É meio-dia. Você está fazendo compras, carregando algumas sacolas pelas ruas da cidade, olhando vitrines, com um detalhe: ao contrário dos outros pedestres, você está completamente pelada.

Não é um pesadelo nem um filme surrealista. Essa é a proposta da fotógrafa Erica Simone, que bancou a ideia de sair completamente nua pelas ruas de Nova York, entrando em restaurantes, na biblioteca e em uma galeria de arte.

O resultado é o ensaio "Nue York", que virou livro no início desse ano.

"A ideia de que nosso estado mais primário possa ser algo ilícito ou imoral é uma ironia incrível, e uma grande vergonha", diz em entrevista ao "F5". "Os tabus que a sociedade põe na nudez têm muito a ver com nossas limitações religiosas, além das inseguranças e desconfortos das pessoas com as suas aparências."

Em Nova York, a nudez é reprimida pela lei, como no Brasil. No caso de Simone, porém, as autoridades não prejudicaram seu trabalho, já que ela só se despia por alguns minutos para capturar as imagens.

Na verdade, não houve repercussão negativa, mesmo entre o público comum. "A maioria dos nova-iorquinos nem me notava", conta Simone, avaliando que Nova York é um lugar bastante diverso, onde ações artísticas desse tipo não são de todo improváveis. 

"Não sou religiosa e fico bem confortável com a minha própria pele. Para mim, ficar pelada é uma experiência libertadora, mesmo que eu sinta uma rajada de adrenalina quando vou tirar as fotos", conta a fotógrafa.

Em Paris e Los Angeles, onde Simone também morou, ela imagina que a situação seria a mesma. "São duas sociedades mente aberta e liberais", comenta, usando os mesmos adjetivos com os quais descreve sua família. Veja abaixo as fotos.