Dizem que o crime perfeito foi cometido por D.B. Cooper, o bandido misterioso que sequestrou um avião, extorquiu US$ 200 mil de resgate do governo dos EUA e, depois, pulou de paraquedas em algum lugar do Estado de Washington, desaparecendo para sempre. Outros comentam que foi o roubo de diamantes da Antuérpia de 2003, quando os ladrões conseguiram escapar com US$ 100 milhões em pedras preciosas. Outros falam que foi tudo que George Clooney fez do 11 ao 13 Homens e Um Segredo. Mas não. Assista ao maior crime de todos os tempos abaixo:

Procurado. Suspeito num #hoverboard ligado a um roubo em #Mitcham - Metropolitan Police (@metpoliceuk) - 10 de dezembro de 2015

Seu pobre cérebro mortal provavelmente não está conseguindo sacar o que aconteceu aqui, porque esse também é o crime mais original da história: um crime do futuro, um crime que veio de um buraco de minhoca de um lugar 50 ou 60 anos no futuro, de conjunto de moletom e tênis, um crime passado numa lojinha de conveniência de Mitcham, Londres, que rendeu uma caixa de 24 garrafas de energético. Um crime nunca visto antes, um crime que redefine o próprio conceito de crime.

Foi isto que aconteceu: um cara, ao qual doravante vou me referir como "O Futuro Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha", entra deslizando despreocupadamente numa loja de conveniência num hoverboard, pega uma caixa fechada de energético Lucozade e ruma, impassível, até a porta - nenhuma emoção em seu rosto. Em seguida, ele para por um segundo, olhando os dois funcionários da loja, funcionários perplexos com a velocidade de um hoverboard e com a beleza do que está acontecendo na frente deles, congelados pelo progresso da humanidade, incapazes de impedi-lo - e ele para por um segundo, desafiador, forte e silencioso; depois, dá meia-volta e desliza para fora da loja e rua acima. Não damos prêmios para crimes, mas deveríamos, pelo menos, premiar filmagens de crimes. Esse vídeo de 18 segundos das câmeras de segurança acabou de tirar o Oscar do Leonardo DiCaprio.

São tantas perguntas. A mais pertinente sendo: o nosso Futuro Primeiro-Ministro planejou a coisa toda ou cometeu o crime num impulso? Vou colocar uma teoria aqui e dizer que ele nem sabia que estava cometendo um crime até o exato momento - sete segundos depois de entrar na loja, quando ele vira para observar os dois funcionários andando rapidamente na direção dele - em que ele percebe que está segurando a caixa de energéticos. É uma indiferença, um homem tão afastado da culpa, que isso se torna uma emoção nova, cristalina e desconhecida. É aí que ele percebe que, com uma ligeira virada nos pés, ele pode fugir dos guardas sem nem suar. Quando ele percebe o verdadeiro poder, a velocidade e o silêncio do swegway.

A base da minha teoria é a seguinte: quem iria tão longe para roubar um caixa de 24 energéticos? Uma caixa de energéticos custa, acabei de pesquisar aqui, £ 18,99. Ninguém quer uma caixa de 24 energéticos. Sim, seria legal ter uma caixa de 24 energéticos - você resolve suas próximas 24 ressacas ou as próximas vezes em que for jogar futebol com os amigos -, isso é útil como uma colher grande ou um saca-rolha. No entanto, se eu fosse cometer um hovercrime numa lojinha de conveniência em Mitcham, eu levaria alguma coisa mais glamourosa (um pacote de cigarros, um litro de conhaque, fogos de artifício, a registradora), não uma caixa com 24 energéticos. Quem precisa de tanto energético assim?

Por que um homem que demonstra zero evidência de que já se mexeu alguma vez na vida - nosso F.P.M. está estático, mesmo durante a fuga - precisa de 24 garrafas de energético? Ele não precisa de energia para mexer seus membros porque o hoverboard faz todos os movimentos para ele. E esse é o segredo do Ladrão de Energético de Hoverboard: ele não planejou nada. Ele só viu uma caixa de energético, e sua memória muscular cuidou do resto.

Veja a metáfora visual aqui: aos 11 segundos, quando os dois funcionários - resplandecentes em seus moletons do uniforme - não sabem se perseguem o F.P.M. ou não, porque a velocidade do swegway é difícil de avaliar. Você tem dois funcionários, que provavelmente ganham salário mínimo, pegos no purgatório da perseguição de swegway sem saber se vale a pena sair correndo atrás dele ou não. Eles são a polícia, enquanto o Ladrão de Energético é o público que ama o swegway. Eles não sabem como lidar com essa moda dos swegway. Eles só sabem que o swegway é bom.

Acho que isso fecha o ano com chave de ouro. Foi um ano cheio de horror. Entretanto, nós desenvolvemos essa tecnologia acessível que permite pairar sobre o chão e se mover entre as multidões com a suavidade de tubarão, além de pegar uma caixa de 24 energéticos e sair de boa de uma loja de conveniência em Mitcham; então, isso só pode ser Uma Coisa Boa. É assim que a gente deve se lembrar de 2015: não as guerras, os massacres, o terror, e sim esse pioneiro que redefiniu o crime, uma caixa de energéticos de cada vez. Deus te abençoe, Ladrão de Energético de Hoverboard. Deus te abençoe e Feliz Natal.

@joelgolby

Tradução: Marina Schnoor.

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