'Quem não está ansioso está alienado', diz Débora Falabella sobre 'Depois a Louca Sou Eu'
Adiado pela pandemia, filme baseado no livro de Tati Bernardi estreia nesta 5ª
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É com uma mistura de coragem e ansiedade que a atriz Débora Falabella, 42, dá vida a Dani na comédia dramática "Depois a Louca Sou Eu" (2019), que estreia nesta quinta-feira (25) após ter sido adiada em 2020 devido à pandemia. Baseado no livro da escritora Tati Bernardi, colunista da Folha, dirigido por Júlia Rezende e produzido por Mariza Leão, o filme faz um retrato certeiro da chamada "geração Rivotril" [medicamento usado no tratamento da ansiedade bastante consumido no Brasil], como diz a diretora.
A trama se passa em São Paulo e conta a história da jovem publicitária e escritora Dani, que convive com a ansiedade desde que se entende por gente. Intensa e autêntica, a personagem desenvolve suas relações afetivas e mostra seu talento, enquanto luta contra seu descompasso com o mundo. "Dani é uma mulher que tenta sobreviver a si mesma", diz Júlia Rezende.
"É um retrato da ansiedade bem escancarado", afirma Débora Falabella, em entrevista ao F5. "Nós não tivemos medo de falar sobre os remédios, nomes e terapias." De maneira leve, o filme busca provocar identificação e reflexão sobre um tema atual, mas ainda considerado um tabu. “As pessoas estão cada vez mais precisando cuidar da sua saúde mental", completa.
Para Mariza Leão, é necessário "irmos às salas de cinema para mostrar que estamos vivos", e o lançamento do longa, por mais que tenha atrasado em quase um ano, "chega em boa hora, com as salas de cinema respeitando todos os protocolos de segurança contra Covid-19". "É bom falar sobre o filme, falar sobre o cinema, porque estamos com a cultura muito fragilizada nesse momento", diz Falabella.
O longa ainda explora a relação da protagonista com a mãe, Sílvia, que também é ansiosa, interpretada por Yara de Novaes, 54. A atriz conta ter buscado inspiração em si mesma e na sua experiência como mãe: "Percebo um conflito que nós vivemos entre lidar com todas as nossas fragilidades e, ao mesmo tempo, ter uma relação de certeza com aquela filha."
Além das relações familiares, Dani se apaixona ao longo da história. Gustavo Vaz, 36, interpreta Gilberto, o psicoanalista que sofre de ansiedade e depressão. "Gilberto é construído a partir da vulnerabilidade", diz o ator. "O encontro entre Gilberto e Dani é de angústias. E é muito bonito de ver quando você se descobre não sozinho no mundo, se descobre par de alguém", completa.
Gravado em 2019, antes da pandemia, o longa teve sua estreia adiada, mas propiciou a personagem Dani a websérie “Diário de uma Quarentena”. Rezende dirigiu Falabella de forma remota, para mostrar como a escritora viveria este período da pandemia do coronavírus. "Foi uma maneira de deixar o filme vivo na cabeça das pessoas e falar desse tema que estava presente na casa de todo mundo", explica a atriz.
Para Falabella, a personagem lhe trouxe coragem e inspiração. "O que eu levo dela é isso de realmente não ter medo de se sentir desadequada e, mesmo assim, ir atrás das coisas que ela luta", afirma. A atriz diz que a história irá causar identificação no público. "Neste ano, penso que quem não está ansioso está alienado, devido a tudo o que aconteceu."
A atriz afirma que ela se identificou com Dani, por já ter passado por situações de ansiedade, pelo “mal do mundo moderno”. Isso também foi um fator, diz Falabella, que tornou as gravações do filme tão divertidas e o deixou leve, mesmo que ele aborde um assunto sério. "Nós vivemos num mundo muito acelerado, onde nos cobram muito e temos que produzir o tempo inteiro, mas nós temos pouco tempo."
Uma das frases mais marcantes do longa-metragem é: "Não vou deixar quem eu sou sabotar quem eu tenho que ser". E isso resume bem a trajetória que a protagonista Dani percorre no mundo desequilibrado que nos é apresentado. A produtora Mariza Leão, diz que, talvez, o filme não tenha uma continuação, mas que quer "seguir com a Dani” e que “adoraria fazer uma série”.
Para 2021, Débora Falabella afirma que participa das gravações da segunda temporada da série “Aruanas” (Globoplay, 2019), que devem se estender até o meio do ano. Na trama, quatro integrantes da fictícia ONG Aruana —Luiza (Leandra Leal), Verônica (Taís Araújo), Natalie (Débora Falabella) e Clara (Thainá Duarte)— enfrentam uma mineradora que está poluindo um rio na Amazônia.
"Voltamos com todos os protocolos de segurança”, diz. A atriz ainda trabalha em novos projetos para sua companhia, o Grupo 3 de Teatro. "Precisamos entender como as coisas vão funcionar [por causa da pandemia]."