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Uma das maiores discussões quando o assunto é a contratação e a remuneração de mães no mercado de trabalho está ligada à diferença de tempo de pausa entre a licença-maternidade e a licença-paternidade.
Para as mães, a licença é de 120 dias. Em algumas empresas, chamadas de cidadãs, dá para ficar em casa por até 180 dias (seis meses).
No caso dos pais, o tempo é bem mais curto. Na maioria das empresas, é de cinco dias. Algumas oferecem licença maior, de até 20 dias, se aderirem ao Programa Empresa Cidadã.
A discussão gira em torno do quanto essa diferença faz com que mães fiquem fora do mercado por mais tempo, sejam alvo maior de demissões e tenham remuneração menor. O motivo é matemático, mas também social.
Quando uma mãe que tem carteira assinada se ausenta, seu salário segue sendo pago, sem que ela trabalhe. Nesses casos, a empresa fica sem a profissional por meses a fio. No caso dos homens, a remuneração de cinco a 20 dias de descanso segue sendo paga, mas os "prejuízos" seriam menores.
No caso das questões sociais, a licença maior para mães reforça o estereótipo de que a mãe é a grande cuidadora. Neste último ponto, sou crítica ao que dizem os críticos. Porque, de fato, nos seis primeiros meses, é a mãe quem nutre o filho de leite.
O pai não conseguirá fazer isso, mesmo que ele queira. Mas concordo com a questão matemática: se todos que têm filhos tivessem direito a licenças pelo mesmo período, a "disputa" entre homem e mulher ficaria igual no mercado.
O fato é que a natureza (é a mãe quem carrega, quem tem o parto e quem pode amamentar), o mercado de trabalho e a sociedade impedem, muitas vezes, a prática de uma paternidade ativa.
O que faz com que, em muitos casos, os homens se acomodem e sigam, por anos a fio, vivenciando o seu papel de coadjuvante na vida de um filho, não de protagonista. A boa notícia é que, com o passar dos tempos, os pais se tornaram mais conscientes e seguem sendo mais participativos.
Há ainda muitas falhas --e aqui falo de falhas mesmo, não de crimes como abandono paterno e violência doméstica ou até sexual-- que precisam ser sanadas.
A questão é que todos ganham com a paternidade ativa. Ganha o mercado de trabalho, à medida que as mães ficam menos cansadas e se tornam profissionais mais produtivas. Ganha a sociedade, pois quando a divisão de cuidados com o filho ocorre de igual para igual, formamos seres humanos ainda mais confiantes.
Por fim, ganha o pai, que consegue ter uma relação muito mais próxima com sua cria, o que é satisfação para uma vida inteira.
O pai precisa deixar de ser apenas o herói forte e responsável por resolver problemas como pagar as contas mais caras e deve ser o humano, que faz lição de casa, pensa no cardápio da semana e falta ao trabalho para ir à reunião da escola (alô, empresas, pai precisa ter seus direitos de paternidade respeitados também).
E quanto a nós, mães, o primeiro passo para uma paternidade ativa é naturalizar as atitudes dos pais e parar de parabenizá-los a cada brincadeira com o filho, lição de casa feita ou comida preparada. E, se a relação entre o pai do seu filho e o seu rebento não flui como você gostaria, a culpa não é sua. Não é a mãe quem determina como ela deve ser.