Fabricante de 'boneco-esponja' de cabelo afro, do 'BBB16', rejeita acusação de racismo
A fabricante do "boneco-esponja" de cabelo afro que vem causando polêmica nas redes sociais após ser exibido na cozinha da casa da nova edição do Big Brother Brasil rejeitou acusações de racismo e afirmou que não vai deixar de vender o objeto.
Denominado "King of Disco", o acessório possui o formato de um dançarino de discoteca dos anos 70 cujo "black power" desempenha as funções de uma esponja.
O objeto, que pode ser encontrado à venda na internet por cerca de US$ 6 (R$ 33), também está disponível em outras versões, como uma cantora diva (também negra), um punk e até mesmo a rainha Elizabeth 2ª.
"Não temos planos para retirá-lo de nossa gama de produtos", afirmou à BBC Brasil por e-mail a britânica Paladone, que fabrica o acessório. A empresa afirmou desconhecer a polêmica envolvendo o BBB.
"No passado, explicamos e defendemos nossa gama de esponjas temáticas. Mas essa defesa não seria necessária já que a maioria dos usuários discordou enfaticamente que o produto era racista", disse a empresa.
"Por fim, em 2013, disponibilizamos um nova esponja em nossa gama de produtos que chamamos de 'Queen Eliz-a-brush'. Enquanto alguns monarquistas mais conservadores consideraram o acessório uma traição, acreditamos que a maioria das pessoas o viu como apenas uma rainha com uma esponja na cabeça", acrescentou.
O utensílio foi exibido pela primeira vez durante o programa da Globo "Mais Você" na última terça-feira, horas antes da estreia do Big Brother Brasil 16, e imediatamente chamou atenção de telespectadores. Nas redes sociais, eles criticaram a escolha do item pela emissora, acusando-a de ser "racista" e de estigmatizar os negros.
No dia seguinte, um dos participantes do reality show, o estudante de filosofia Ronan, que é negro, questionou ao flagrar a esponja pela primeira vez: "Por que tem que ser um negro? Isso aqui não vai ser usado pra lavar nada".
Em seguida, usou o objeto, que batizou de Will, como microfone para perguntar se os outros participantes concordavam ou não em usá-lo como esponja. Eles decidiram colocá-lo como enfeite de mesa.
Polêmica antiga
Não é a primeira vez que a esponja desperta polêmica. Logo após ser lançado, em 2011, no Reino Unido, o acessório ganhou visibilidade ao ter sido tema de uma reportagem do jornal britânico "Daily Mail".
Na ocasião, ativistas do movimento negro criticaram o objeto, acusando-o de reforçar estereótipos negativos.
Em comunicado divulgado à época, a Paladone criticou a reportagem e rejeitou acusações de racismo.
"O fato de o artigo publicado na versão eletrônica do 'Daily Mail' ter se focado puramente nos dois personagens negros em nossa linha de produtos e tê-los tirado de contexto sugere que foi escrito para provocar uma divisão entre os leitores. As esponjas Disco e Diva parecem ter o apoio esmagador do público, ante os numerosos comentários positivos postados no pé da matéria".
A empresa lembrou ainda que, em 2011, a revista "Pride", direcionada a mulheres negras, elogiou o produto, incluindo-o em sua lista de melhores compras daquele ano, com a seguinte pergunta. "Você vai amar a esponja Diva; quem poderia imaginar que um negro poderia ser tão versátil?".
Contatada pela BBC Brasil, a Rede Globo afirmou que não vai tirar a esponja da casa.
"A esponja citada, representando um dançarino disco dos anos 1970, faz parte de uma coleção que retrata ícones de gerações e culturas diversas, como uma moça descolada dos anos 1960, um soldado da guarda inglesa e até a própria rainha Elizabeth. Os outros modelos serão colocados na casa aos poucos, ao longo da temporada do programa".
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