Regina Duarte fica incomodada com perguntas sobre sexualidade de personagem em 'Sete Vidas'
Em "Sete Vidas", novela de Lícia Manzo que substituirá "Boogie Oogie" na faixa das 18h da Globo, Regina Duarte, 68, vai interpretar a primeira personagem homossexual de sua carreira televisiva.
Na novela, a educadora Esther é viúva de Vivien e mãe dos gêmeos Luís (Thiago Rodrigues) e Laila (Maria Eduarda), os quais concebeu através de um doador anônimo, Miguel (Domingos Montagner).
Durante o lançamento da novela para a imprensa, a atriz disse que acha importante discutir o tema e contou que ficou impressionada com o espanto das pessoas por ela estar interpretando uma mulher homossexual. Em alguns momentos, a atriz mostrou-se incomodada com o foco das perguntas dos jornalistas na questão da sexualidade da personagem, em detrimento de suas outras características.
"Ninguém apresenta um amigo colocando a opção ou a atitude homossexual dele na frente de outras qualidades e atributos e é isso que me impressiona muito nesse momento em relação à postura da imprensa com relação ao meu personagem. É uma mulher solar, livre, uma geração 'Malu Mulher', que lutou para derrubar preconceitos", disse.
A trama de Esther lembra a história que será vivida pelas personagens de Fernanda Montenegro e Nathália Thimberg em "Babilônia", próxima novela das 21h da Globo. Perguntada sobre o fato de as duas tramas terem casais lésbicos interpretados por atrizes veteranas e estarem ao mesmo tempo no ar, Regina Duarte afirmou que é apenas uma coincidência.
"Isso é um tema que já foi tabu por muitos anos, assim como foi a mulher que trabalha fora, a pílula anticoncepcional. Tem um momento em que existe uma necessidade de se retratar esses temas na dramaturgia. É uma reflexão importante", avaliou.
A diferença entre os casais de "Sete Vidas" e "Babilônia" é que, na primeira, o relacionamento não será mostrado em cena, pois a companheira de Esther, Vivien, já é falecida. Regina disse não saber se a personagem teria abertura para um novo amor, mas torce para que esse sentimento prevaleça.
"Não quero viver uma mulher fechada para o amor. Mas, se for para viver isso, por que não? Tem muitas mulheres hoje em dia que estão fechadas para o amor, traumatizadas", afirmou.
A autora da novela, Lícia Manzo, também falou sobre o assunto durante o evento. "Acho que as pessoas ainda discutem de uma forma antiga, tacanha. Eu ainda tenho que responder a mil perguntas [sobre] se a personagem da Regina é homossexual. É uma das características dela, ela é uma educadora, uma mãe sensacional. Eu não defino meu amigo homossexual, é meu amigo querido", afirmou.
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