Sucesso no SporTV, programa esportivo 'Extra Ordinários' continua após a Copa
De mesas redondas, em época de Copa, a TV está cheia. Mas como esta talvez você nunca tenha visto antes.
"Extra Ordinários" reúne cinco apresentadores que debatem, sem filtros ou roteiro, temas ligados ao Mundial, diz o diretor do SporTV, Raul Costa Júnior, que criou o programa e resolveu mantê-lo na grade do canal após o evento, aos domingos.
O resultado de tanta liberdade é uma grande confusão: o jornalista e colunista da Folha Xico Sá, o músico Paulo Miklos, a atriz Maitê Proença e o escritor Eduardo Bueno, além de um comediante do "Casseta e Planeta" a cada programa, comumente falam ao mesmo tempo, deixando o telespectador sem entender nada. Todos dizem ter noção de que a bagunça impera.
A espontaneidade sem limites já causou algumas saias justas. A maior delas até agora foi o comentário de Bueno sobre a região Nordeste. Ao falar sobre a seleção da Holanda, lembrou o período em que o explorador Maurício de Nassau esteve em Pernambuco e se referiu à região como "a bosta do Nordeste". O termo gerou revolta na internet e levou o escritor a "resolver o problema" com um "chilique" friamente planejado.
"Ninguém sabia o que eu ia fazer. Eu me comportei de maneira mais normal e pedi os últimos três minutos do programa. Falei que o Nordeste é uma bosta porque o Nordeste é uma bosta. Não por culpa do povo do Nordeste, mas por uma situação história e econômica", afirma.
No dia seguinte, foi posto na geladeira: passou um bloco do programa dentro de um eletrodoméstico de chroma-key fazendo piadas sobre o ocorrido. Ele diz não se arrepender de nada.
Polêmicas como essa parecem não abalar o programa, que lidera entre os esportivos desde a estreia no dia 10 e já teve sua audiência aumentada em 70%, segundo dados fornecidos pelo canal pago. O Ibope, no entanto, não confirma as informações.
Para não se arrepender do que fala, Xico Sá tem um método: "Penso na minha mãe, uma senhora católica que mora em Juazeiro do Norte (CE)", diz. Segundo ele, por não seguir roteiro, o programa é "uma mesa redonda selvagem" de risco infinito.
Paulo Miklos diz que nunca se arrependeu de algo que tenha falado. "Rola mais uma coisa 'por que ele está falando isso?'. É um papo aberto, franco, e a gente chuta de primeira. Muitas vezes, nos surpreendemos com o companheiro de programa", afirma.
Participante eventual do "Extra Ordinários", o humorista Claudio Manoel diz que a "dificuldade" é conseguir se policiar para não monopolizar e deixar que os outros também falem.
Já Maitê Proença, a única "novata" entre torcedores e aficionados, conta que achava que seu problema seria assistir aos jogos. "Pensei que fosse ser uma tortura ter que me ligar nisso. Agora, veja só, fiquei compulsiva", diz.
Sobre o futuro da mesa redonda, no entanto, ela hesita: "Vai ficar mais difícil acompanhar o esporte porque esta Copa, até agora, está superempolgante. Não sei como será passar disso para os campeonatos internos".
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