"O público perdoou Félix e isso para mim foi uma surpresa, o vilão ser tão amado", diz Walcyr Carrasco
Após mais de um ano de trabalho, Walcyr Carrasco verá no ar, nesta sexta-feira (31), o último capítulo de sua novela "Amor à Vida" (Globo).
O episódio marcará a conclusão de uma jornada intensa. Foram mais de 200 capítulos, milhares de páginas de roteiro, escritas para uma centena de personagens.
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"Toda novela que eu escrevo é um conjunto de possibilidades. Eu sou um autor muito aberto ao que minha sensibilidade pede durante uma história. Portanto, mudanças de percurso são normais", afirma Carrasco, em entrevista ao "F5".
Nesse conjunto de possibilidades, ele inclui, surpreso, o carinho e aceitação do público ao vilão gay Félix, interpretado por Mateus Solano.
De malvado atirador de criancinha em caçamba de lixo, o personagem virou super-herói, salvou o pai (Antonio Fagundes) do jugo da mulher, a malvada Aline (Vanessa Giácomo), se redimiu das armações contra a irmã, Paloma (Paolla Oliveira) e ganhou um par romântico, Niko (Thiago Fragoso).
"Eu tenho uma personalidade diferenciada, procuro não ter expectativas quase em relação a nada na vida, mas aceitar o que vem. Mas de fato, o público perdoou Félix e isso para mim foi uma surpresa, o vilão ser tão amado", conta o autor.
RESPONSABILIDADE
"Amor à Vida" é a primeira obra própria de Walcyr Carrasco para o horário das 21h, considerado o mais nobre da TV brasileira. Em 2002, assumiu o texto de "Esperança", devido a problemas de saúde de Benedito Ruy Barbosa.
O escritor reconhece à reportagem que esteve no olho do furacão de comentários sobre seu folhetim.
"Sim, eu percebi que a gente se torna mais alvo. Mas quem escreve, livros, teatro, televisao e crônicas como eu está acostumado a ser alvo de críticas, positivas ou negativas. Eu só fiquei chateado quando percebi que os ataques eram pessoais, obsessivos e destrutivos, inclusive contendo erros de informação. Mas deixa pra lá."
A novela sai de cena com audiência em alta. Bateu seu recorde na última segunda-feira (27), com 48 pontos —cada ponto equivale a 65 mil domicílios na Grande São Paulo. Para efeito de comparação, o recorde da antecessora no horário, "Salve Jorge", foi 46 pontos.
"Há um equilíbrio constante com o qual é preciso trabalhar. É saber que a novela tem que estar bem com a audiência, mas não olhar para isso, e sim para o interior de si mesmo, despertar suas forças criativas. Uma novela não pode se tornar um projeto de marketing com foco na audiência, mas deve ser acima de tudo um produto criativo", afirma.
POLÊMICAS
Sucesso em sua exibição na TV, o folhetim despertou nos bastidores subtramas dignas de novela.
A atriz Marina Ruy Barbosa teria se recusado a raspar sua cabeleira ruiva e foi transformada em fantasma.
Atores como Marcello Antony e Ricardo Tozzi afirmaram em entrevistas não entenderem os rumos de seus personagens, Eron e Thales, respectivamente.
Vanessa Giácomo teria se incomodado com o excesso de cenas sensuais e seminuas de Aline.
Questionado sobre essas polêmicas, Carrasco prefere não alimentá-las.
"Posso dizer que o que tiver acontecido é passado. Já aconteceu, já foi e pra que parar para pensar nisso se temos tantas coisas boas?"
Agora, o autor, que chegou a ter três novelas exibidas ao mesmo tempo na Globo, vai se tornar telespectador do "Vale a Pena Ver de Novo". "Agora vou me divertir com 'Caras & Bocas'".
Pelo menos, enquanto não estrear seu próximo trabalho na emissora, que deverá ser uma trama de época para o horário das 18h.
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