Cinema e Séries

Globo tem explorado várias facetas de Karol Conká em documentário, diz consultora

Fabiana Bruno afirma que os dias de gravação têm sido intensos

Fabiana Bruno, presidente-executiva da Suba - Mathilde Missioneiro-10.mar.2020/Folhapress

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São Paulo

O Globopay prepara um documentário sobre Karol Conká, 35, no qual vai contar a história da rapper antes, durante e após ser eliminada do Big Brother Brasil 21, programa de confinamento da Globo. A artista foi eliminada com percentual recorde de 99,17% –a maior rejeição de toda a história do reality em 20 anos.

Fabiana Bruno, presidente-executiva da Suba, companhia de marketing de influenciadores que agencia 36 artistas, como Claudia Raia e Marcio Garcia, afirma que as gravações do documentário de Conká já começaram.

"Têm sido dias intensos de filmagens, e o time da Globo tem explorado diversas facetas da Karol, desde sua história de vida antes do BBB até como está acontecendo esse processo e esse enfrentamento dela com todas as questões que a fizeram ter os comportamentos que teve dentro da casa", diz Bruno, em entrevista ao jornal O Globo.

Equipes da plataforma acompanham a cantora desde a sua saída do Big Brother Brasil 21, e a ideia é mostrar a ascensão e a queda da artista. Segundo Bruno, a série terá viés jornalístico e mostrará "toda sua criatividade, sua faceta musical, artística, enfim, toda a inteireza dela mesmo". Ainda não há data para o lançamento.

Ainda na reportagem, Fabiana Bruno afirma que a primeira pergunta que fez a Karol Conká foi se "ela tinha consciência do que aconteceu e se ela queria cuidar disso". "Ela respondeu que sim, partimos desse lugar: da Karol querer ser uma pessoa melhor, um processo para o qual buscamos ajuda profissional, que leve à compreensão de que todos temos luzes e sombras, e que não gostamos de muitas sombras nossas, mas a forma de lidar com elas é olhando de frente e cuidar delas."

No início de março, Karol Conká participou de dois programas na Globo: Domingão do Faustão e Fantástico. A prática é incomum na emissora –Nego Di, por exemplo, que também saiu com forte rejeição do reality, não foi chamado para participar das atrações.

Nesta semana, Nego Di afirmou que recebeu uma notificação judicial da Globo por quebra de contrato de exclusividade. O humorista disse que, por considerar que não teve espaço para se defender na emissora, começou a falar com outros veículos de comunicação, como o Pânico, na Jovem Pan. O valor da multa, segundo ele, é de R$ 1,5 milhão, mesmo valor do prêmio para o vencedor do BBB 21.

Nos dois programas, Karol Conká voltou a pedir desculpas pelo seu comportamento no BBB 21. No Faustão, ela sinalizou ter se arrependido da decisão de entrar no reality. "Eu ainda não sei o que eu fui fazer lá dentro, o que eu fiz da minha vida. Tive uma crise de ansiedade, um distúrbio, dá para perceber, estava bem diferente do que eu já apresentava aqui fora, as pessoas que trabalham comigo também não me reconheceram."

Em entrevista ao Fantástico, ela se emocionou e relembrou de momentos da infância, quando se sentia rejeitada na escola. "Teve um momento marcante de uma professora falar: 'Você não conseguiu resolver essa equação, porque você é preta e nasceu para limpar privada."

Ela prosseguiu: "Um menino no colégio falou: 'mergulhe numa piscina de água sanitária para falar comigo.' Eu fiquei pensando: mas por quê? Aí eu vi que era porque dissolvia a cor. Aí eu molhei o dedo e fiquei passando no braço para ver se dava algum efeito." Karol Conká também disse que acreditava em Papai Noel e pedia para ser branca para não sofrer.

Questionada pela repórter Ana Carolina Raimundi sobre como ela via a relação entre a sua postura no reality, de atacar Lucas Penteado e outros participantes, e o seu passado, a rapper afirmou que foi péssima. "Ali é um estouro que me dá, falo coisas, entro na mente da pessoa para deixar ela triste, ela mal. Isso é um tipo de abuso psicológico também", disse.

Ela também foi indagada sobre, após ter saído do BBB 21, sempre manter as emoções controladas, mesmo após a forte rejeição. Karol Conká disse que criou essa blindagem por volta dos 13 anos, quando o seu pai morreu. "Estou achando péssimo estar chorando agora, já vou cessar ela. Não pode cair [a lágrima]", afirmou a cantora.

"Tenho que estar sempre forte. Acho que porque eu vi a minha mãe fazendo muito tempo isso ou porque a fraqueza está ligada à vulnerabilidade, mas não consigo me sentir forte vendo o que fiz na casa. Depois que a gente sai e vê as imagens, elas são muito perturbadoras", completou.

Sobre a sua carreira, que sofreu abalos por conta do BBB –festivais de música cancelaram a participação dela– Karol Conká afirmou que não imaginou que sua trajetória artística pudesse acabar por causa do reality. "Quantas pessoas não passaram por essa onda de cancelamento, e as carreiras não foram canceladas. Agora acabou o jogo, vamos parar por aqui, deixa ela viver a vida dela. Não ameacei ninguém de morte", concluiu.