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'O Céu que nos Oprime', que inspirou o satírico 'Jojo Rabbit', é relato duro da Segunda Guerra

Livro narrado por criança é versão dura do filme que teve Oscar de roteiro

Livros "O Céu que nos Oprime" - Divulgação

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Com o mesmo mote de retomar o ponto de vista infantil para a Segunda Guerra Mundial, como foi o caso de “A Menina que Roubava Livros” (R$ 49,90, 459 págs., Intrínseca) e “O Menino do Pijama Listrado” (R$ 44,90, 192 págs., Seguinte), o título “O Céu que nos Oprime” (R$ 42,90, 252 págs., Bertrand Brasil) é também mais uma obra do gênero a ganhar versão para os cinemas (e a figurar nas listas internacionais de mais vendidas): está em cartaz como “Jojo Rabbit”, vencedor neste ano do Oscar de melhor roteiro adaptado.

Contudo, se a comédia dramática se vale do humor satírico para retratar as agruras do regime de Hitler (1889-1945), o livro assume um tom muito mais duro desde a primeira página, talvez por isso se aproximando mais de “O Menino do Pijama Listrado” (quem leu saberá por que). Outra licença poética é que ele não se passa na Alemanha, e sim na Áustria sob jugo da dominação nazista —conta também a anexação do país ao Reich alemão.

Nesse contexto, o menino Johannes narra em primeira pessoa o imenso orgulho de entrar para a Juventude Nazista, sem, entretanto, compreender o silêncio e os olhares preocupados dos pais. Jojo e seus amigos logo abraçam completamente as crenças hitleristas, assim como o ódio aos judeus, ensinado nas escolas e reafirmado dia após dia pelos professores.

Todavia, enquanto o menino Jojo se alistava ao Exército e começava a conhecer os horrores da guerra, seus pais faziam de tudo para esconder do menino que mantinham uma garota judia em casa durante a ocupação, algo que, se descoberto, poderia custar a vida de todos.

O ponto alto do livro e também o que consome a maior parte das páginas é a improvável relação que Johannes desenvolve com Elsa, quando descobre a menina escondida atrás de uma parede falsa de sua casa em Viena. O horror inicial do jovem logo dá lugar ao amor e, então, a uma obsessão doentia por ela. Depois a mãe de Johannes é enforcada em praça pública, e o pai desaparece. Ele se vê sozinho para dar conta da sobrevivência da avó, já bem debilitada e ainda sem saber do segredo, e de Elsa.

A narrativa não poupa cenas duras, tampouco dá espaço para que o leitor seja capaz de digeri-las. Entre os outros dois livros citados no primeiro parágrafo, é o melhor deles. O menos açucarado, o mais verdadeiro. A prosa sinistra dos tempos de guerra é poderosa, ambiciosa, convincente e mostra como certas coisas que nós amamos são muitas vezes as que mais nos oprimem.


MAIS VENDIDOS

FICÇÃO
1    “A Garota do Lago”, de Charlie Donlea (Faro)
2    “A Princesa Salva a si Mesma Neste Livro”, de Casa da Palavra (Amanda Lovelace)
3    “A Bruxa Não Vai para a Fogueira Neste Livro”, de Casa da Palavra (Amanda Lovelace)
4    “Eleanor & Park - Slim”, de Rainbow Rowell (Novo Século)
5    “Box -  Jane Austen - 3 Volumes”, de Jane Austen (Martin Claret) 

NÃO FICÇÃO
1    “A Arte da Sabedoria”, de Baltasar Gracián (Faro)
2    “Sapiens”, de Yuval Noah Harari (Publibook)
3    “Felicidade”, de Mario Sergio Cortella (Planeta)
4    “Mindset”, de Carol Dweck (Objetiva)
5    “Escravidão Vol. 1”, de Laurentino Gomes (Globo)

AUTOAJUDA
1    “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie (Companhia Editora Nacional)
2    “Mais Esperto Que o Diabo - O Mistério Revelado da Liberdade e do Sucesso”, de Napoleon Hill (CDG)
3    “Minutos de Sabedoria”, de Carlos Torres Pastorino (Vozes)
4    “Ansiedade”, de Carlos Torres Pastorino (Vozes)
5    “A Sutil Arte de Ligar o Foda-Se”, de Mark Manson (Intrínseca)

Fonte: Livrarias Saraiva (de 17 a 23.fev.2019)