câmeras em alta definição e com um nível de experimentação agora muito bem aproveitado no remake.

Os índices no PNT (Painel Nacional de TV) da Kantar Ibope, que soma as 15 regiões metropolitanas de maior consumo do país, apontam para uma média próxima dos 29 pontos. Os números foram publicados pelo site PopTV, com base nos relatórios do instituto, aos quais a publicação teve acesso.

Cada ponto na Grande São Paulo equivale hoje a 205.755 telespectadores. Já no PNT, 1 ponto é igual a 713.821 pessoas.

Certo estava Homero Icaza Sánchez, conhecido como "el bruxo", o bruxo das pesquisas internas que norteavam a Globo naquele tempo em que "Pantanal" foi recusada: a trama de Benedito era muito boa, avaliou o panamenho, e deveria ter merecido aposta da emissora pelo simples fato de embutir em uma saga familiar lendas capazes de mexer com o imaginário do público, como a mulher que vira onça e o homem que vira sucuri.

As sequências mais magistrais deste primeiro capítulo foram protagonizadas por Irandhir Santos e o "marruá", um tourinho de olhar entre marrento e afetuoso, mas de ação violenta, do qual outros peões fogem como o diabo da cruz. A edição, em competente montagem, simulou ações de absoluta reverência de Joventino ao bicho.

Em atuação comovente, Irandhir já arrebatou corações, e mesmo que seu Joventino saia de cena no começo da história, o personagem é uma âncora a permanecer na memória do público até o final da narrativa.

Além disso, o ator voltará como um filho bastardo de Zé Leôncio, vivido por Renato Góes nesta primeira fase e por Marcos Palmeira na segunda etapa. Irandhir será José Lucas de Nada, papel criado para aproveitar a fama de Paulo Gorgulho como Zé Leôncio jovem na versão original da novela.

O mesmo Gorgulho abriu os trabalhos do remake como um velho peão, figura que endossa a proposta da Globo de homenagear a produção original, do autor, Ruy Barbosa, ao diretor, Jayme Monjardim. Também por isso, a canção de Marcus Viana se repete na abertura, agora com releitura em acordes mais brandos na voz de Maria Bethânia. Ela é acompanhada pelas cordas de Almir Sater, que logo entrará em cena como chalaneiro, outro elemento icônico do tributo à novela de 1990.

Do texto à luz, da atuação à montagem, não houve defeito a olho nu nesta estreia. E ainda que a curiosidade tenha aguçado o público para ver o primeiro capítulo e algum arrefecimento do público sempre seja esperado para a chamada ressaca da estreia, convém notar que todos os esforços foram lançados na direção de agarrar uma plateia que havia desistido de ver novela na Globo.