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'Oscar' do pornô premia 'taras' e fetiche por pés com celebridades e críticas a machismo

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Entre "Picas e Picanhas", "Orgias ao Pôr do Sol" e uma "Cornolândia", celebridades (a maioria delas mais conhecida por maiores de 18 anos) circulavam, nesta terça (18) em uma casa de eventos em São Paulo, narrando experiências sexuais, citando seus fetiches preferidos e, é claro, tietando a estrela da noite, Kid Bengala.

"O mundo do pornô tem o melhor tipo de amizade, aquela que sempre termina na cama", comentou ele a uma das fãs, enquanto atendia a requisições de "selfies".

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Mesmo sem o maior astro do ramo, conhecido pelo tamanho de seu instrumento de trabalho, como concorrente, o melhor da produção pornográfica nacional foi premiado em uma festa com ares de Oscar —os convidados têm direito a tapete vermelho, vencedores fazem discursos ligeiros e, algumas vezes, militantes no palco.

"Pornô é bem mais divertido que a vida. Nele ninguém brocha", disse o ator Sérgio Loroza, ao apresentar pela segunda vez o Prêmio Sexy Hot.

Divertido e lucrativo: só o canal, o maior do país no segmento, tem uma base de quase 500 mil assinantes entre internet e TV paga, apesar da facilidade para encontrar conteúdo erótico de graça na web.


A premiação, que está na segunda edição, busca "glamourizar" o cinema pornô, quebrando preconceitos contra os profissionais da área, além de incentivar a produção nacional.

Dentre os concorrentes, astros da área, como Patricia Kimberly, Tony Tigrão, Toni Lee, Britney Bitch, Brad Montana, Angel Lima e Melissa Alecxander. O músico Tico Santa Cruz, as irmãs Ana Paula e Tati Minerato, o cantor Sylvinho Blau-Blau e os ex-BBBs Angélica Morango, Serginho Osgastic, Bianca Jahara e Clara Aguilar também apareceram.

BDSM E FETICHE POR PÉS

Grande vencedor da noite, "Taras e BDSM", com cenas de dominação no sexo, foi eleito melhor filme hétero, categoria mais importante, por um júri técnico. Levou também o troféu de melhor cena de dupla penetração.

"Fiz o filme inteiro visando esse prêmio. Demorei o triplo do tempo em relação às produções convencionais", contou o diretor, Eduardo Azevedo. Para ele, a escolha de um elenco talentoso, boa cenografia e acessórios fazem um pornô se destacar em meio a tantos produtos parecidos.

Um dos pontos altos da noite foi a premiação do que é, reconhecidamente, um dos maiores méritos dessa indústria: a originalidade na hora de dar nomes aos filmes.

Passando por cima dos adversários "Borboneca Tarada" e "A Bunda Manda e o Bundão Obedece" (complexo, não?), "A Culpa É das B*", uma brincadeira safada com o filme teen "A Culpa É das Estrelas", levou a estatueta de melhor título.

"Por que estamos aqui hoje? A culpa é delas", brincou o diretor Brad Momtana.

Foram vencedores ainda "Gatos e Gatas 2", melhor filme LGBT, "Garotas da Van em Prince, o Gostosão", com a melhor cena de orgia, e "Pés do Prazer", com a melhor sequência de fetiche.

"Primeiramente gostaria de agradecer aos meus pézinhos. Por causa deles cheguei até aqui", disse no palco Patty, que fez de seus pés protagonistas.

MULHERES NA CAMA... SÓ NA CAMA

Para Azevedo, que levou o troféu mais concorrido do dia, a produção cinematográfica brasileira tem uma vantagem em relação a outros países: as personagens femininas.

"É o jeito da mulher brasileira, que tem uma ginga, um rebolado. Não é uma questão de beleza estética, mas no quesito sensualidade ela dá um show. Isso faz a diferença", explica.

Enquanto dão lucro em frente às câmeras, porém, atrás delas as mulheres quase não são vistas. A ausência feminina na produção e direção dos filmes gera críticas e reflete no conteúdo dos filmes, a grande maioria deles voltada aos homens.

"Um bando de mulher com atitude precisa se juntar e fazer um filme, ver o que acontece", sugere a ex-BBB Clara Aguilar, que ao entrar na 14ª edição do reality chamou a atenção por trabalhar com striptease na internet.

"É difícil. A gente tenta pescar algum filme com um pouco mais de enredo ou mais delicado para fazer uma sessão feminina na grade de programação. Por outro lado, se estão produzindo pouco, é porque não há consumo para isso", diz Mauricio Paletta, diretor do Sexy Hot.

Ao subir no palco para receber o prêmio de melhor atriz hétero, Angel Lima reclamou, em seu discurso, do preconceito sofrido pelas mulheres na indústria. Para driblar os julgamentos, diz: "É preciso ter uma cabeça boa, saber que eu não sou aquela que está ali atuando. É um trabalho como qualquer outro."

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