Celebridades

Andressa Urach quer dar chance a mulheres que sonham com a fama no Miss Bumbum

Modelo diz que não seria a mocinha se entrasse novamente em algum reality

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São Paulo

Andressa Urach, 33, está de volta ao Miss Bumbum. Dez anos após participar pela primeira vez do concurso, a modelo se tornou sócia do empresário Cacau Oliver, 42, e participa ativamente da divulgação da edição 2021 da premiação.

O concurso já tem suas 27 participantes selecionadas, uma representante de cada unidade federativa. As 15 finalistas, eleitas por meio de votação online, irão apresentar seus predicados na frente de um júri especializado em cerimônia que deve ocorrer em São Paulo no final de julho.

Urach diz acreditar que até lá, a situação da pandemia deve estar mais controlada. "Você não sabe que meu bumbum está botando o Brasil no eixo de novo?", afirma Urach, em tom de brincadeira, em entrevista ao F5. Ela se refere ao período entre 2014 e 2020, quando ela se uniu à Igreja Universal do Reino de Deus e em que seu atributo físico mais conhecido ficou recolhido.

Tanto a entrada quanto a saída da congregação se deram em momentos que Urach define como "fundo do poço". O primeiro quando ela teve uma forte reação ao hidrogel que colocou para tornear o corpo e quase morreu. O segundo, em 2020, foi quando percebeu que após doar todo o patrimônio à igreja e ficar sem dinheiro, o tratamento com ela mudou.

Na entrevista, a modelo lembra como ficou fora do pódio na primeira participação dela no concurso, em 2011, e por que ela decidiu concorrer de novo no ano seguinte. Também afirma como foi a reconciliação com Oliver, de quem passou um período afastada, e revela que iniciou o namoro com o atual marido à distância.

Urach diz que não ficou com medo de fazer novas cirurgias plásticas após o trauma e responde se ainda quer mudar alguma coisa na própria aparência. Relembra ainda a passagem dela por A Fazenda (Record) e diz que entraria novamente em um reality show de confinamento. "Não posso prometer que seria a mocinha da história", adianta.

Confira trechos editados da conversa.

Qual é a sua participação no Miss Bumbum 2021?
Sou garota-propaganda e sócia do Miss Bumbum Brasil, que completa dez anos. É o aniversário do concurso, mas quem ganhou o presente fui eu com o convite para voltar nesta nova fase da minha vida, em que estou escrevendo uma nova história. Foi o concurso que me trouxe essa visibilidade tanto no Brasil quanto no exterior. Sou grata a ele. E também entrar como sócia do concurso, dando oportunidade a outras das meninas que sonham em ser famosas ou de repente trabalhar como modelo, trabalhar na televisão… O Miss Bumbum abre essas portas, então eu fico muito feliz de poder proporcionar isso a outras mulheres.

O que lembra da sua primeira participação?
Participei do primeiro Miss Bumbum, em 2011, e não ganhei nada na época. Eu já estava participando de alguns concursos de beleza: fui Gata da Indy, bailarina do cantor Latino, legendete, fui Musa do Internacional, Musa do Brasileirão… Tudo quanto era concurso eu estava participando. Só que, na época, tinham me falado para colocar spray de cabelo no bumbum para deixar mais bonito, eu inventei de passar e o meu bumbum craquelou todinho. Parecia que eu estava cheia de estria no bumbum e nenhuma das minhas coleguinhas me avisou. De qualquer forma, faço parte do concurso desde o primeiro ano. No ano seguinte, eu fui vice-Miss Bumbum, quando fiquei mais conhecida.

Por que decidiu participar do concurso pela segunda vez?
O meu objetivo de vida era ser famosa. Eu achava que, quando fosse muito rica e muito famosa, eu seria feliz. Então eu fiz de tudo para alcançar a fama. Sabia que o Miss Bumbum ia me trazer essa visibilidade, porque é um concurso que a imprensa estava divulgando muito na época. Eu não tinha noção disso no primeiro ano, mas eu participei de novo porque eu vi a repercussão que houve. E aí o Miss Bumbum Brasil foi o que realmente me consagrou e me trouxe essa visibilidade que eu tanto sonhava.

Quando você entrou para a Universal, você e Cacau Oliver, criador do concurso, se afastaram. Por que?
Quando eu me converti, uma das exigências era eu me afastar dele porque eu tinha que me desprender do meu passado. Eu pedi perdão para ele agora. Ele é uma pessoa incrível, que me perdoou, entendeu essa fase que eu vivi, o trauma que eu vivi no hospital em 2014. Ele é o meu melhor amigo, sempre foi, mas nesse período de seis anos a gente se afastou porque eu obedeci, achei que estava agradando a Deus rompendo essa amizade. Para mim, foi um sacrifício abrir mão da amizade dele. Foi um dos maiores sacrifícios, na verdade, porque eu amo ele e sou grata a tudo que ele sempre fez por mim.

Se arrepende de ter seguido essa exigência?
No hospital, na época em que eu quase morri, ele esteve ali comigo com a minha mãe. Eu fui muito ingrata ao me afastar dele, em obedecer uma religião que me separa das pessoas que eu amo e das pessoas que me ajudaram. Graças a Deus, ele me perdoou ele. Na verdade, foi ele quem me emprestou dinheiro quando eu cheguei no fundo do poço pela segunda vez, no ano passado. Para você ter ideia do meu desespero, eu quase fiquei internada em um hospital psiquiátrico —só não fiquei por causa da Covid. Mas ali, entre setembro e novembro, eu não sei o que poderia ter acontecido comigo, com a minha saúde mental. Cacau foi a pessoa que me estendeu a mão, me emprestou dinheiro para que eu pudesse me reerguer, assim como meu marido, que ele pagou todas as contas de casa, me abraçou como marido e como pai do meu filho. Cacau e o Thiago foram as pessoas fundamentais para que eu pudesse me reerguer.

Como você conheceu o Thiago?
Nós tínhamos uma amiga em comum que disse que a gente combinava. Ele é de Lajeado, cidade que fica mais ou menos a uma hora e meia daqui, então o nosso amor começou por telefone.

Seu passado chegou a ser um empecilho para o relacionamento?
Thiago é um homem muito seguro, muito inteligente e uma pessoa que lutou muito para estar onde está. Ele é oficial de Justiça, então dedicou muito tempo da vida dele aos estudos. Ele tem 36 anos, mas é um homem muito maduro. Eu seria louca de aprontar e perder esse gato maravilhoso que Deus me deu. É tão bom encontrar uma pessoa que te ama de verdade pela pessoa que você é, que respeita o seu passado. Ele sabe que eu não sou meu passado. Ele sabe da minha história, isso não é segredo para ninguém. Acho que praticamente todo mundo já ouviu falar pelo menos uma vez de mim. E não são coisas boas, são coisas às vezes pesadas, talvez alguns homens teriam insegurança.

Como descreveria o relacionamento de vocês?
Sabe quando você está no fundo do poço e não acredita mais no amor? Não acreditava mais no amor porque passei por muitos relacionamentos abusivos. Eu já fui muito traída. Quando ele entrou na minha vida, foi primeiro como amigo. O nosso relacionamento se baseia no companheirismo, vai além da atração física. Ele sabe que eu sinto prazer de me arrumar quando ele sai para trabalhar, fico toda cheirosa, arrumadinha. Sinto prazer em esperar ele chegar depois de um dia de trabalho. Ele tem acesso às minhas redes sociais, tem as minhas senhas e eu tenho as dele. Quando iniciamos o relacionamento, deixamos tudo aberto. Não existe essa coisa de privacidade: a minha vida é dele e a vida dele é a minha. Quando existe essa confiança não existe insegurança. Eu o amo, estou muito apaixonada com certeza.

Mesmo após o incidente com o hidrogel, você fez plásticas, inclusive com o aumento das próteses de silicone. Por que tomou essa decisão?
A medicina veio para nos ajudar, e a cirurgia plástica é muito boa porque ela ajuda na nossa autoestima. O problema é a falta de equilíbrio, coisa que eu não tinha. Na época, eu coloquei produtos no meu corpo que eu nem sabia que consequências poderiam trazer. Eu nunca medi as consequências de nada. Claro que tem cirurgias que são mais perigosas. Por exemplo, hoje eu não faria uma lipo, porque ela é mais invasiva. O silicone já não é tanto. Eu troquei a prótese porque, no passado, eu tinha decidido reduzir o seio porque achava que chamava muito a atenção, eu tinha medo de desagradar Deus. Eu tinha muito medo de Deus, então fazia tudo para agradar. Só que, na verdade, Deus não queria isso de mim. Diminui os seios e eu não gostei, porque já estava acostumada com a prótese grande. Aí agora eu troquei para o tamanho que eu gosto. Meu marido gosta também, a gente conversou. Falei para ele do meu desejo, e ele me apoiou. A cirurgia é boa para ajudar quando você tem essa condição. Infelizmente, nem todas as mulheres têm essa condição, mas eu sei que, no fundo, muitas gostariam de fazer. Ajuda a olhar no espelho e a se gostar.

Ainda tem vontade de mudar algo no corpo?
Hoje, a única coisa que eu pretendo fazer é terminar a minha tatuagem das pernas, por causa das cicatrizes que eu quero terminar de cobrir. Antes eu achava que tatuagem era pecado. Hoje eu evolui muito em relação a tudo isso. A única coisa que eu precisava fazer é terminar realmente as tatuagens. De repente, futuramente, penso em colocar um preenchimento na parte superior dos lábios, porque fiz um teste na parte inferior para ver se não ia dar nenhuma rejeição por causa dos produtos antigos. Achei melhor ir colocando aos pouquinhos para ver se não dá nenhum problema. As pessoas ficam falando do meu lábio superior, que quase não tem. Mas não é algo que eu vá morrer se não fizer. Se eu fizer ok, se não fizer tudo bem. Hoje eu entendo que a idade vai chegar, agora eu posso até arrumar uma coisa aqui ou ali, mas, quando chegar o momento, você tem que se amar, se aceitar como você é. Mas se você tiver condições de a medicina te ajudar a se sentir bem com você mesmo, também perfeito.

Atualmente o BBB 21 (Globo) bate recordes de audiência. Você já disse que, na época de A Fazenda, era usuária de drogas e estava em abstinência, hoje revendo as imagens o que sente? O que diria às pessoas que acharam sua participação "lendária"?
Acho que hoje eu seria cancelada. Acredito que o reality show aflora o teu pior. Você vive lá dentro uma pressão tão grande que acabei tendo reações que nunca teria aqui fora. Eu nunca cuspi em ninguém. Nem no chão eu cuspia, sempre achei nojento. Lá dentro fiz isso umas 60 vezes. Eu fiquei desidratada de tanto cuspe. Eu estava doida e bebia muito, tanto que no outro dia eu nem me lembrava. Fui ver tudo isso aqui fora porque eu nem lembrava dessa cusparada. Quando me provocavam lá dentro, eu não podia agredir fisicamente porque seria expulsa do reality. Foi o jeito que encontrei. Aqui fora, aquela Andressa doida teria ido para porrada mesmo. Eu era assim, de brigar nas baladas, de pegar um copo e quebrar no rosto de uma pessoa numa balada e ele ser de uma facção e eu ser ameaçada de morte. No reality tinha uma multa caso agredisse alguém, então eu pensava: ‘Eu não posso pagar essa multa’. Então era minha maneira de passar a raiva. Queria expressar o meu ódio.

Voltaria a ser confinada diante das câmeras?
Se eu entrasse hoje em outro reality show, não posso prever as minhas reações. Sou uma pessoa que não consegue esconder o que é. Eu posso segurar um tempo para tentar processar aquela informação, mas vai chegar um momento em que eu vou colocar para fora. Dentro de um reality, eu nunca seria a planta, porque eu não sou planta não no meu cotidiano. Seria essa Andressa meio doidinha de sempre, só que com menos palavrão. Palavrão agora eu só falo se eu bater o pé na mesinha. Seria muito legal se eu entrasse em um reality de novo, ia ser muito bom para as pessoas verem essa nova fase da minha vida, mas eu não posso prometer que seria a mocinha da história.

Você está parecendo muito resolvida e em paz com você mesma. Isso veio da maturidade?
​Eu acho que a dor ensina a gente. Só quem chega ao fundo do poço sabe o gosto que tem. E eu cheguei lá duas vezes. Então, quando você passa por algumas coisas, eu acho que você tem que tirar o que é bom. Eu vivi de tudo, já provei de tudo... Beijei mulheres, homens, viajei para vários países... Tudo que o mundo tem eu fiz e eu vi que estar em paz com você mesmo é a melhor coisa. Eu era uma pessoa muito ansiosa. Agora estou aqui falando com você, vivendo isso e não pensando no que eu tenho para fazer daqui a pouco. Estou vivendo o agora e dando valor para esse momento. Eu aprendi o valor das coisas. Eu quase perdi minhas pernas. Hoje elas têm cicatrizes, mas eu ainda as tenho. Sou grata. Hoje tenho pessoas para me dar força, para me ajudar quando me sinto só. Quando você começa a plantar sementes boas, você vai colher algo de bom. Nesses últimos anos, eu procurei mudar as sementes.