Em feira evangélica, negócios vão de capa para Bíblia a consórcio de igreja
"Não é pecado, não", diz José Luiz Batres, gerente-geral da Nova Vida, grife que vende capas customizadas para a Bíblia. Seu alvo é o público feminino: por R$ 34,99, a consumidora pode adquirir um modelo de couro sintético com estampa de zebrinha e suporte para celular.
Batres é um dos empreendedores de olho no próspero nicho religioso. "Também percebemos o que a modernidade chama-se mundo secular, né? pode trazer ao mundo evangélico."
Na 10ª Expo Cristã, é lucro o que a modernidade traz. Montada no Pavilhão do Anhembi, a feira de negócios voltada a evangélicos reúne mais de 500 expositores.
A expectativa da organização é movimentar R$ 1 bilhão em novos negócios (direta e indiretamente) até amanhã, último dia do evento, que estima público de 163 mil.
O leque de produtos é amplo. Em meia hora de caminhada, a repórter da Folha recebeu panfletos sobre cadeiras para bufê, poltronas "confortex", consórcio para igrejas (créditos de até R$ 300 mil), pacotes turísticos (de Aruba a Israel), stand-up comedy cristão, o parque de diversão Beto Carrero, filmes, gravadoras e as mais diferentes versões da Bíblia.
Para Eduardo Berzin Filho, presidente da Expo Cristã, o mercado começa a acordar para o poder de compra dos evangélicos.
Ele destaca pesquisa da organização Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes) que calcula o surgimento de 10 mil novos pontos de pregação por ano.
"Com que dinheiro essas igrejas vão ser construídas? Oferta!", afirma. Ele complementa, em seguida, que o lucro deve "ser revertido para obras de Deus".
Música e mercado editorial são "os que mais dão dinheiro", avalia Benzin Filho.
Para o pastor Jabes de Alencar, da Assembleia de Deus, "só uma pessoa ignorante" acha que "fé e lucro não podem caminhar do mesmo lado". "A pessoa está dizendo que quem tem fé é alienígena. Mas são pessoas que comem, vão ao banheiro, ao restaurante, vestem, consomem."
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