Televisão

'Se ofender com uma piada é um direito de todos', diz Roberto Justus sobre atentado ao 'Charlie Hebdo'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Em visita à Folha para gravar uma reportagem para seu talk-show, Roberto Justus parou para conversar com o F5 sobre o futuro programa que será exibido no "Roberto Justus +" (Record), que vai debater a liberdade de expressão.

O tema terá como gancho o atentado terrorista contra o jornal "Charlie Hebdo", ocorrido em Paris no dia 7 de janeiro.

"É uma forma dramática de chamar atenção para esse tema", conta o apresentador. "Mas vamos abordar a liberdade de expressão em todos os sentidos, desde uma autobiografia vetada, até o caso do 'Charlie'", adianta.

O programa, que deve ir ao ar no próximo domingo (8), trará um debate com convidados —ainda não revelados pela produção— e uma entrevista com a Ombudsman da Folha, Vera Guimarães Martins. Justus adianta que, entre os convidados, devem estar um cartunista e um jornalista.

'SEM CABIMENTO'

Para o apresentador, o atentado foi "inaceitável". "Os sujeitos foram mortos porque se expressaram, e a liberdade de expressão é a essência do jornalismo. Fiquei absolutamente chocado. Não tem cabimento você pagar com a vida por estar se expressando na sua arte", critica.

Ele acredita que um protesto, por exemplo, seria uma maneira mais justa e eficiente de expressar a indignação com a charge.


"Todo cidadão tem o direito de se sentir ofendido e chateado. Pode expressar isso, pode até protestar sobre isso. É um direito democrático o cidadão ir à porta do 'Charlie Hebdo' e dizer: 'não gostei, vocês estão retratando o nosso profeta'. Agora, atitudes extremistas, com armas, violência física, isso é totalmente inaceitável".

"Não gostar de uma piada é um direito que todos têm, assim como temos direito de nos expressar através da arte", acrescenta. "O direito de ficar ofendido existe. O que não existe é o direito de matar por causa disso".

Para ele, o atentado ainda foi um "tiro no pé", uma vez que deu repercussão ao jornal e estereotipou os islâmicos.

"O jornal que vendia 50 mil exemplares, de repente está vendendo 50 milhões [exageros à parte, a tiragem do jornal aumentou para 7 milhões de exemplares ]. Todos os jornais do mundo que nunca deram charges desse tipo acabaram repercutindo a charge. Muita gente nunca tinha ouvido falar do 'Charlie Hebdo'. E gerou uma ira contra a religião, o que também é ruim porque na sua maioria eles pregam o bem. São gente do bem", defendeu.

NOVO DIA

Após três anos ocupando as noites de segunda-feira da Record, o "Roberto Justus +" foi realocado para os domingos. O apresentador se diz satisfeito com a mudança e com o formato de seu talk-show, que destoa dos concorrentes.

"Fomos muito bem nos primeiros domingos e acho que tem tudo a ver encerrar a semana com meu programa. Tem sempre um assunto interessante, uma celebridade, uma polêmica", comenta.

Na maré contrária dos programas similares, Justus recebe todos os convidados da noite de uma só vez no palco, para debaterem um mesmo tema. A estrela, diz ele, é o tema, e não o convidado, nem o apresentador.

"Os talk-shows de fim de noite que a gente conhece são na maioria conduzidos por humoristas, o que não é o meu caso. E também são restritos ao estúdio. No meu, eu tenho uma dinâmica, saio do estúdio, fazemos matérias", conta.

APRENDIZ CELEBRIDADES 2

Justus terá seu contrato com a Record vencido em agosto. Até lá, ele ainda não sabe o que vai acontecer, mas afirma que a emissora tem planos de colocar no ar ainda em 2015 uma segunda edição do "Aprendiz Celebridades".

"Foi divertidíssimo. Mudamos o formato, ficou mais dinâmico. Espero que seja no mínimo tão bom quanto o primeiro", aposta.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias