Quando as chamadas de "A Regra do Jogo" começaram a ser veiculadas, chamou a atenção o destaque dado ao fato de a nova novela das 21h ser escrita por João Emanuel Carneiro, mesmo autor de "Avenida Brasil" (2012).

A lembrança se faz útil no contexto em que a trama foi lançada, com a tarefa dupla de repetir o sucesso de "Avenida Brasil", último grande expoente do horário nobre, e de recuperar a audiência dispersada por "Babilônia", atual folhetim da faixa.

Para o autor, porém, a maior responsabilidade está em fazer uma história que atinja 40 milhões de telespectadores.

"Eu estou tranquilo com isso, tento fazer o melhor possível, só isso que tem que fazer. Mais do que isso, não tem o que fazer", disse, em entrevista ao "F5".

Diante dos problemas enfrentados por "Babilônia" por causa da insatisfação principalmente de grupos religiosos, que acabaram gerando reformulações no enredo, Carneiro avisa que não irá alterar o curso de sua novela por pressões ou comentários surgidos na internet.

"A novela é um jogo com o público, mas de outra maneira. Tenho que saber vender, contar a história, não ficar alterando segundo opiniões de internet."

O autor vem trabalhando há dois anos no texto de "A Regra do Jogo", o último deles dedicado a escrever a sinopse e os capítulos.

Assim como "A Favorita" (2008), que mexia com as noções tradicionais de mocinha e vilã ao manter o público em suspense sobre a identidade da malvada da história, "A Regra do Jogo" terá como mote o bem e o mal, mas vai abordar a forma ambígua como essas duas características coexistem em uma mesma pessoa.

"A novela é sobre o quanto você condena ou absolve alguém, segundo seu próprio critério. Qual o limite que passa para se condenar essa pessoa. Como eu tolero ou condeno a atitude das pessoas. Esse limite brasileiro é muito tênue, bem variado. É muito brasileira essa situação dessa moral cambiante."

SEM MERCHANDISING SOCIAL

Contrariando a tendência de outros autores, Carneiro prefere não fazer merchandising social em "A Regra do Jogo".

A trama que mais se aproxima desse perfil é a de Nelita (Bárbara Paz), que sofre com transtorno bipolar e com o alcoolismo, mas o autor explica que a personagem não tem como finalidade fazer uma campanha social sobre o tema.

"Não escolhi como tema de merchandising social para esse fim. Pode até ser que sirva esse tema, mas eu jamais penso em temas de análise social antes de fazer novela. Minhas histórias não são uma encomenda", afirmou.