Zapping - Cristina Padiglione

Efeitos especiais 'multiplicaram' figurantes em série sobre Holocausto

Diretor de 'Passaporte para Liberdade', Jayme Monjardim fala sobre experiência inédita imposta pela pandemia

Fila de famílias judias em frente ao Consulado Brasileiro - Jayme Monjardim

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São Paulo

Primeira parceria da Globo com a Sony Pictures Television, "Passaporte para Liberdade", que estreia na TV aberta no dia 20, tinha um cronograma de gravações muito bem planejado, quando começou a ser filmada. As cenas começaram por locações na Argentina, mas logo tiveram de ser interrompidas pouco depois de chegarem ao Brasil, por causa da pandemia.

O fato é que não seria tão simples retomar uma história de época que requeria sequências relevantes com muitos figurantes, como a reprodução da Noite dos Cristais, episódio de perseguição a judeus em novembro de 1938, que resultou em dezenas de vítimas.

Assim, quando a produção, inicialmente chamada como "Anjo de Hamburgo", pode voltar ao set, com mil protocolos de segurança, um ano depois de ter sido interrompida, outros desafios aguardavam pela equipe para a conclusão dos trabalhos.

Diretor-artístico de "Passaporte para Liberdade", o experiente Jayme Monjardim contou à coluna que nunca viveu nada igual. O jeito foi escalar um grupo de 20 figurantes que se tornou uma espécie de elenco extra, sobre o qual a produção tinha sob controle na testagem diária de Covid.

"A gente tinha um número limitado de figuração e tivemos que obedecer a uma mecânica. Usei muito do que aprendi com meus grandes mestres, como [Walter] Avancini e Paulo Ubiratan."

O diretor Jayme Monjardim - João Cotta/Globo

"Fizemos A Noite dos Cristais com 12 pessoas, mas parece que ali tem muita gente. Quero muito agradecer à tecnologia, que fez com que nós atingíssemos o resultado que atingimos, graças à computação gráfica. Foi bem difícil, mas valeu a pena. E agradecer muito à figuração", completa.

Monjardim afirma que é difícil ter noção da emergência enfrentada. "Tivemos 20 figurantes e eram sempre os mesmos, que se revezavam em dois grupos de dez. Foi uma experiência única. Em tempos de vacas magras do cinema, a gente faz coisas parecidas, mas num esquema maior é difícil. Queria até deixar um crédito a esse elenco extra."

Escrita por Mario Teixeira e Rachel Anthony, "Passaporte para Liberdade" foi toda gravada em inglês e será dublada na exibição da Globo. O acesso ao áudio original pode ser acionado pela tecla SAP ou pela mudança de configuração na exibição do GloboPlay.

ENREDO E ELENCO

Na série em oito episódios, Sophie Charlotte vive Aracy de Carvalho, brasileira que se mudou para a Alemanha em 1935, divorciada de seu primeiro marido e com um filho pequeno, Eduardo Carvalho, em busca de trabalho. Funcionária do Consulado brasileiro em Hamburgo, no setor de passaportes, ela viria a salvar muitos judeus da prisão e do Holocausto, ao facilitar a emissão de vistos para o Brasil.

A história se desenvolve a partir da convocação de João Guimarães Rosa (Rodrigo Lombardi) para ocupar o cargo de cônsul-adjunto do Brasil em Hamburgo. Os dois logo encontram sintonia e iniciam um romance, mas ele chega a hesitar ao saber que Aracy ajuda foragidos.

O elenco é composto por várias nacionalidades. Além de Sophie e Lombardi, estão na produção os atores Tarcísio Filho, como o cônsul Souza Ribeiro; Gabriela Petry, como a cantora de cabaré Vivi Landau, de família judia; João Cortês, como Wilfried Shwartz, soldado nazista; Bruce Gomlevsky como Hugo Levy, um dos judeus que recebe ajuda de Aracy; e Jimmy London como Mendel Krik, chefe da máfia judaica do porto de Hamburgo.

Entre os talentos internacionais, destacam-se os alemães Peter Ketnath e Stefan Winert, que dão vida ao capitão das tropas SS Thomas Zumkle e ao amigo e confidente de Aracy, Milton Hardner, respectivamente; o britânico Thomas Sinclair Spencer, que interpreta o facínora soldado nazista Karl Schaffer; a atriz israelense Sivan Mast que interpreta Helena Krik, jovem da resistência contra Hitler que se apaixona pelo judeu Rudi Katz, vivido pelo italiano Jacopo Garfagnolli; além da polonesa Izabela Gwizdak, que na trama é Margarethe Levy, esposa de Hugo (Bruce Gomlevsky), uma das pessoas que recebe a ajuda de Aracy e acaba se tornando sua melhor amiga; e o americano Brian Townes, que vive o nazista Comandante Heinz.